O ÓPIO DO POVO
"A religião é o ópio do povo"
Quem nunca ouviu esta afirmação do filósofo alemão Karl Marx! Tornou-se uma afirmação ícone que atravessou gerações e que é utilizada completamente fora do contexto. Normalmente para denegrir a religião e aqueles que a seguem.
Porém, contudo, repare-se em tal afirmação no contexto em que foi proferida. Escreveu assim o filósofo: "A religião é o ar de uma criatura oprimida, o coração de um mundo sem coração e também a alma de uma situação sem alma. Assim como é o espírito de uma ordem sem alma, a religião é o ópio para as pessoas!"
Ora, numa época em que se desconhecia quão nefasto o seu uso poderia ser e era usado para fins terapêuticos de alívio da dor, a afirmação de Marx só poderá ser entendida, fazendo-se uma analogia com o benefício que o ópio proporcionava a quem padecia de dor física.
Contextualizado, temos então que é precisamente diversa a interpretação de desprezo e menoridade para a religião que podemos observar de tal afirmação. Cria então, Marx que, tal como o ópio, a religião era um porto de abrigo para quem sofresse ou padecesse de problemas depressivos e de dúvidas existenciais, tal como o ópio era um alívio para quem sofresse problemas físicos que originassem dor.
Pessoalmente, sendo crítico para com as religiões, não me sentindo vocacionado para ser arrebanhado, devo confessar (palavra assaz religiosa), entrando num templo de pregação, sentir um sentimento propício a uma introspecção tal o silêncio e penumbra do espaço em redor.
João Andarilho