NAÇÃO ESTADO PÁTRIA
"É que, se a Nação é a comunidade natural nos nascidos ou oriundos do mesmo território e se o Estado é a expressão política desta comunidade natural, ainda precária, a Pátria é a relação viva, profunda, substancial de um povo, não só com uma tradição contínua, transmitida de pais para filhos e articulada por laços culturais, políticos e jurídicos, mas também com um projecto teleológico original.
Por outras palavras, a Pátria, até etimologicamente, não é só a relação de cada um com a terra em que nasceu, é mais do que isso, é a relação com a terra dos pais, com a comunidade dos antepassados, é uma vinculação antes humana e familiar do que telúrica ou territorial, implicando, por isso mesmo, desde que assumido dinamicamente o conceito, a prospectividade de um movimento para futuro. Terra dos pais é necessariamente Terra dos Filhos e dos Irmãos. E nesta transmissão amplificante desenvolve-se um espírito personalizado, um projecto, uma teleologia nacional.
Nem o passadismo conservador, com o seu pseudomovimento de inércia; nem o presentismo ou presencismo sociocêntrico no conjunto e egocêntrico nos indivíduos; nem o futurismo vão, aleatório, sem alicerces nem raízes.
É muito difícil encontrar o equilíbrio entre estas três dimensões crónicas e é por isso que a civilização avança muito mais pela emergência dos homens excepcionais e do pensamento excepcional do que pelo triunfo da vulgaridade, do hábito, da rotina e do interesse próprio. Os homens excepcionais formam povo com o povo, enquanto os tiranos e os demagogos são o produto do triunfo das massas e conduzem os seus países ao imobilismo, à fachada e ao vazio das civilizações em decadência."
Extrato retirado do Segundo Volume do Livro Portugal Razão e Mistério, Projecto Áureo ou o Império do Espírito Santo, Primeira Parte O Império Segundo Dinis e Isabel pg. 205, de António Quadros
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