UM NAVIO DE LUXO
FUNCHAL, navio de bandeira portuguesa, entrou ao serviço em 1961, representou um enorme progresso nas viagens para os arquipélagos da Madeira e dos Açores, pela sua rapidez, o seu luxo e a sua modernidade, com interiores amplos e decorados com um refinado bom gosto, sofás de cabedal e anteparas forradas com madeira.
Foi desenvolvido pelo Engenheiro Construtor Naval português, Rogério de Oliveira em conjunto com o armador, Senhor Vasco Bensaúde. Este armador era uma pessoa com elevado gosto e sentido estético, habituado a viver nos melhores paquetes do mundo, tendo o FUNCHAL reflectido os mais elevados padrões de qualidade e estética.
Tinha lotação para quatrocentos passageiros sendo oitenta de primeira classe, cento e cinquenta e seis de turística A e cento e oitenta e quatro de turística B. Media cento e cinquenta e dois metros com dezanove metros de boca e estava equipado com turbinas a vapor Parsons, desenvolvendo treze mil e oitocentos cavalos, que accionavam dois hélices a uma velocidade de serviço de vinte e um nós, o que permitia fazer a viagem de Lisboa ao Funchal em vinte e seis horas apenas.
Era o navio oficial da presidência da república em viagens oficiais e também particulares. Em 1972, nele embarcou o presidente da República, Américo Thomaz, para representar Portugal nas comemorações dos 150 anos da independência do Brasil. Nessa altura, foi equipado com uma piscina e pintado com casco de azul escuro, adoptando as mesmas cores do iate da rainha de Inglaterra.
Um passageiro frequentador deste paquete era o escritor Vitorino Nemésio que, se definia como " um passageiro encartado dos Navios da Insulana dos velhos armadores Bensaúdes. No livro de honra do navio escreveu: "tudo neste FUNCHAL up to date me deslumbra: a velocidade record, a linha dos decks elegantíssimos (…) a casa de navegação apetrechada dos mais finos nervos da náutica e enfim, a ponte onde o impecável Comandante Bio, com a sua tripulação exemplar, vela por quantos aqui vão."
(Luís Miguel Correia)
Depois de ter sofrido ao longo dos anos sucessivos melhoramentos ao nível de motores e equipamentos e ter mudado de bandeira e regressado à bandeira portuguesa, sofreu várias vicissitudes na sua existência mostrando-se, actualmente, humilhantemente acorrentado às docas do Poço do Bispo em Lisboa, quem sabe à espera de uma milagrosa ressurreição.
Sem comentários:
Enviar um comentário