SANT´ANTONINHO
Estamos na semana das Festas Populares de Lisboa, vibremos com isso, extravasemos alegrias em meio de tempos pandémicos. Viva Santo António de Lisboa, viva Lisboa, vivam os lisboetas e seus habitantes!
José Mário Branco
https://youtu.be/gGFYd3nlvX4
Meu sant´antoninho
Onde te hei-de pôr
Deixa-me limpar o pó
Meu sant´antoninho
Dou-te o meu amor
Com chazinho e pão-de-ló
Deixa a vovó apertar o nó [bis]
Pra voar mais vale ter uma na mão
E um cheirinho a naftalina no salão
E a filha do juiz
Põe pozinho no nariz
E sapatos de verniz
Pra ir à comunhão
Meu sant´antoninho
Onde te hei-de pôr
Fica do lado de cá
Meu sant´antoninho
Meu senhor doutor
Assina-me um alvará
Com a caneta do teu papá [bis]
Foi a guerra que me deu a ilusão
De subir quando caí no alçapão
E a madrinha do polícia
Pisca o lho com malícia
Pra tentar canonizar
Os pretos do japão
Meu sant´antoninho
Onde te hei-de pôr
Para me lembrar de ti
Meu sant´antoninho
Dá-me o teu tambor
E um lencinho de organdi
E uma medalha para pôr aqui [bis]
Eu a pôr flores de papel no teu jarrão
E o comboio a apitar na estação
Já não o posso apanhar
Fico aqui a descansar
Meditando no mistério
Da incarnação
Autoria da letra:
José Mário Branco
Autoria da música:
José Mário Branco
Instrumentação:
Piano; flauta baixo; flauta tenor; flauta alto; cromorne.
Data:
1972
Tipo de suporte original:
Vinil
Álbum:
Margem de certa maneira
(Fonte: CESEM - Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical)
Mas, caríssimos, lamento desapontar-vos, esta canção nada tem a ver com as Festas de Santo António. A letra, carregada de ironia tinha a ver com o senhor António, aquele que até 1970 governou o país com mão de ferro. Nela pode entre-ler-se a crítica ao senhor presidente do conselho, ao seu regime corrupto, à miséria intelectual e ao seu povosinho. Só assim conseguia passar pelo crivo da censura.
Por, isso, virado o disco, de novo um grande viva ao Santo António, padroeiro da nossa cidade de Lisboa.
João Andarilho
Sem comentários:
Enviar um comentário