VIVE LA COMMUNE!
« Foi um acontecimento histórico sem precedentes! Até então, o poder estava geralmente nas mãos dos latifundiários e dos capitalistas, isto é, dos seus homens de confiança (…) Depois da revolução do 18 de Março (…) o povo ficou dono da situação e o poder passou para as mãos do proletariado. »
Lénine, assinalando em Abril de 1911 o 40ºaniversário da Comuna de Paris.
A 18 de Março de 1871, faz hoje precisamente 150 anos, com Paris cercada pelo exército prussiano e a eminente rendição das forças governamentais, numa cidade onde grassava a fome e a miséria, o povo proletário de Paris apoiado por destacamentos da Guarda Nacional, tomou o poder!
Este insurgimento popular deu início a uma das mais exaltantes páginas do movimento operário mundial. Expulsaram o governo da opressiva grande burguesia e instauraram um poder político revolucionário dos operários, que se apressou a tomar medidas para mitigar os problemas mais urgentes e mais graves do povo. Nesse dia, que hoje se celebra, milhares de pessoas saíram dos miseráveis bairros operários e inundaram as ruas e avenidas de Paris, saudando a revolução operária e a proclamação da Comuna. E era com uma imensa satisfação que assistiam à debandada em pânico da grande burguesia.
Foi uma experiência única até então tendo de imediato sido tomadas medidas de carácter político, social e económico pelas quais os operários vinham lutando e que iam ao encontro das suas aspirações mais profundas, medidas essas emanadas dos órgãos políticos eleitos, entre os quais, o Conselho da Comuna, órgão supremo do Estado.
Porém, foi curta a sua existência. Durou apenas 72 dias, a 26 de Maio caíram as últimas barricadas dos resistentes communards, que « foram abandonados pelos seus aliados da véspera e só os operários permaneceram fiéis à Comuna até ao fim », como disse Lénine. Como causas que conduziram à derrota da Comuna, referiram Marx e Engels e posteriormente, Lénine, fundamentalmente a falta de preparação e experiência da classe operária, a inexistência de um partido, a fragilidade da aliança entre a classe operária e o campesinato e, também, a grande heterogeneidade da composição dos órgãos dirigentes da Comuna, onde se confrontavam várias concepções políticas e ideológicas e se cruzavam comunistas, anarquistas, blanquistas e prodhonistas...
A Comuna teve uma extraordinária repercussão internacional, nomeadamente no nosso país, influenciando o desenvolvimento do movimento operário português organizado. Os primeiros ecos da Comuna fizeram-se ouvir nas famosas Conferências Democráticas do Casino, em Maio-Junho de 1871, onde tiveram destacado papel, Antero de Quental e José Fontana.
«A Comuna é amada onde quer que o proletariado sofre e luta. O quadro da sua vida e morte, a imagem do governo operário que conquistou e reteve durante mais de dois meses a capital do mundo, o espectáculo da luta heróica do proletariado e dos seus sofrimentos após a derrota – tudo isto levantou a moral de milhões de operários, fez renascer as suas esperanças e ganhou para o socialismo as suas simpatias.»
Lénine, assinalando em Abril de 1911 o 40ºaniversário da Comuna de Paris.
Na época actual mantém-se actual a mensagem de esperança que há 150 anos foi protagonizada por gente oprimida e explorada, dantes como agora pelos mesmos do costume: a grande burguesia e o seu braço, o capitalismo.
Vive la Commune!
João Andarilho
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