segunda-feira, 30 de novembro de 2020

A BOLA QUE CHORA


A BOLA QUE CHORA


Com a devida vénia faço a transcrição da crónica de Jorge Valdano publicada no jornal " A Bola ", em homenagem ao seu companheiro de selecção ora falecido, Diego Armando Maradona:



"Aqueles que franzem o rosto ao pensar no último Maradona, com dificuldades para caminhar e para falar, a abraçar Maduro e a fazer da sua vida o que lhe apetecia, fazem bem em abandonar já esta despedida, que abraçará o génio e absolverá o homem. Não vão encontrar uma única censura porque o futebolista não tinha defeitos e o homem foi uma vítima. De quem? De mim ou de você, por exemplo, que seguramente em algum momento o elogiámos sem piedade.

Há algo de perverso numa vida em que se cumprem todos os sonhos e Diego sofreu como ninguém a generosidade do seu destino. Foi a passagem fatal da condição de humano à de mito que o dividiu em dois: de um lado, Diego; do outro, Maradona. Fernando Signorini, o seu preparador físico, um homem sensível e inteligente e, possivelmente, a pessoa que melhor o conheceu, costumava dizer: "Com Diego iria até ao fim do mundo, mas com Maradona nem à esquina". Diego era mais um produto do humilde bairro em que nasceu. Maradona foi superado por uma fama precoce. Essa glorificação desencadeou uma cadeia de consequências, a pior das quais foi a inevitável tentação de subir todos os dias até ao nível da sua lenda. Numa personalidade aditiva como a sua, isso foi fatal.

Se o futebol é universal, Maradona também o é, porque Maradona e futebol já são sinónimos. Mas ao mesmo tempo era inequivocamente argentino, o que explica o poder sentimental que sempre teve no nosso país e que o tornou impune. Um homem que, pela sua condição de génio, deixou de ter limites desde a adolescência e que, pela sua origem, cresceu com orgulho de classe. Por essa razão, e também pela sua força representativa, com Maradona os pobres ganharam aos ricos, de tal maneira que a adesão incondicional que vinha de baixo foi proporcional à desconfiança que vinha de cima. Os ricos odeiam perder. Mas até os seus piores inimigos tiveram de tirar o chapéu perante o seu descomunal talento futebolístico. Não havia outro remédio.

Com pouco mais de 15 anos começou a concorrer para deus do futebol. Para mais, fê-lo num país que o acolheu como um messias sentimental, porque o futebol, na Argentina, é um jogo que só chega à mente depois de passar pelo coração. O fascínio pela arte de bairro que Diego levou aos estádios transcendeu a clubite. Não importava a camisola que levava vestida, era um génio, era argentino e isso bastava para soltar o orgulho.

Como foi a sua obra que o tornou grande, e não a sua vida, comecemos por aí. Há umas primeiras imagens de Diego a dominar a bola num cenário humilde, concentrado como um burocrata e feliz como um menino que monta e desmonta a bola, o brinquedo da sua vida. Primeiro o pé esquerdo e depois a cabeça não a deixam cair, no que parece ser uma amável discussão com a bola que às tantas se revolta. Quase escapa, mas Diego não deixa, subjuga-a, como se a estivesse a domar, mais do que a dominar. Tem pouco mais de 10 anos e já aponta para a virtuosidade, mesmo que a bola e Diego ainda estejam a conhecer-se. 

O idílio do domador com a bola cresceu com o tempo até chegar a um ponto em que ver Diego a manejá-la era um espectáculo à parte. Quando treinava, e só para dar um exemplo, chutava-a até ao céu com um efeito que só ele entendia e, enquanto a bola viajava, Diego fazia exercícios como se não se lembrasse do que havia deixado a pairar no ar. Mas quando a bola, já a cair, chegava ao seu nível, voltava a olhar para ela como se estivesse surpreendido e devolvia-a ao céu com outro efeito para a esquecer durante mais um pouco. Sabia exactamente o momento e o lugar do reencontro. O resto devia-se à sua precisão milimétrica. O seu infinito repertório era complexo.

