O GRITO
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Carlos Quezada |
Até em tua ausência sou feliz porque cada vez estás mais bonita ao meu olhar. Olho-te de dentro e isso é o bastante. Vejo-te, respiro-te. Em todo o lado em toda a parte. Naquela folha que bamboleia até cair, na alegria daquela criança ou no sorriso amargo da idosa. O cãozito late, o bebé chora, está frio faz calor. A tua ausência está presente, a toda a hora. Mas quando a tua ausência se ausenta e finalmente te apresentas, é um sufoco! O coração é uma bomba, a respiração torna-se pesada. Desconcentro-me e concentro-me. A partir daí tudo se torna relativo a ti. É irrelevante se aquela grita se aquele berra se aquela chora. Passas a ser o centro a partir do qual eu ajo, respiro, falo ou desfaleço. Toldas-me a razão, tento falar saiem sílabas sem nexo, fico patético, ajoelhado, chocado!. O centro do mundo és tu...
Que puta de loucura, que insane me tornei. Como é que vou sair deste sufoco, deste desassossego, please, please... isto é ser feliz, god? isto é ser feliz? Pum!
João Andarilho
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