A letra da canção dos Delfins sugere e glorifica o que descreveria como o retrato actual da nossa juventude. Uma juventude sem valores, sem partido, inumana "vivem como animais, não falam e não andam como pessoas socializadas".
"É uma geração que por não pertencer a um partido, a uma história ou uma tradição - por estar desorganizada - pertence como nunca ao patrão e depende como nunca da família..."
Tudo isto é o resultado de uma política que vem sendo seguida desde os anos oitenta, de destruição do estado social conquistado com a revolução do 25 de Abril de 1974. Vivia-se até então e desde a revolução, " com salários decentes, emprego protegido e Estado Social forte - chegámos a ter o 14º melhor Serviço Nacional de Saúde do mundo, construído em tempo recorde e a custos baixíssimos, graças a uma economia fortemente nacionalizada e planeada". Eram direitos adquiridos e conquistados, base do desenvolvimento do país. Bons salários significavam "mais descontos em impostos e contribuições para o Estado Social e a Segurança Social, aumento do consumo interno, melhoria dos padrões de saúde e de vida das populações; empresas capitalizadas com dinheiros públicos durante décadas, que permitiram construir, por exemplo, uma rede nacional de comunicações, de energia, de transportes. Note-se que assim que esta rede começou a estar mais estruturada e pronta a dar lucro (Portugal Telecom, CTT, GALP, transportes) foi privatizada..."
Na verdade, hoje em dia, quem sustenta a juventude deste país são os pais que se reformaram com as pré-reformas impostas pela então CEE, pais esses que detinham bons salários. Esses bons salários eram inaceitáveis para a política capitalista que começava a governar este país através das imposições da CEE/UE e daí a necessidade de reformar antecipadamente a massa trabalhadora impondo, a partir daí, uma política de baixos salários, acentuada a partir de 2011. É um modelo de retrocesso económico-social, da destruição da riqueza.
Fonte Raquel Varela - Para Onde Vai Portugal -
João Andarilho
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