Estávamos em Berlim à espera de um jogo pela Argentina e Bilardo insistia na necessidade de apurar a técnica e, como as obsessões nunca são pequenas, repetia sem parar que um jogador argentino tinha de viver com a bola nos pés. "De manhã, à tarde e à noite, sempre com a bola". Dias a repetir o mesmo. Assim, na hora da refeição Diego saiu do quarto a dominar uma bola, apanhou o elevador enquanto continuava a dar toques, chegou à sala de jantar, sentou-se e a bola continuou sem cair enquanto debicava o pão. Bilardo entrou, viu-o e com um sorriso de orelha a orelha encheu-se de razão: "Estão a ver? Por isso ele é o Maradona". Este episódio, que sempre recordei com um sorriso, hoje chega envolto numa inevitável tristeza.

O virtuosismo que alcançou com a bola, e que todos admiramos, levou-o depois à concepção de jogo até fazer da perfeição um hábito. Com a visão periférica de uma coruja, com a nobre elegância de um mago para iludir e a potência de um 4x4 para escapar, tudo associado a passes perfeitos, remates letais e uma personalidade napoleónica para enfrentar as grandes batalhas...

Em nenhum outro lugar foi tão feliz como dentro de um campo de futebol. Aí tinha um encontro com o seu amor, a bola, mas também um domínio cénico espectacular, como se não se sentisse parte de uma equipa, mas único. Como um roqueiro que leva a multidão à loucura, em vez de um futebolista. A segurança que tinha com a bola e a superioridade abusiva do seu jogo foram sendo incorporadas na sua mentalidade até que chegou o dia fatídico em que a personagem superou a pessoa. Era diferente, sentia-se diferente e agia de forma diferente.

Em algum momento da reflexão anterior escaparam-se-me dois conceitos que, mal interpretados, são injuriosos e convém esclarecer. O primeiro, quando disse que era mais cantor do que futebolista. Essa imagem utilizei-a para exaltar o solista, mas nunca para rebaixar o futebolista. Foi e morreu com alma de jogador de futebol. O segundo esclarecimento é sobre a sua condição de solista. Sobressaía da equipa com um brilho incomparável, mas não só se sentia parte da equipa como era muito generoso com os seus companheiros. A felicidade que sentia dentro de um campo de futebol convertia-o em solidário, valente, hábil até ao exibicionismo e competitivo como um esfomeado. Por essa razão, estou convencido de que, só por ter pisado gloriosamente esses 100x70 metros, a vida valeu a pena.

Como esta recordação também pretende chamar a atenção sobre a exagerada vida de Diego, há que chegar a Nápoles, onde, em oito anos intensos como um século, o seu futebol atingiu níveis desconhecidos para o clube e gloriosos para si próprio, mas onde a sua vida descarrilou. A alegria e a dor, a luz e a escuridão, o pico mais alto e o poço mais profundo. A saúde, que era o futebol, e a doença que lhe contagiou a vida. Ninguém que eu conheça fez uma travessia tão longa e sinuosa.

Nas duas extremidades (a do campo e a da vida) habitou um super-homem. No campo porque, rodeado de jogadores normais, foi mais forte que os árbitros, que o poder do norte, que o super Milan de Sacchi e que a pobre história do Nápoles. Era ele contra o mundo. E ganhava ele. No Mundial de 1986, em que jogou em estado de graça, a sua genialidade conheceu o ponto mais alto no dia em que venceu a Inglaterra. Como Homero fez com o seu Ulisses, convém não fazer descrições externas e reservar para Diego os mesmos atributos que para o herói da Odisseia: "Sagaz", "manhoso", "certeiro" e "de muitos truques". O futebol de Diego era feito de beleza, de criatividade, de orgulho, virilidade e, naquela tarde frente à Inglaterra, de enorme 'argentinidade', em proporções idênticas de vivacidade e habilidade. Diego marcou um golo estratosférico e outro batoteiro. Aqui está o melhor exemplo dessa frase que usamos em ocasiões menos oportunas do que esta: estava acima do bem e do mal.

Também na vida habitou um super-homem porque, embora Jesus Cristo tenha ressuscitado ao terceiro dia, o que não é fácil, Maradona ressuscitou pelo menos três vezes, o que também não é fácil. Era tão forte fisicamente como era grande o seu génio futebolístico. Na verdade, todos os seus excessos foram um atentado contra o desporto e, ainda assim, não mancharam o seu descomunal talento, embora por vezes jogasse em condições alarmantes.

