RESPEITINHO...
Li numa entrevista que Oceano, antigo jogador do Sporting e da Selecção Nacional, deu a um jornal, a propósito do respeitinho que devemos para com os mais velhos. Dizia ele, perguntado pelo jornalista:
« - Havia muito respeito pelos mais velhos, não era?
- Como te digo, era o Sr. Jordão, o Sr. Damas, o Sr. Zezinho, o Sr. Manuel Fernandes. É verdade que havia coisas que eram demais, mas agora, bem vistas as coisas, já não acho que fossem demais. Venho de uma cultura africana, diferente da europeia. O africano respeita o mais velho e nós vemos isso na tratamento aos nossos avós. Em África, o velho é sabedoria. Na Europa, o velho é entrave. Como quem diz ‘temos que arranjar um sítio para os meter, porque já não há paciência para os aturar’. No meu caso, como jogador do Almada, percebi isso do respeito aos mais velhos bem cedo. Quando subi dos júniores para o séniores e marquei aquele golo da vitória em Cuba, queria entrar no balneário e estavam lá três veteranos a falar entre si. Viram-me e disseram ‘ó miúdo, não vês que estamos aqui a conversar; quando acabarmos, a gente chama-te’. E eu lá fora, ao frio. Logicamente, quando chego ao Sporting, venho dessa formação. Agora esta malta nova já não é assim e qualquer miúdo de 16, 17 ou 18 anos chega ao balneário e nem diz nada. »
***
Tudo isto para constatar quão longínquos vão os tempos em que ainda havia respeito no tratamento para com os mais velhos, fossem os pais ou familiares ou quem quer que fosse. Hoje em dia, pelo contrário, ninguém se dá ao respeito, há falta de respeitabilidade. A grosseria para com o semelhante é corriqueira, a falta de formação e de berço é latente, sendo preocupação as gerações que um dia irão ficar à frente dos destinos da nação. Isso, aliás, já se faz notar na falta de nível como pessoas honradas e de bem dos nossos governantes. Grassa a corrupção moral, a falta de ética e o compadrio. À falta de valores o valor referência é o vil metal, almejando-se o poder pelo poder sem olhar a quem.
Para concluir ser tudo isto consequência da falta de investimento no país e nas pessoas, fundamentalmente na educação e na cultura. A tragédia é resultado que vemos...
Não está fácil e não se vê luz que nos leve a bom porto...
João Andarilho
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