UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA
« Roger Casement, na luta contra o trabalho forçado, denuncia soldados ao serviço do rei belga, no Congo em finais do século XIX, que tinham torturado e espancado um homem e, dirigindo-se a um deles diz-lhe: " se este rapaz morrer por culpa das chicotadas, carregará um crime na sua consciência". O soldado da força pública responde-lhe: " - quando vim para o Congo tomei a precaução de deixar a minha consciência no meu país - disse o oficial."»
Mario Vargas Llosa, O Sonho do Celta
Quantas vezes terá o leitor interrogado a sua consciência de soldado durante a sua missão neste planeta?
É duro apercebermo-nos de quão difícil é viver nesta sociedade de poucos valores, superficial e material, muito pouco dada ao cuidado espiritual.
A consciência, a razão de se ser humano, a percepção do nosso EU, dilui-se na azáfama do dia-a-dia, no nosso egocentrismo, no nosso individualismo e na pouca solidariedade com o próximo.
Acabamos por naufragar no nosso vómito.
Acho importante, como ser pensante e dotado de razão, crer, na necessidade de o homem parar um pouco e realizar uma auto-reflexão.
Por comodismo somos muitas vezes escravos de nós próprios e das nossas sombras. Não vemos ou não queremos ver para além delas e isso torna-nos inumanos. No final, quando a vida passou, tomaremos então consciência de que passámos ao lado. Será, então tarde de mais.
João Platão
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