Na admiração e na dor cabem diferentes tipos de emoção. Hoje até a bola, o brinquedo mais comunitário que existe, se sentirá mais sozinha e chorará de forma desconsolada o seu dono. Todos os que amamos o futebol autêntico choramos com ela por Maradona. E os que o conhecemos choraremos ainda mais por aquele Diego que, nos últimos tempos, quase tinha desaparecido debaixo do peso da sua lenda e da sua vida de excessos. Adeus, grande capitão".




"Aqueles que franzem o rosto ao pensar no último Maradona, com dificuldades para caminhar e para falar, a abraçar Maduro e a fazer da sua vida o que lhe apetecia, fazem bem em abandonar já esta despedida, que abraçará o génio e absolverá o homem. Não vão encontrar uma única censura porque o futebolista não tinha defeitos e o homem foi uma vítima. De quem? De mim ou de você, por exemplo, que seguramente em algum momento o elogiámos sem piedade.

Há algo de perverso numa vida em que se cumprem todos os sonhos e Diego sofreu como ninguém a generosidade do seu destino. Foi a passagem fatal da condição de humano à de mito que o dividiu em dois: de um lado, Diego; do outro, Maradona. Fernando Signorini, o seu preparador físico, um homem sensível e inteligente e, possivelmente, a pessoa que melhor o conheceu, costumava dizer: "Com Diego iria até ao fim do mundo, mas com Maradona nem à esquina". Diego era mais um produto do humilde bairro em que nasceu. Maradona foi superado por uma fama precoce. Essa glorificação desencadeou uma cadeia de consequências, a pior das quais foi a inevitável tentação de subir todos os dias até ao nível da sua lenda. Numa personalidade aditiva como a sua, isso foi fatal.

Se o futebol é universal, Maradona também o é, porque Maradona e futebol já são sinónimos. Mas ao mesmo tempo era inequivocamente argentino, o que explica o poder sentimental que sempre teve no nosso país e que o tornou impune. Um homem que, pela sua condição de génio, deixou de ter limites desde a adolescência e que, pela sua origem, cresceu com orgulho de classe. Por essa razão, e também pela sua força representativa, com Maradona os pobres ganharam aos ricos, de tal maneira que a adesão incondicional que vinha de baixo foi proporcional à desconfiança que vinha de cima. Os ricos odeiam perder. Mas até os seus piores inimigos tiveram de tirar o chapéu perante o seu descomunal talento futebolístico. Não havia outro remédio.

Com pouco mais de 15 anos começou a concorrer para deus do futebol. Para mais, fê-lo num país que o acolheu como um messias sentimental, porque o futebol, na Argentina, é um jogo que só chega à mente depois de passar pelo coração. O fascínio pela arte de bairro que Diego levou aos estádios transcendeu a clubite. Não importava a camisola que levava vestida, era um génio, era argentino e isso bastava para soltar o orgulho.

Como foi a sua obra que o tornou grande, e não a sua vida, comecemos por aí. Há umas primeiras imagens de Diego a dominar a bola num cenário humilde, concentrado como um burocrata e feliz como um menino que monta e desmonta a bola, o brinquedo da sua vida. Primeiro o pé esquerdo e depois a cabeça não a deixam cair, no que parece ser uma amável discussão com a bola que às tantas se revolta. Quase escapa, mas Diego não deixa, subjuga-a, como se a estivesse a domar, mais do que a dominar. Tem pouco mais de 10 anos e já aponta para a virtuosidade, mesmo que a bola e Diego ainda estejam a conhecer-se. 

O idílio do domador com a bola cresceu com o tempo até chegar a um ponto em que ver Diego a manejá-la era um espectáculo à parte. Quando treinava, e só para dar um exemplo, chutava-a até ao céu com um efeito que só ele entendia e, enquanto a bola viajava, Diego fazia exercícios como se não se lembrasse do que havia deixado a pairar no ar. Mas quando a bola, já a cair, chegava ao seu nível, voltava a olhar para ela como se estivesse surpreendido e devolvia-a ao céu com outro efeito para a esquecer durante mais um pouco. Sabia exactamente o momento e o lugar do reencontro. O resto devia-se à sua precisão milimétrica. O seu infinito repertório era complexo.

