segunda-feira, 30 de dezembro de 2019




PENICHE, TERRA DE GENTE BRAVA


Tal como outras terras do nosso litoral, Peniche é feita de gente brava temperada pelo sal do mar e queimada pelo sol desde o seu nascer até ao seu pôr. A necessidade e a oportunidade proporcionadas pelo mar fizeram deste povo gente de mar, enfrentando e desafiando os perigos que representa, mas absolutamente conscientes dessa irreversibilidade. 
Desde o tempo dos romanos que os povos que aqui habitavam pescavam e armavam as suas redes, com os pesos de rede fabricados em cerâmica ou ossos de baleia, de que é exemplo as amostras depositadas na Igreja de São Leonardo na vila medieval da Atouguia da Baleia, comprovando o longo historial da faina piscatória neste mar.
A pesca é, assim, desde sempre, a actividade principal do concelho e com ela, o dealbar do século XX deu origem a actividades paralelas, tais como a congelação, a produção de farinhas animais ou a produção de conservas, esta com especial significado económico na região com o advento de cerca de duas dezenas de fábricas especializadas na transformação e conservação da sardinha.
Tudo isto potenciou a criação de uma forte indústria de construção naval, assente em estaleiros localizados no exterior das muralhas da cidade.
Das minhas visitas a Peniche fico especialmente fascinado pela tradição da salga e secagem do peixe ao sol. Salgados e secos naturalmente, em estendais, assim conservam todas as propriedades do peixe fresco. Constituíam uma reserva alimentar e, na falta de refrigeração, uma maneira de conservar o alimento e comercialização para outras regiões.

Foto do autor 

Para documentar esta típica actividade, fui encontrar o Ti Pescador (assim o baptizei), junto ao Forte de Peniche, em plena actividade. Ti Pescador, velho pescador desde que nasceu, reformado da pesca há 24 anos, bravo do mar, bravo da terra, herói do mar, penicheiro nobre povo.

João Andarilho

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019




A INSUSTENTÁVEL DUREZA DA QUEDA

Hoje, por duas vezes, dei um tropeção quando subia um lancil de escadas algures em estações do metro. Claro que não foi agradável a situação, que se tornou cómica para uns e incómoda para mim que não me livrei de uns maldosos sorrisos e pindéricas gargalhadas.
Porém, cheguei à conclusão que o culpado dos incidentes era mesmo eu, que não atentei e até exerci algum desdém pela mãe natureza, ou melhor, pela natureza do campo gravitacional do nosso planeta que atrai para o seu núcleo, tudo o que se atreva a entrar na sua zona de influência.
É que tudo cai para baixo neste planeta. A única excepção será o pensamento que contraria o fado de tudo o que é matéria. Mesmo assim e metafisicando, tenho dúvidas se, durante o microsegundo em que pensava na humilhante situação da minha imponderável e insustentável dureza da queda, o pensamento não me terá acompanhado até ao chão.
Por outro lado e cingindo-me à física e à realidade a que não podemos escapar (e bem), o que seria da Terra se, de repente, acontecesse algo estranho como, por exemplo, deixar de haver acção gravitacional sobre a matéria?
Já imaginaram? Simplesmente a vida tal como a conhecemos desapareceria flutuando pelos confins do espaço sideral. A mãe terra abandonava-nos a nós seres vivos, ao que é matéria nos estados líquido ou sólido, tudo flutuaria a caminho do além. Nada escaparia e literalmente se poderia dizer  com propriedade "que era o fim do mundo".

Quem primeiro descreveu o fenómeno gravitacional, foi um cidadão inglês nascido numa pequena localidade, de seu nome Isaac Newton, na sua "Lei da Gravitação Universal", que enunciava:
Dois corpos se atraem por meio de forças e sua intensidade é proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância que as separa.



Posso garantir que o enunciado está correcto...

João Aquele Que é Matéria

  SÃO JOÃO   "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...