quinta-feira, 10 de janeiro de 2019



DATAÍSMO



Dantesco no mínimo. Aquilo que eu sou como pessoa, os meus sentimentos, o meu pensamento, a minha liberdade, o meu EU, estão seriamente postos em causa com o monstruoso e abusivo aproveitamento que deles é retirado por quem controla o espaço cibernético. Senão vejamos:




O que é o Dataísmo? Segundo o que Yuval Noha Harari argumentou "o Dataísmo representa um desafio existencial para o Humanismo, a ideologia moral dominante da actualidade, que considera que os sentimentos humanos são a fonte de autoridade no mundo: «o humanismo está agora a enfrentar um desafio existencial e a ideia de 'livre arbítrio' está a ser fortemente ameaçada... Quando os sistemas de Big Data me conhecerem melhor do que eu próprio me conheço, os seres humanos perderão poder para os algorítmos.» Harari prevê que a conclusão lógica deste processo é que os seres humanos acabarão por dar aos algorítmos o poder para tomarem as decisões mais importantes das suas vidas, tais como com quem casar e que carreira profissional escolher"


"Todas as estruturas políticas e sociais podem ser vistas como sistemas de processamento de dados: "O Dadaísmo declara que o universo consiste em fluxos de dados e que o valor de qualquer fenómeno ou entidade é determinada pela contribuição que dá para o processamento de dados".

 "Um dadoísta é alguém que confia mais no Big Data e nos algorítmos de computador do que no conhecimento e sabedoria humanos. Podemos interpretar a espécie humana, na sua globalidade, como sendo um sistema de processamento de dados integrado, em que cada ser humano funciona como um chip, uma unidade de processamento do sistema. Toda a história da humanidade pode ser entendida como um processo de melhoria da eficiência desse sistema, pelo aumento do número e da variedade de processadores/chips do sistema (os seres humanos), pelo aumento do número de interligações entre os processadores e pelo aumento da liberdade de comunicação que flui através dessas interligações".


É a subverção completa das relações sociais e laborais, do aproveitamento do que ainda resta da liberdade do Eu em proveito dos poderosos interesses imperialistas e capitalistas, onde o ser humano nada conta como tal mas sim como um algorítmo produtivo, sem direitos e quase sem salário. É a perda total da sua dignidade, a maximização da mais valia produtiva, o lucro. É a ignomínia na sua máxima potência.

O irónico é que o ser humano, ele próprio, se pôs a jeito fazendo-se escravo de si mesmo.

João Byte

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