sexta-feira, 27 de março de 2020


EL PIBE


Acabei de ler o livro "Eu Sou El Diego" que não deixa de ser uma auto-biografia de Armando Diego MARADONA, "El Pibe".
Para quem, como eu, com 57 anos de idade, dois anos mais novo, acompanhou a sua carreira desportiva desde o início até ao fim, por sermos da mesma geração, foi cativante ler o seu percurso de vida como profissional de futebol.
É um livro escrito com paixão e revolta, mas também encerra um alerta.
Com paixão porque este miúdo adorava e adora o futebol e a sua vida era e é o futebol.
Com revolta porque o futebol que ele adora  e que teve o condão de o guindar a um patamar inigualável, também o levou a um patamar de auto-destruição que quase o aniquilou fisicamente.
Daí um alerta à juventude para os perigos da fortuna fácil e da facilidade com que se pode ser alienado e conduzido por caminhos que levam ao abismo.

Deu-me muito prazer a sua leitura porque me fez recordar tempos que já lá vão, recordar os grandes jogadores da Argentina, do Brasil, de Itália, da Alemanha, de França e de Espanha, as grandes equipas como o seu Boca Juniores, o River, o seu Nápoles, o Barcelona e Real Madrid, a sua selecção ARGENTINA e o título de campeão do mundo no México mais a mão de Deus, os Mundiais de 78, de 82, de 86, de 90 e 94, os seus protagonistas, jogadores que fizeram parte da minha felicidade de adolescente e que, a dado momento  da leitura me eram recordados e por mim assumidos como se ainda hoje os tivesse a ver no activo, a jogarem na minha imaginação transportado-me para essa época.
Ia fazendo um exercício de memória à medida que os jogos e as competições eram descritos, o que me levou à procura de podcast dos mesmos. Voltei a ser um menino, um adolescente. Fez-me bem à alma.


Uma mágoa me deixou da leitura do livro: a única referência que Diego faz ao futebol português teve a ver com o episódio que teve com o guarda - redes do Sporting, numa eliminatória da taça UEFA, em 1989 * quando o Nápoles se deslocou a Alvalade e empatou a zero bolas, no momento em que se prestava para executar a transformação de uma grande penalidade, foi interpelado pelo Ivkovic que apostou 100 dólares em como defendia o seu remate. De facto, Maradona falhou e teve que pagar. Não foi a primeira nem a última vez, porque no mundial de 1990, em Itália, contra a Jugoslávia, era guarda-redes o mesmo Ivcovic e Maradona voltou a perder outra aposta com ele no falhanço da marcação de uma outra grande penalidade.
Maradona faz referência na parte final do livro a 100 jogadores que o marcaram e, lamentavelmente, nenhum é português, nem o rei Eusébio. Terá sido um esquecimento imperdoável de uma figura considerada como o melhor futebolista de todos os tempos. 