Estávamos em Berlim à espera de um jogo pela Argentina e Bilardo insistia na necessidade de apurar a técnica e, como as obsessões nunca são pequenas, repetia sem parar que um jogador argentino tinha de viver com a bola nos pés. "De manhã, à tarde e à noite, sempre com a bola". Dias a repetir o mesmo. Assim, na hora da refeição Diego saiu do quarto a dominar uma bola, apanhou o elevador enquanto continuava a dar toques, chegou à sala de jantar, sentou-se e a bola continuou sem cair enquanto debicava o pão. Bilardo entrou, viu-o e com um sorriso de orelha a orelha encheu-se de razão: "Estão a ver? Por isso ele é o Maradona". Este episódio, que sempre recordei com um sorriso, hoje chega envolto numa inevitável tristeza.

O virtuosismo que alcançou com a bola, e que todos admiramos, levou-o depois à concepção de jogo até fazer da perfeição um hábito. Com a visão periférica de uma coruja, com a nobre elegância de um mago para iludir e a potência de um 4x4 para escapar, tudo associado a passes perfeitos, remates letais e uma personalidade napoleónica para enfrentar as grandes batalhas...

Em nenhum outro lugar foi tão feliz como dentro de um campo de futebol. Aí tinha um encontro com o seu amor, a bola, mas também um domínio cénico espectacular, como se não se sentisse parte de uma equipa, mas único. Como um roqueiro que leva a multidão à loucura, em vez de um futebolista. A segurança que tinha com a bola e a superioridade abusiva do seu jogo foram sendo incorporadas na sua mentalidade até que chegou o dia fatídico em que a personagem superou a pessoa. Era diferente, sentia-se diferente e agia de forma diferente.

Em algum momento da reflexão anterior escaparam-se-me dois conceitos que, mal interpretados, são injuriosos e convém esclarecer. O primeiro, quando disse que era mais cantor do que futebolista. Essa imagem utilizei-a para exaltar o solista, mas nunca para rebaixar o futebolista. Foi e morreu com alma de jogador de futebol. O segundo esclarecimento é sobre a sua condição de solista. Sobressaía da equipa com um brilho incomparável, mas não só se sentia parte da equipa como era muito generoso com os seus companheiros. A felicidade que sentia dentro de um campo de futebol convertia-o em solidário, valente, hábil até ao exibicionismo e competitivo como um esfomeado. Por essa razão, estou convencido de que, só por ter pisado gloriosamente esses 100x70 metros, a vida valeu a pena.

Como esta recordação também pretende chamar a atenção sobre a exagerada vida de Diego, há que chegar a Nápoles, onde, em oito anos intensos como um século, o seu futebol atingiu níveis desconhecidos para o clube e gloriosos para si próprio, mas onde a sua vida descarrilou. A alegria e a dor, a luz e a escuridão, o pico mais alto e o poço mais profundo. A saúde, que era o futebol, e a doença que lhe contagiou a vida. Ninguém que eu conheça fez uma travessia tão longa e sinuosa.

Nas duas extremidades (a do campo e a da vida) habitou um super-homem. No campo porque, rodeado de jogadores normais, foi mais forte que os árbitros, que o poder do norte, que o super Milan de Sacchi e que a pobre história do Nápoles. Era ele contra o mundo. E ganhava ele. No Mundial de 1986, em que jogou em estado de graça, a sua genialidade conheceu o ponto mais alto no dia em que venceu a Inglaterra. Como Homero fez com o seu Ulisses, convém não fazer descrições externas e reservar para Diego os mesmos atributos que para o herói da Odisseia: "Sagaz", "manhoso", "certeiro" e "de muitos truques". O futebol de Diego era feito de beleza, de criatividade, de orgulho, virilidade e, naquela tarde frente à Inglaterra, de enorme 'argentinidade', em proporções idênticas de vivacidade e habilidade. Diego marcou um golo estratosférico e outro batoteiro. Aqui está o melhor exemplo dessa frase que usamos em ocasiões menos oportunas do que esta: estava acima do bem e do mal.

Também na vida habitou um super-homem porque, embora Jesus Cristo tenha ressuscitado ao terceiro dia, o que não é fácil, Maradona ressuscitou pelo menos três vezes, o que também não é fácil. Era tão forte fisicamente como era grande o seu génio futebolístico. Na verdade, todos os seus excessos foram um atentado contra o desporto e, ainda assim, não mancharam o seu descomunal talento, embora por vezes jogasse em condições alarmantes.

