ÊXITOS DOS GOVERNOS PROGRESSISTAS
É importante acompanhar os êxitos de governos progressistas,
como os da Venezuela e da Bolívia, que marcaram as suas trajetórias no combate
sem tréguas ao neoliberalismo e fortaleceram a política governamental voltados
para as características dos seus povos e traçando planos para satisfazer as
necessidades prementes de sobrevivência e desenvolvimento. Os projetos desses
governos priorizam o crescimento forte, equilibrado, sustentável e inclusivo da
sua população, além de participarem na troca de produtos e de experiências com
os demais, a nível regional e internacional. Aplicam os princípios que foram
teorizados pela ONU, tornando-os uma realidade humanista, além de política.
Apesar das falsidades que os media globais despejam sobre o
mundo, a Venezuela constrói desde 1998 o caminho traçado por Hugo Chaves na
defesa dos Direitos Humanos, com liberdade de expressão, melhor distribuição de
rendimentos, redução do analfabetismo, ensino e saúde gratuitos, democracia
participativa que inclui o referendo revogatório para leis nacionais. São
análises internacionais (International Consulting) que registam 80,9% de apoio
popular ao Presidente Maduro, 85,4%
condenam os actos de violência e 80% da comunicação social no país é privada.
Enquanto Trump ameaça invadir a Venezuela e estimula a fuga de uma burguesia
que lamenta a impossibilidade de explorar os trabalhadores naquela nação, o
governo de Nicolas Maduro promoveu, dia 9/12, uma eleição da estrutura de poder
local que abrange 2.489 cargos municipais, alcançando o apoio de 92,8% dos
resultados para o Grande Polo Patriótico que reune várias organizações, o que
comprova a realidade de um povo que continua a ser soberano.
A Bolívia era um dos países mais pobres da América Latina
quando as suas riquezas minerais - gás, petróleo e estanho - eram exportadas em
bruto por empresas multinacionais associadas às velhas famílias oligárquicas do
país. Com a eleição de Evo Morales, líder indígena, que formou um governo
disposto a combater o neoliberalismo e estabelecer um equilíbrio plurinacional
com reconhecimento das identidades indígenas, estatizou as empresas de
exportação e passou a ter um crescimento anual do PIB em 5%. Assumiu o controlo
das terras e redistribuiu-as em propriedades privadas pequenas e médias,
estabelecendo um controlo sobre a cadeia produtiva, de modo a garantir o
autoabastecimento alimentar. Esta experiência que tem permitido o
reconhecimento internacional dos seus êxitos abre importante campo de estudo
antropológico da riqueza cultural indígena, a começar pela capacidade de
organização comunitária para assegurar a sobrevivência com recursos limitados
em condições climáticas adversas, devido às elevadas altitudes e baixas
temperaturas, e pelo uso de produtos naturais com qualidades medicinais. O
primeiro exemplo é o da folha verde de coca - que não deve ser confundida com a
branca, da cocaína, utilizada pelo narcotráfico, combatido na Bolívia.
Com a preocupação de "superar 500 anos de desprezo,
ódio, escravidão e exterminio pelos colonialistas", como disse Evo Morales
na Assembleia da ONU, a Bolívia traçou um caminho de "refundação" do
Estado, de modo a priorizar os serviço públicos sociais para eliminar as
carências e taxou as grandes fortunas e os elevados lucros para manter alianças
apenas com empresas privadas adequadas. A Constituição de 2009 estabelece que
os serviços públicos devem ser considerados como Direitos Humanos. Para a sua
plena aplicação, o governo reduz contínuamente os preços da água, do gás e da
energia elétrica. Já foi eliminado o analfabetismo e foram feitos investimentos
em centros culturais e desportivos, construídas estradas e teleféricos, e
promovida a construção de um porto no Perú para atender o movimento de
importação e exportação boliviano. O grau de pobreza, que era de 63% da população
em 2004, foi reduzido para 39% em 2015. É um processo gradual, principalmente
devido às pressões do imperialismo e dos media hegemónicos, mas que tem
evoluído permanentemente, segundo as avaliações da ONU.
E, no mesmo caminho aberto pela Venezuela e Bolívia, agora
surge o México que elegeu Lopez Obrador - incentivador, em 2012, do Movimiento
de Regeneración Nacional que promoveu a coligação das forças de esquerda. A sua
vitória ficou assinalada pelas fortes palavras com que definiu o programa de
governo "contra a corrupção e os abusos de privatização que constituem a
marca do neoliberalismo". Anunciou o corte dos mais elevados salários do
Estado, a começar pelo seu, como Presidente, o aumento em 100% do salário
mínimo nacional e a cobrança de impostos sobre fortunas e rendimentos de
grandes empresas.
Nesta fase crítica do capitalismo, os conceitos teóricos que
sempre fizeram parte da definição de princípios da ONU e dos discursos
utilizados para conquistar o apoio eleitoral das populações - direitos humanos,
democracia, previdência social, saúde universal, educação gratuita para todos,
solidariedade com povos vitimados por catástrofes - com as promessas de criação
de Estados Sociais e de laços de amizade sem discriminações face às diferenças
económicas e culturais, assumem uma condição única e urgente para a superação
do caos que envolve também o continente europeu e os países mais ricos de
outras áreas geográficas. Exige-se discernimento e coragem cívica para
dignificar os altos cargos das estruturas políticas a nível nacional e
internacional. É o momento da unidade com respeito pelas nações soberanas num
mundo multipolar.
Zillah Branco in "Face Oculta"
O mundo, as gentes, os povos esmagados pela pressão dos salários baixos, aumentos brutais dos impostos, degradação dos serviços públicos, com os recursos das nações a serem transferidos para a capitalização da banca privada, entrou em desespero. A solução terá que partir de todos nós. A útima palavra será nossa. O grito partirá das nossas gargantas, a acção das nossas mãos.
Viva a revolução das mentalidades, vivam os povos. Vivamos!
João Zapata
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