segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019




ZATOPECK

O mito checo, detentor de todos os recordes mundiais na longa distância, das 6 milhas aos 42, 195 kms!

O seu estilo era inconfundível. Desajeitado e permanentemente com um esgar de sacrifício devido às caretas que fazia enquanto corria.

Porém, treinava mais do que os outros, até à exaustão. Era o Ronaldo do seu tempo! No Inverno, entre épocas, treinava desenfreadamente enquanto os outros repousavam em suas casas. Metia na cabeça que era lento e que, por isso, tinha que treinar mais a resistência. Treinava também cada vez mais a velocidade, nas distâncias pequenas com dezenas de repetições, o que o fazia progredir notoriamente.
Nessa altura não se sabia o que era o sprint final. Emil inventou-o. Na altura, as táticas de corrida eram no sentido de dividir sempre o esforço e reparti-lo ao longo da prova. Preocupados com isso os corredores não ousavam poupar energia para a empregarem na parte final da corrida, na recta da meta, na sua máxima intensidade. Emil fazia-o e alternava também os ritmos de corrida durante as provas desgastando os adversários para dar a última estocada na recta final.
Corria como um animal, era o deus do atletismo!



Tal admiração acabou por ser aproveitada pelo regime checo dado o seu valor enquanto grande atleta mundial, para se promover. 
Emil era oficial do exército e à medida que batia recordes, era também promovido no exército chegando à patente de coronel, já no final da sua carreira. Sempre vigiado internamente e sobretudo nas suas deslocações ao estrangeiro.

Na chamada primavera de Praga em que era secretário Alexander Dubcek, que tentou instaurar uma democracia socialista, com mais liberdade para o povo checo e abertura ao ocidente, tolerância religiosa, proibição da censura, liberdade de se viajar para o estrangeiro e libertação dos presos políticos, o povo na rua, Emil na rua. Finalmente uma mudança que o povo abraçou, a sua revolução. Reprimida logo de seguida pelos tanques, soldados e aviação do Pacto de Varsóvia, a Primavera foi sol de pouca dura.
Emil, que tinha publicamente apoiado esta nova via democrática, foi desprovido e afastado do exército, de Praga onde vivia com a sua mulher Dana, outra atleta olímpica checa de lançamento do dardo, dela afastado e obrigado a trabalhos forçados numas minas de urânio. Anos mais tarde é autorizado a regressar a Praga e é promovido a jardineiro, tal como Dubcek.

Falece em 22 de Novembro de 2000, após ter sido acometido de um ataque cardíaco, no Hospital Militar Central de Praga.


Palmarés:
Ouro nos 5000 m, 10000 m e maratona dos JO de Helsínquia 1952; Ouro nos 10000 m dos JO de Londres 1948 e prata nos 5000 m; Ouro nos 10000 m dos campeonatos europeus de Berna, em 1954, bronze nos 5000 m nos mesmos campeonatos;  Ouro nos 5000 m e 10000 m, nos campeonatos da Europa de Bruxelas em 1950;
Isto para além dos recordes mundiais que foi coleccionando e das centenas de provas que ganhou ao longo da sua carreira desportiva.

EMIL ZATOPECK, A LENDA!

João Sprinter

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 EU SOU MARATONISTA... ...logo, hoje é o meu dia! João Andarilho