sexta-feira, 24 de abril de 2020




HIPOCRISIAS


Hoje, por via de uma pandemia que promove alterações comportamentais, deparamo-nos com desvios que se podem classificar de altamente hipócritos dentro de uma sociedade. Exemplos não faltam mas são muitos. A prática do lay-off, tornada legal pela acção governativa, enquadra-se num comportamento desviante, hipócrito, que lesa sem fundamento a vida de milhares de trabalhadores que, à força do seu trabalho ajudaram à multiplicação do lucro dessas empresas e que agora os colocam numa situação desesperada. É precisamente num momento de emergência que os donos dessas empresas deveriam proteger quem lhes garante o lucro. Este, acumulado ao longo de anos, deveria ser a almofada que permitiria a manutenção do salário neste momento excepcional. Pouquíssimos patrões o fizeram, são a excepção que, infelizmente, confirma a regra. 
Quando a pessoa é contratada para exercer uma actividade remunerada um aperto de mão deveria ser o suficiente para registar ou certificar esse vínculo. É a honra das partes o selo de garantia e de compromisso. É isso que falta no sistema pouco humano de relação no mundo do trabalho.



A origem do cumprimento com a mão vem de há séculos. Queria demonstrar que nada tínhamos na mão, que não éramos uma ameaça. Hoje serve para criar a primeira relação na comunicação. Sentimos desconforto sempre que alguém nos deixa de mão estendida, é um sinal de afastamento. É este sinal que é deixado no coração desses trabalhadores. E dói...

João Andarilho

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