O CARTEIRO
Sou do tempo em que o carteiro conhecia de amores secretos pelo cheiro perfumado das cartas que entregava.
De facto, vivemos um tempo sem perfume e sem cheiro. Tudo corre à velocidade de bits e de bytes, não há tempo para namorar, não há tempo para amar, não há tempo para reinventar tempo.
Ó deuses, roubaram-me o tempo em que eu recebia, dobrado, num canto sim no outro canto não, em papel perfumado, tendo como fundo a voz inconfundível do Sérgio a incendiar com o poema, o coração de jovens à procura do primeiro beijo, do primeiro amor.
João Andarilho
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