O LUCAS E O GIL
Ontem fui assistir a um concerto de uma banda que, sinceramente não conhecia. Mas como estava incluída num pacote de três concertos, de bom grado comprei e adquiri.
Ainda bem que assim foi, porque, após o interregno musical e uma vez que o estômago reclamava, fomos à Maria Bonita e reencontrámos uns maravilhosos hambúrgueres dos quais somos clientes ocasionais mas indefectíveis. Já por lá satisfizemos o estômago em algumas ocasiões e até já damos de barato que os simpáticos rapazes que nos atendem acabem por memorizar as nossas caras atentas as vezes que lá fomos. Tanto assim é que, o primeiro comentário que faço à laia de cumprimento é um " viva o Corinthians". Azar dos azares responde-me sempre o mesmo moço brasileiro, o Gil, com alguma azia, uma vez que é do Flamengo. O companheiro dele é o Lucas e esse, sim, é corinthiano. Mas faço sempre confusão.
Conversa puxa conversa e porque felizmente o meu amigo João é extrovertido, bem disposto e dispõe bem as pessoas, a páginas tantas o Gil, o mais extrovertido dos moços que nos atenderam, sai-se com esta: "vocês podem não acreditar, mas dos anos que ambos estamos aqui nesta roulote a atender as pessoas que até nós se dirigem, vocês são os mais simpáticos e com quem connosco dialoga de uma maneira franca e aberta". Lembram-se perfeitamente da primeira vez que lá fomos e da conversa que com eles tivemos, que tínhamos vindo de Lisboa, de um concerto do Van Morrison! Fantástico!
Isto tocou-nos e não preciso de dizer mais. Tudo isto reflete o tipo de sociedade em que nos transformámos. Gente, juventude vazia, oca, sem valores diria mesmo que perdida que não consegue encontrar uma bóia de salvação. Isto dói, comove.
Por um lado, esta revelação do Gil encanta-me e certamente encantará ao amigo João, por ser um reconhecimento da nossa integridade como seres humanos mas, por outro lado, entristece-nos profundamente pelo que encerra de solidão, de superficialidade, de falta de solidariedade, de desprezo com o próximo, de racismo e/ ou xenofobia da nossa sociedade, da nossa juventude. Bem dito bem feito, logo ali apareceram meia dúzia de jovens e é como se tivessem aparecido meia dúzia de zombies, de tristes e o futuro vai ser isto! Estamos tramados...
Os PAUS, é o nome da banda, uma orgia de bateria. A rever...
João Melómano
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