* Nápoles venceu a Taça UEFA


João Andarilho


quinta-feira, 26 de março de 2020


HIPOCRISIA TERRENA

No momento em que a humanidade enfrenta uma pandemia coisa nunca experienciada por quase ninguém que habita o Planeta Azul, assiste-se por esse mundo à tomada de medidas de emergência para debelar o vírus popularmente conhecido por "corona". A mobilização é quase geral, dos cidadãos, das empresas, da administração pública, dos governos e das estruturas do Estado. Digo quase geral porque há sempre surpreendentes (ou não), excepções. Vou só referir duas; a UE (mais conhecida por União Europeia), da qual fazemos parte e a Igreja Católica Apostólica Romana.
A primeira é a continuação de uma desilusão, grande desilusão. Contrariamente ao significado da sua denominação, não há nenhuma União entre Estados para ajudar as pessoas, os povos que a integram. O protagonismo dos reais e habituais Reais Figurantes que com alegre ligeireza, ao longo dos anos, carregam em impostos os cidadãos, promovendo a desigualdade entre eles, o desemprego e favorecendo pornograficamente as grandes corporações financeiras capitalistas, no momento de emergência por que passamos o seu silêncio, a sua omissão é escandalosa. O sofrimento por que passa a nação italiana, é paradigmático desta criminosa omissão /desaparecimento da chamada UE. Ao contrário da recusa de auxílio por parte da UE, esse apoio veio de imediato de países que nada têm a ver com a realidade egoísta do mundo ocidental. A ajuda veio da República Popular da China, da Federação Russa e da República de Cuba. Veio em força, com meios humanos e materiais.
Na minha opinião, nada vai ficar como dantes em termos sociais, económicos e políticos depois de passada esta gigantesca catástrofe humanitária;
A outra é a toda poderosa Igreja Católica Apostólica Romana, instituição global, pandémica como o vírus,  mais rica e poderosa do planeta .  A decisão de pôr à disposição do mundo e das pessoas,  os seus recursos e a sua incomensuravel riqueza seria muito bem vinda e de acordo com os ensinamentos de Cristo. Não chega a oração, não chega a fé, não chegam as palavras bonitas de fé e de esperança. Era necessária a acção no terreno, não com palavras sem sentido por não terem sentido e nem serem sentidas.
Num livro auto-biografico de Maradona intitulado "Eu sou El Diego', na página 141/142, na sua edição portuguesa, diz o autor a propósito da visita que fez ao Vaticano e a Sua Eminência o Papa João Paulo II : < sim zanguei-me com o Papa. Zanguei-me porque fui ao Vaticano e vi os tectos de ouro. E, depois, ouvi o Papa dizer que se preocupava com os pobres... Mas, então, vende o tecto campeão, faz alguma coisa! Ainda por cima foste guarda-redes. Para que existe o Banco Ambrosiano? Para vender drogas e contrabando como está escarrapachado no livro "Por vontade de Deus"? Eu li-o porque não sou nenhum ignorante. E também estive com o Papa porque sou famoso.
Foi, foi decepcionante. Eu já contei: deu um rosário à Cláudia, deu um rosário a não sei quem mais e, quando chegou a minha vez disse-me em italiano : "Este é especial para ti". Eu só disse obrigado, mais nada. Estava nervoso. Íamos andando e pedi à minha velha que me mostrasse o seu rosário... era igualzinho ao meu! Eu disse-lhe: "não pode ser, o meu é especial, o Papa disse-me que era especial". Aproximei-me e perguntei-lhe: "Desculpe, Sua Santidade, qual a diferença entre o meu e o da minha mãe?". Não me respondeu... Olhou para mim, deu-me uma palmadinha, sorriu e continuámos a andar. Uma falta de respeito total, uma palmadinha e mais nada! Diego, não me chateies e pira-te que tenho mais gente à espera, foi o que me quis dizer com a palmadinha nas costas.  

Como Diego, visitei o Vaticano e, meus amigos, só posso dizer que é deslumbrante!  São magníficos os quadros, as pinturas dos grandes génios, dos grandes Mestres! É grandioso o significado pintado na Capela Sistina! A riqueza brutal, do que ali está exposto é esmagadora, ficamos pequeninos perante a criação humana/divina dos autores. Mas tudo isto, toda esta riqueza é chocantemente contrastante com a Palavra e a doutrina cristã e com os ensinamentos de Cristo. Não sei se me faço entender, falo da riqueza material dos donos disto tudo, da poderosa instituição católica apostólica romana... Tudo isto revolta e faz pensar. É impressionante a máquina de fazer dinheiro que é o Vaticano. Basta fazer a excursão e observar as pilhas de gente que deambulam aqueles magníficos corredores. Terrífico! 

Sinceramente, espero que as mentalidades mudem por parte de quem tem poder para decidir das nossas vidas, para bem de todos, para a sustentabilidade do planeta. 

Que este venha a ser um susto educativo também. 

João Andarilho

quarta-feira, 25 de março de 2020









RESISTIR É VENCER


Podia perfeitamente ser a palavra de ordem dos habitantes da pequena aldeia gaulesa que, bravamente, resistia ao avanço do Império Romano, o Império de César.


Faleceu ontem o ilustrador francês Albert Uderzo, um dos criadores da banda desenhada de Astérix e Obélix. 



"Desapareceram, assim, os dois autores desta famosa banda desenhada francesa, que conta já com seis décadas de existência. 

O seu companheiro, René Goscinny, tinha falecido em 1977. 


Nascido em 25 de abril de 1927, Uderzo assinou as primeiras aventuras de Astérix, o Gaulês, com René Goscinny, em 1959.


