O CASTELO
Por incrível que pareça o "nosso" Castelo de São Jorge como se apresenta hoje em dia, nada tem a ver com aquilo que foi durante as várias dinastias que governaram o país e a cidade.
Este castelo, tal como está, tem cerca de 80 anos de idade e foi reconstruído entre 1938 e 1940, numa primeira fase, a partir das fundações da fortaleza original. Tudo de acordo com um plano ideológico delineado pelo ditador, no sentido de exaltar o orgulho português e numa altura em que se comemoravam os 800 anos da fundação de Portugal. Uma segunda fase caracterizou-se por obras de restauro e reconstituição do castelo ou fortaleza, o restauro de muralhas da Alcáçova e a abertura de um percurso exterior às muralhas norte e oeste.
O que é um facto é que, longos anos após a última vez que por ali deambulei, resolvi voltar e explorar aquele pedaço da história da nação. Se bem pensei melhor o fiz e em boa hora, porque toda a envolvência que se descobre a nossos pés observada do cimo da colina é, simplesmente, arrebatadora!
A mais bela cidade do planeta é-nos revelada em todo o seu esplendor! A luz fere-nos a retina, a imponência do estuário separando as margens, esmaga-nos. Ao fundo a Ponte 25 de Abril onde junto ao seu funil na margem sul e na colina adjacente, Cristo Rei nos abraça e nos protege, mau grado os protestos de almadenses a quem supostamente terá virado costas. Ainda na outra margem e em destaque, os antigos estaleiros da Lisnave, espaço de luta e sofrimento de milhares de operários. A magnífica Praça do Comércio, Terreiro do Paço onde o traidor Miguel de Vasconcelos foi defenestrado.
Mais junto às muralhas o casario do Castelo, de Alfama e da Graça. Ao longe, a Praça D. Pedro IV, mais conhecida pelo Rossio, a Praça da Figueira e o Martim Moniz, de novo entaipado esperando nova intervenção.
Vislumbra-se, ainda, a Praça dos Restauradores e a colina adjacente que sobe pela Glória até ao Bairro Alto e ao Jardim de São Pedro de Alcântara. A visão e memória adivinham a Avenida da Liberdade pelo rasto deixado pelo seu arvoredo disposto de uma forma rectilínea em direcção à Praça do Marquês de Pombal, sede dos festejos da bola por parte de adeptos vestidos de encarnado e perante o ar majestoso do Marquês e o rugir de espanto do Leão.
Mais longe o altivo Sheraton agora ladeado por outro vizinho de envergadura. Para ocidente um casario que não acaba mais e para onde a vista se perde. À nossa frente a frente ribeirinha onde se destaca o novo Terminal de Cruzeiros de Lisboa e a sua envolvência moderna e renovada.
Mais perto, o Chapitô, ali A Igreja de São Vicente, o Panteão Nacional (ainda tenho uma secreta esperança de ali vir a ser sepultado) e Santa Apolónia.
Descansei um pouco a vista e fui ao encontro do Castelo. Espaço reconstruído e bem preservado vastamente envolvido por vegetação e arvoredo de grande porte, é muito agradável de percorrer e descansar. Para quem estiver interessado em almoçar ou jantar existe a "Casa do Leão" onde pude observar que as refeições, apesar do lugar histórico onde se mostra inserido, não serem demasiado caras.
Podemos deambular pelas suas muralhas, visitar um espaço arqueológico e, ainda o museu, com muito material que foi sendo descoberto ao longo de milhares de escavações. Para sair do museu, obrigatoriamente temos de passar pela loja de "recuerdos". Faz-me lembrar o IKEA.
A estrutura que gere o Castelo é uma estrutura profissional em consonância com os milhares de turistas que o aportam. É impressionante a quantidade de visitantes de todas as nacionalidades que, em levas, sobem a colina em direcção ao Castelo e aos nossos bairros históricos.
Quem a vê e quem a viu a tua menina e moça ó Beatriz Costa!
LISBOA!
João Olíssipo
Por este maravilhoso testemunho de amor a Lisboa bem que mereces ser sepultado no Panteão, daqui a muitas décadas... Obrigado e abraço fraternal!
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