LISBOA MENINA E MOÇA
Por razões várias, há bastante tempo que não surgia oportunidade de fazer turismo na minha cidade de Lisboa. Assim sendo e a oportunidade surgindo, andarilhei pela baixa da cidade, sob abençoada chuva outonal, embicando direito à magnífica Praça do Comércio, vulgo Terreiro do Paço, prosseguindo no percurso ribeirinho até ao cais de embarque de Santa Apolónia e subindo por Alfama acima em direção às escadinhas de São Crispim de boa memória. De volta à Praça D. Pedro IV , vulgo Praça do Rossio, mentalmente fiz uma análise rápida à minha caminhada e ao que dela pude concluir. E a conclusão é necessariamente rápida porque despertou-me para a realidade actual da minha cidade:
Destaco uma degradação geral, quer em termos de limpeza e asseio quer em termos urbanísticos, nomeadamente, as ruas com o asfalto degradado e os passeios mal calcetados, as fachadas sujas e cheias de grafitis. A contribuir para a degradação a quantidade absolutamente esmagadora de um meio de transporte que terá vindo para ficar (espero que desapareça), os chamados tuc-tuc, importados de orientais paragens, certamente acompanhando a horda incomensurável de turistas que demanda a nossa capital. Em Alfama, constatei existirem, ainda, moradores originais do bairro, mas que, aos poucos, a criminosa legislação que permitiu a criação de AL e a expulsão dos seus moradores, veio promover a sua descaracterização e apagamento progressivo das suas tradições, assistindo-se à sua tomada por gente estranha, de paragens estranhas, de baixa formação e que só arranha, por necessidade, a língua de Camões.
Dizem certas pessoas no alto da sua sabedoria e poder discricionário que vivemos num tempo de globalização e de direitos e direitos das minorias e outras patetices para aqui e para acolá. É uma tal sociedade "woke", que para mim mais nada é que uma sociedade oca, sem valores e permissiva ao absurdo e estupidez. Como é óbvio, uma cidade é o espelho da sociedade que nela habita, constatando assim que Lisboa está doente e precisa urgentemente de cura e de outras políticas.
Posto isto, tristemente levo o coração pesado e a alma amargurada pelo que vi e senti, lamentando o estado a que isto chegou, não tanto por mim mas pelas gerações vindouras.
João Andarilho.
Solidário na tristeza pelo estado da nação e na nostalgia de outra Lisboa de outrora, mais viva e mais genuína...
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