Lisboa, Setúbal, Leixões
Qual a ligação. Uma também: ESTIVADORES/SINDICALISMO.
"Queremos mais pessoas a trabalhar connosco, mas queremos que tenham os mesmos direitos"
Durante dois anos os estivadores de Lisboa estiveram em greve, não para eles próprios ou por eles, mas para os outros e pelos outros. "Não exigiram nada para si, mas para os outros o mínimo do aceitável. Quem quer que trabalhasse no Porto de Lisboa tinha de trabalhar como os mesmos direitos dos que já lá estavam. Perceberam a tempo que a precariedade dos mais novos seria uma pressão a curto prazo sobre eles próprios." Era este o lema destes homens, o verdadeiro espírito do sindicalista, da classe. Sem dúvida que este sentimento terá de ser o ADN de qualquer movimento sindical. Ou se ganham e exigem direitos ou o sindicato não serve para nada.
As provas a que foram sujeitos os estivadores durante este período de greve foram duríssimas e vergonhosas, sofreram pressões de todo o tipo desde gente responsável neste país à boleia de uma comunicação social amancebada e castrada (lembro-me perfeitamente de comentários raivosos, espumosos de comentadeiros ligados ao regime, nomeadamente o omnipresente Sousa Tavares).
Em resposta, os trabalhadores responderam magistralmente. "Trabalhamos, mas assim que entrar por esta porta um trabalhador precário paramos, de tal forma que durante os meses que estiveram em greve, só pararam um dia!"
Em conclusão e em resultado de uma união como se não via há quarenta anos desta "democracia", os estivadores do porto de Lisboa venceram. Venceram em quê? Em dignidade e na obtenção de direitos e garantias! "Em 4 de Fevereiro de 2014 chegou a novidade de, depois de anos de derrotas em dezenas de sectores, uma greve terminava com os estivadores a ganharem mais do que quando ele começou. O sindicato dos estivadores saiu desta guerra com os dois braços e uma camisola nova. 47 trabalhadores despedidos foram reintegrados, alguns em melhores condições do que estavam antes (eram precários há 6 anos e passaram a um contrato sem termo) e abriu-se espaço à formação qualificada de 20 novos trabalhadores."
O objectivo da entidade patronal e do Estado era o "desmantelamento de um quadro estável de trabalhadores" e a união conseguiu reverter essa fatalidade e garantir melhores direitos. Têm sido estas lutas na estiva casos raros de vitórias e conquistas de direitos num quadro de crise do sindicalismo em Portugal e na Europa, como mais uma vez se verificou no caso recente da estiva em Setúbal.
A União faz a Força e só assim reconquistamos o que nos tem sido roubado desde a revolução do 25 de Abril, entre eles o Direito ao Trabalho e o direito a um salário compatível.
UNIDOS SEMPRE VENCEREMOS!
Fonte Raquel Varela em "Para onde vai Portugal"
João Metalúrgico
Sem comentários:
Enviar um comentário