O irredutível guerreiro gaulês apareceu pela primeira vez em Portugal, nas páginas da revista Foguetão, no dia 4 de maio de 1961.


Em 1967, foi editado o primeiro álbum de Astérix em Portugal: 'Astérix, o Gaulês'.


Em 2011, o cocriador de Astérix e Obélix, que assumira sozinho a continuação das aventuras, após a morte de Goscinny em 1977, passou o testemunho aos desenhadores Frédéric e Thierry Mébarki e ao guionista Jean-Yves Ferri.









As histórias sobre a pequena aldeia gaulesa rebelde, vendeu perto de 400 milhões de exemplares em todo o mundo e deu origem a mais de uma dezena de filmes, entre personagens reais e animadas e estão traduzidas em mais de 107 línguas e dialetos, incluindo a língua mirandesa."



As suas magníficas histórias magistralmente desenhadas, foram, durante muitos anos, da adolescência até aos dias de hoje, companhia de leitura e de prazer promovendo-me à leitura e à descoberta. Morreram os seus autores porém a obra ficou, felizmente com continuação assegurada para gáudio de toda a pequenada, dos 3 aos 99 anos. 




Que vive Astérix et Obélix... 




João Andarilho

terça-feira, 10 de março de 2020



TEMPO DE TREVAS


Já me contava o meu querido sogro que em tempos de meninice e adolescência, lá para os idos anos das décadas de 50/60, na sua e nas terrazinhas da sua lembradura, na zona de Torres Novas, a vida era ruim mesmo. Desde o não terem calçado ou transportes (tinham que palmilhar kms a pé para ir apanhar o comboio, bicicletas nem pensar), escola longe e só até à 4ª classe. Os poucos abastados podiam aspirar a alcançar um nível de ensino superior ou uma escola profissional. Era o tempo da iliteracia e do analfabetismo, política oficial, pois que gente esclarecida e com instrução era tudo o que o regime não precisava. Fome era o dia a dia, tinham que a enganar com umas castanhitas ou fruta dos pomares, sem peixe (quando havia uma sardinha, era partilhada entre todos) e muito menos carne, a qualidade nutricional era mais que paupérrima. O que não faltava mesmo eram missas diárias, com fartura e as oratórias enfadonhas do Senhor Prior, sempre enquadradas com a cartilha de apoio ao regime. Igrejas por Km2 eram mato, mas isso já vem dos tempos antanhos da criação desta nossa pátria e da omnipresente pata clerical e dos seus infernos sobre as nossas pobres cabeças.
Para anestesiar as (in)consciências do povo e dar-lhe escape para descarregar as agruras da vida, lá tínhamos os fins-de semana da bola, do Eusébio, do Yazalde e do Cubillas... e o Fado! Fado sempre tem sido a vida deste povo tão maltratado!
Tempos que este povo não esqueceu mas que apesar de tanta porrada na vida, não aprendeu. Da alvorada madrugadora de Abril de 1974, surgiu a esperança gritada de lés-a-lés, que a ditadura tinha sido defenestrada, logo tinham sido corridos os detentores do poder e seus esbirros, os pides foram presos, o país era finalmente livre, podia-se falar, chorar de alegria. Era um tempo novo, um tempo de esperança. Durou 19 meses na zona de intervenção da reforma agrária. Durante esse tempo foram criadas instituições para o bem comum, o ensino foi alargado a todos os portugueses, promovida a rápida alfabetização do nosso povo. Foi criado o SNS e garantidos direitos consagrados na nova Constituição da República, como o direito à educação, saúde e habitação. Instituída a obrigatoriedade de férias e o seu pagamento, bem como a criação do chamado Subsídio de Natal ou 13º mês e criado o salário mínimo.
Porém, estes avanços não foram do agrado dos grandes agrários, dos saudosistas do regime deposto e, com o maior apoio da Igreja, nos seus púlpitos dantescos, inflamando consciências e gritando «cuidado os russos vêm aí» ou « cuidado que os comunas comem criancinhas ao pequeno almoço», movimentaram-se ( também à bomba, com assassinatos e assaltos a sedes partidárias) no sentido de parar a caminhada libertadora e progressista. A contra-revolução acabou por acontecer em 25-11-1975 e a partir daí até ao presente, grande parte das conquistas alcançadas foram sendo subvertidas e liquidadas, o capitalismo avançou, primeiro lentamente, mas as suas garras (com Soares e Cavaco) rapidamente transformaram o país no esterco  onde chafurdam os novos esbirros do nosso povo, sugando-o até ao tutano. Deixámos de ser um país independente, com decisão própria. Tudo é cozinhado e lavrado fora das nossa fronteiras. Não temos o controlo da nossa economia, do nosso destino. A moeda não é nossa, foi-nos imposta! Nada é nosso, tudo, ou quase tudo está vendido ao capital estrangeiro. Os grandes lucros, as mais- -valias vão para o estrangeiro, nada do que é lucro ou mais- valia fica no nosso país para nele investir! É o descalabro!
Nunca como hoje, houve tantos licenciados em Portugal, porém, a falta de consciência crítica, a anestesia e o marasmo da nossa sociedade em resultado também da manipulação a que o povo é sujeito pela CS (comunicação social) dominante (leia-se pró-capitalista), a mega corrupção e o nepotismo a todos os níveis da nossa sociedade e do Estado, levam a uma cada vez maior desistência do exercício cívico de votar, com o aumento alarmante da abstenção chegando a proporções inaceitáveis. A democracia não existe, morreu, o que existe é uma máscara de democracia, é um carnaval que dura os 365 dias do ano.
Mas o pior estará para vir. O capitalismo, no seu estertor, vai ressuscitando a besta do fascismo por essa Europa fora, com consequências previsíveis por conhecidas. Inacreditavelmente, ou talvez não, foi possível à casa que representa a democracia em Portugal, albergar já, manifestamente, um partido fascista, um cadáver fascista seu representante ao arrepio da própria constituição e o circo só agora começou.
Tempo de trevas, tempo de resistir de novo em liberdade ou na clandestinidade, mas resistir...


