QUARENTA E SEIS ANOS
... depois do 25 da Abril de 1974, em jeito de um breve balanço, posso dizer que se vive incomparavelmente melhor a todos os níveis. A democracia com períodos menos democratas e outros períodos de melhor aproximação, permitiu uma melhoria das condições de vidas dos povos das nossas terras ainda que gritantes fragilidades continuem a existir, assimetrias abissais entre regiões e assimetrias correspondentes no nível de desenvolvimento que não podem ser admissíveis num regime democrático. A corrupção e o compadrio estão bastante desenvolvidos, os grandes grupos económicos estão cada vez mais poderosos e comandam os governos. O capital e a burguesia são a origem dos atrasos e da pauperização dos rendimentos da população. A ganância atingiu níveis nunca antes alcançados, o garrote aperta à volta dos mais desfavorecidos. A classe média sofre as consequências desta economia de mercado ultra-liberal, capitalista. Quem mais sofre são os mais desprotegidos com a saga das privatizações de tudo o que era do Estado e dava lucro, com a privatização dos sectores estratégicos da Nação como os aeroportos, as comunicações, a água e electricidade e o os correios, os transportes e a companhia de aviação de bandeira. O país foi vendido ao capital estrangeiro o país está de cócoras com uma dívida impagável e acorrentado às directrizes, das grandes potências da UE, tendo como instrumentos o EURO e a UEM.
Diria que, após 19 meses que se seguiram ao 25-04-1974 em que houve um efectivo desenvolvimento do país em passo acelerado, interrompido pelo 25-11-1975, o regime fascista deposto adaptou-se à "democracia" e controla-a. O que mais aflige é o nível extremamente baixo de consciência política do povo português, mais vítima de que culpado. O polvo que nos agrilhoa, que nos asfixia em seus tentáculos domina estrategicamente todas as estruturas de poder e a mais estratégica é a CS (comunicação social) e isto desde há 45 anos! Fez mossa! estamos de rastos, desinteressados e queixosos como calimeros. O resultado desta política é o nível incrivelmente espantoso da abstenção e o crescimento do populismo fascista (extrema direita) fruto de todas estas circunstâncias. A falta de uma maioria política na Assembleia da República nestas duas últimas legislaturas permitiu que medidas ainda mais gravosas contra o povo português tivessem sido adoptadas e foi graças a iniciativas políticas e propostas de lei dos partidos mais à esquerda do parlamento, o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda, que permitiu uma pouca e lenta recuperação dos rendimentos e menos perdas de direitos.
Para azar do nosso povo, surgiu no pior momento a pandemia de saúde, chamada de COVID 19, que abanou a nossa economia e as nossas vidas. Vamos ver como vamos sair de tudo isto. Dizem que nada vai ficar como dantes. Sinceramente isso seria um bom sinal para as pessoas porque a esperança é que o capitalismo tal como o conhecemos seja destruído e o bem maior que são as pessoas, assumam o protagonismo como agentes privilegiados da vida neste planeta.
João Andarilho
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