quinta-feira, 27 de dezembro de 2018



Olivença/Olivenza

Ao longo dos 1292 quilómetros da fronteira luso/espanhola, há 5228 marcos fronteiriços que vão marcando o traçado a cada 250 metros. Pois bem, a única parte da fronteira sem esses marcos é a zona de Olivença entre o rio Caia e a desembocadura do Cuncos no Guadiana. Faltam os marcos do quilómetro 801 ao 900, como reivindicação de posse sobre Olivença, ainda que, na actualidade, ambos os países tenham voltado a ser pacíficos vizinhos.

Olivença foi portuguesa até 1801 e continua a ser objecto de uma reclamação histórica por parte de Portugal.



Em Zamora, em 1143, os reis Afonso I de Portugal e Afonso VII de Leão e Castela, estabeleceram os limites iniciais entre ambos os reinos. Pelo Tratado de Badajoz (Alcanizes) de 1297, reconhece-se o Algarve como parte do reino de Portugal e a zona Este do rio Guadiana como parte da coroa de Castela. Três décadas mais tarde, o Rei D. Dinis de Portugal e a Rainha Maria de Molina, mãe de Fernando IV de Castela (então menor de idade), assinam um acordo sobre as fronteiras em que cedem Olivença a Portugal. Saltando, agora, a 1801, a outro tratado de Badajoz que, depois da Guerra das Laranjas, deixa Olivença em Espanha, após ter sido conquistada em acção bélica assim como outras terras alentejanas. Mudou, assim, de mão várias vezes.





Simbólico deste diferendo que reina entre os dois países, pode-se considerar a velha ponte que em tempos ligou as duas margens do Guadiana. A Ponte da Ajuda, que poderá ser vista da ponte nova situada a cerca de 12 quilómetros de Olivença, tem um comprimento total de 380 metros de longitude e foi construída no século  XVI para estabelecer a ligação com a portuguesa Olivença. Mas as guerras sucessivas e a força do Guadiana nas suas enchentes cíclicas provocaram a sua destruição que hoje em dia se mantém. Em 2003 foi parcialmente restaurada ainda que a parte central continue destruída, deixando uma imagem poética, nostálgica e simbólica.



De todos este e outros conflitos com os reinos de Castela e Leão, dos quais resultaram a nossa afirmação como Nação independente, nasce a expressão "De Espanha nem bons ventos nem bons casamentos"

João Lusitano

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