João Andarilho

sábado, 7 de março de 2020









A Bandeira Comunista



A folha manuscrita aqui reproduzida é a única existente do original de A Bandeira Comunista de José Carlos Ary dos Santos.

Um dos mais conhecidos poemas de Ary e seguramente dos mais queridos dos militantes do PCP, A Bandeira foi escrito em condições que merecem ser recordadas.

Na segunda-feira, 11 de Agosto de 1975 o Centro de Trabalho do PCP em Braga foi destruído e incendiado após um ataque comandado por um grupo operacional do ELP, como mais tarde veio a ser revelado por numerosas investigações e directamente reconhecido por alguns dos membros do comando directamente envolvidos.

O «Avante!» enviara no fim de semana anterior para Braga um seu colaborador fotógrafo, uma vez que corriam insistentes boatos de incidentes em Braga na segunda-feira por (como sucedeu em diversos outros actos terroristas) ser dia de feira. Tendo resolvido pernoitar no Porto, o repórter chegou a Braga a meio da manhã verificando então que os provocadores haviam já desencadeado as agressões e que o Centro de Trabalho (onde se encontravam numerosos militantes) estava já cercado.

Apedrejamentos e tentativas de fogo posto sucederam-se ao longo do dia, tendo – de forma equívoca nunca inteiramente esclarecida – os defensores do Centro acabado por ser retirados por uma força militar que deixou o edifício entregue aos fascistas que completamente o destruíram e incendiaram.

Tomado pelos provocadores como um repórter que lhes era favorável, o fotógrafo do «Avante!» pôde assim obter ao longo do dia as mais extraordinárias imagens da violência fascista à solta, muitas das quais foram publicadas na edição seguinte do «Avante!», a 14 de Agosto.

Para essa mesma quinta-feira, a Direcção da Organização Regional de Lisboa convocara para o hoje Pavilhão Carlos Lopes um comício de solidariedade com os camaradas das organizações atingidas pelo terrorismo e de exigência de medidas de salvaguarda da ordem democrática.

Na redacção do «Avante!» decidimos montar num dos átrios do Pavilhão uma exposição com ampliações das fotos de Braga, de que só uma pequena parte havia sido publicada no jornal. Feitas as ampliações, colocou-se o problema das legendas – que acabou a ser um duplo problema...

A questão era que as imagens tinham uma força tal que qualquer palavra, qualquer frase parecia estar ali a mais. Contudo...

