LUTA LIVRE
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Panela de Pressão - Luta Livre |
O espectáculo foi impactante porque fiquei a conhecer melhor um cantor cuja voz conhecia de várias bandas e de muitas músicas, mas que não a ligava a este artista que actuava bem à minha frente. Confesso que ouvir ao vivo as músicas e letras de álbuns da Luta Livre foi libertador e foi completamente de acordo com o meu pensamento permanente crítico da hipocrisia e de acordo com a mudança necessária que possa levar a uma sociedade alternativa solidária e sem classes.
Luta livre nasceu de uma necessidade que o Luís teve de, através da música, se expressar de uma forma interventiva, reivindicativa e directa. Abordar os problemas da sociedade através de um discurso que usa palavras e termos fora de uso ou que deixam as pessoas no mínimo desconfortáveis, que as deixa a olhar de lado. No fundo desmascara a hipocrisia.
Diz ele " vivi de uma forma muito forte a época que se seguiu ao 25 de Abril de 74. A minha maneira de ser foi guiada para um comportamento dentro da sociedade que tem a ver com o olhar à volta, deixar o individualismo de parte, trabalhar em colectivos. Lembro que aos Domingos íamos para a rua limpar as ruas. A Comissão de Moradores fazia isto e organizava bailes e festas. Fomos muito educados para este trabalho colectivo, para um espírito de convívio, de partilha e de reponsabilidade social e cívica, também. Não me passa pela cabeça não votar. Não votar é deixar aos outros essa escolha. Tudo isto está na minha formação." Prossegue " relativamente à Luta Livre, tem uma linguagem muito directa e reivindicativa, vem muito das notícias, uma linguagem directa dos factos. Achei interessante ir buscar palavras que estão em desuso, que não estão na moda, mas não, são palavras do dicionário português e querem dizer coisas como, por exemplo: associações, sindicatos e partidos, as classes dominantes têm horror aos coletivos. aqui quase que não há nenhuma palavra que seja politicamente correcta. São tudo palavras que ninguém gosta de dizer e fazer um exercício estético com isto, usar palavras que ninguém gosta de dizer, que arrepiam. Tudo o que é abordado nasce disso. acho que são coisas de agora, de ontem, da há dez anos, de há vinte anos. Estas questões não passam de época, não são datadas, são reais e faz sempre sentido chamar a atenção para elas e sobretudo através da música que acaba por ser uma forma privilegiada de dizer estas coisas. Acho que é uma forma mais interessante do que discursos meramente políticos. através da música consegue-se pôr as pessoas a pensar nas coisas, é mais instrutivo." - Entrevista ao programa Brandos Costumes da Antena 3
https://open.spotify.com/track/2Nj1spAGXLr1jlwHiBzha1?si=emAJtPshTGaWIyWbZ5be-Q
Foi assim que, agradecido e comovido, vivi aquele magnífico concerto. Obrigado amigo João por mais este momento de pura magia.
Confesso que, na Festa! deste ano, voltei a ter o mesmo privilégio...
João Andarilho
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