EM BRUTO
Sexta, 04-10-2019, pelas 22:30 horas, principiou uma noite de revisitação. No caso e por baixo das arcadas do MUSICBOX, foi bom reviver ÚRIA, num espectáculo PésDeRoqueEnRole, com casa cheia! Que noite, que ambiente e que performance deste cantautor nascido em terras de viriato, deste Tondelense que magistralmente nos saboreia, na sua lírica, com os seus trocadilhos linguísticos e jogos de palavras, em citações e metáforas, provando um domínio superior da nossa língua portuguesa.
"O Conceito de Lírica, do latim lyrĭcus, é um género literário no qual o autor exprime os seus sentimentos e propõe-se a despertar sentimentos ao leitor ou ouvinte. A lírica tende a expressar-se em verso, apropriadas para o canto."
Faz-me lembrar o incomparável escritor moçambicano, Mia Couto, mestre na arte de desconstruir a língua portuguesa e de pintá-la com pinceladas muito bem africanas, dando um colorido impressionante ao nosso património linguístico.
Mas no MUSICBOX, a arte foi outra. Acompanhado da sua banda (Jónatas Pires - guitarras/voz; Miguel Ferreira - teclados/percussão/guitarra; António Quintino - baixo/voz; Tiago Ramos - bateria/coros), deixou-nos pérolas do que de mais rock ´n roll existe no seu repertório, misturadas com canções e baladas bem conhecidas dos seus êxitos mais recentes.
À pergunta: "não sente que há um interesse cada vez maior na sua música?" respondeu: "A simples noção de que não estou a estagnar pode ser traduzido na noção de que estou a crescer. Hoje em dia não conquistar públicos novos, faz com que os músicos sejam esquecidos ou preteridos por uma novidade qualquer. Mas tenho uma consciência humilde que me faz estar sempre com um olho aberto para perceber se estou a resvalar. Por outro lado, também é verdade que não faço músicas para um público abrangente. Às vezes gosto mesmo de ser recôndito nos meus objectivos".
Foi um concerto surpreendente, desta vez com banda, explosivo, e pode-se dizer que o mesmo sucede quando actua a solo, em ambiente intimista e num mano-a-mano com o público.
Assente em canções de "O Grande Medo do Pequeno Mundo" mas que evoca temas incontornáveis de outros seus trabalhos, como "Teimoso", "Não Arrastes o Meu Caixão" ou "Barbarella e Barba Rasa", a par dos mais recentes "Espalha Brasas", "Em caso de Fogo" ou "Lenço Enxuto".
Consciente que não pode "resvalar", é certo que iremos ter muito Úria por muito tempo no nosso panorama musical e tanto que faz falta quando nos faltar.
"Já não caibo numa casa onde o espaço é todo meu, não são obras que me salvam, eu só sei crescer ..." de "É preciso que eu diminua".
https://youtu.be/olb1mwyq_Co
Teimoso
https://youtu.be/olb1mwyq_Co
Um gigante neste pequeno mundo.
João Lírico
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