Lembrámo-nos então, telefonou-se ao Zé Carlos para a Espiral, agência de publicidade onde trabalhava, e dissemos-lhe do problema: «Não serias capaz de fazer aí qualquer coisa, uns versos com força, isto não há legendas que resolvam isto...». «Esperem lá um bocado que eu já ligo.»

Meia hora depois o telefone tocava e ouvia-se o vozeirão do outro lado: «Então vejam lá se esta coisa serve.»

Era A Bandeira Comunista. Copiada ao telefone, dactilografada e ampliada, iniciou nessa noite de luta um caminho que não findou jamais.


A bandeira comunista

Foi como se não bastasse
tudo quanto nos fizeram
como se não lhes chegasse
todo o sangue que beberam
como se o ódio fartasse
apenas os que sofreram
como se a luta de classe
não fosse dos que a moveram.
Foi como se as mãos partidas
ou as unhas arrancadas
fossem outras tantas vidas
outra vez incendiadas.

À voz de anticomunista
o patrão surgiu de novo
e com a miséria à vista
tentou dividir o povo.
E falou à multidão
tal como estava previsto
usando sem ter razão
a falsa ideia de Cristo.

Pois quando o povo é cristão
também luta a nosso lado
nós repartimos o pão
não temos o pão guardado.
Por isso quando os burgueses
nos quiserem destruir
encontram os portugueses
que souberam resistir.

E a cada novo assalto
cada escalada fascista
subirá sempre mais alto
a bandeira comunista.


Fonte: Os Artistas da Festa



PARTIDO COMUNISTA PORTUGUÊS 



"Não é mais um partido, É O PARTIDO"


Créditos do Autor

Inicia-se, hoje, o ano 100 do Partido Comunista Português, um dia após ter completado a jovem idade de 99 (noventa e nove) anos de existência.
Fundado em 6 de Março de 1921, no meio de uma profunda crise económica e social após a grande guerra de 14/18,  numa época de grande contestação nas ruas face ao agravamento das condições de vida provocadas pelo capital e que levou à conquista da jornada de trabalho das 8 horas.
Na altura, chegou-se à conclusão de que seria importante para o povo trabalhador e explorado e ávido de melhores condições de vida, que os resultados alcançados e o poder das suas justas reivindicações fossem devidamente e politicamente enquadrados, não ficando isolados face à batalha contra o patronato.
A repercussão que a Revolução Russa de 1917 estava a ter a nível internacional, teria de ser aproveitada, acabando por se traduzir numa entusiástica adesão à causa "bolchevique" no nosso país, com a formação de diversos círculos de experenciação do proletariado russo e, em 1919, foi fundada a Federação Maximalista Portuguesa, que passou a editar o semanário " Bandeira Vermelha".
No ano 20, houve movimentações no sentido de construção de uma vanguarda revolucionária dos operários portugueses e, em Dezembro, reuniu-se uma Comissão Organizadora dos trabalhos para a Criação do Partido Comunista Português. Em Janeiro de 1921, foi iniciada a elaboração das bases orgânicas desta nova formação política.
"O Partido Comunista Português ergueu-se, essencialmente, com militantes saídos das fileiras do sindicalismo revolucionário e do anarco-sindicalismo, que representavam o que havia de mais vivo, combativo e revolucionário no movimento operário português."
Daí à criação do Órgão do Partido Comunista Português, foi um passo e, sete meses após a sua fundação, foi dado à estampa "O Comunista", em 16 de Outubro de 1921, ao qual sucederia, o "Avante!", em Fevereiro de 1931.
A 1ª sede situava-se na Rua do Arco do Marquês do Alegrete, nº3, 2º Dtº, em Lisboa, abrindo, ainda no ano da fundação, Centros no Porto, Évora e Beja.
"A fundação do Partido Comunista Português não foi um acaso nem fruto de uma decisão arbitrária. Foi a expressão de uma necessidade histórica da sociedade portuguesa e resultado da evolução do movimento operário português."

"Em 6 de Março de 1921, na sede da Associação dos Empregados de Escritório, em Lisboa, realiza-se a Assembleia que elege a direcção do PCP. Estava fundado o Partido Comunista Português."


Fonte: Livro "60 Anos de Luta"

  SÃO JOÃO   "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...