Na admiração e na dor cabem diferentes tipos de emoção. Hoje até a bola, o brinquedo mais comunitário que existe, se sentirá mais sozinha e chorará de forma desconsolada o seu dono. Todos os que amamos o futebol autêntico choramos com ela por Maradona. E os que o conhecemos choraremos ainda mais por aquele Diego que, nos últimos tempos, quase tinha desaparecido debaixo do peso da sua lenda e da sua vida de excessos. Adeus, grande capitão".

Jorge Valdano

domingo, 29 de novembro de 2020

O MEDO

 

O MEDO


Não deixemos que o medo transforme as nossas vidas será a melhor resposta que podemos dar a quem, por via do poder, decreta o confinamento dos direitos e liberdades e suspende a democracia. Este é um país e um povo amargurado pela madrasta história feita de abusos, escravidão e servidão perpetrados por reis, déspotas e por uma casta de criminosos vestidos de batina e armados com a santa inquisição. Quando num Abril madrugador o país tirou a venda e gritou, respirou-se, finalmente, ar renovado, o sorriso e a esperança engravidaram as gentes de norte a sul. A esperança foi posta em prática e a realidade de um Portugal diferente para melhor foi sendo semeada um pouco por todo o país. Curta, porém, pois o caminho foi interrompido e tudo aquilo que foi conquistado pelo nosso povo desde esse Abril, tem sido revertido e a esperança de novo confinada na nossa alma. Mas há sempre alguém que diz "não tem cuidado", quando o povo novamente vendado, por culpa própria digo eu, se deixa adormecer "há sempre alguém que resiste, há sempre alguém que diz não".

29-11-2020

João Andarilho

quarta-feira, 25 de novembro de 2020

D10S

 

D10S


Morreu hoje um pouco de mim, certamente um pouco de muita gente... Partiu sem estrondo Armando Diego MARADONA, Pelusa, aliás, El Pibe. O puto deixou-nos e com essa saída sem regresso senti-me miserável e com raiva. A vida não lhe sorriu e não sorriu porque pelusito veio ao mundo discriminado logo à nascença, em meio pobre. Não lhe sorriu porque nasceu com um dom, dom esse que prostrou o mundo a seus pés, porque esse dom nada lhe deu. Da fama e do dinheiro sobrou-lhe a droga e o álcool. Viveu a vida acorrentado, a vida foi-lhe madrasta. Porém, DIEGO foi generoso com o mundo, como normalmente o são os simples e miseráveis para com os seu semelhantes. Generoso com seus piques, com seus dribles, com o domínio perfeito da bola, com a sua visão de jogo, mostrando-nos como um jogo de futebol se transforma num espectáculo de bailado. Descomprometido mas comprometido com  valores que sempre lhe foram caros mostrou-se, sempre, corrosivo com os poderosos e sentimentalmente próximo dos simples e oprimidos. Até ao fim mostrou-se de alma grande, desafiante e provocador. Nada nem ninguém ficará indiferente ao seu desaparecimento. Um pouco de mim vai com ele. 




Hasta Siempre Capitan

https://youtu.be/1wVho3I0NtU


João Andarilho


terça-feira, 24 de novembro de 2020

NÓS, TODOS

 


NÓS, TODOS

Em tempos antanhos o papiro foi invenção tremenda para o desenvolvimento da comunicação e transmissão do pensamento e do conhecimento. Desde então e até aos dias de hoje da escuridão passámos ao deslumbramento, da caverna atingimos o zénite, tocámos a Luz! O desenvolvimento cognitivo a capacidade e génio sapiens desafiaram a imaginação, tornando possível o que antes era ficção, elevando a potência ao infinito. A comunicação é poderoso instrumento de veiculação do pensamento. Como instrumentos de comunicação existem uma miríade de meios que vão da escrita aos electrónicos. Rápido se chegou à conclusão de quão poderoso se torna o detentor desses meios. A nossa sociedade é formada por centenas de milhões de pessoas que se espalham por todo o planeta. Neste, existem raros territórios onde a " nossa" civilização não terá deixado ainda marca da sua pegada. Observamos, assim, que a poluição civilizadora nos atinge ainda que tentemos furtar-nos ao seu abraço.  Neste contexto, a propaganda que nos é impingida até ao vómito é de génese deformativa e formatativa dos comportamentos. O antídoto é matéria que temos de buscar sob pena de nos tornarmos seres alienados com pouca consciência crítica.  

João Andarilho



sábado, 21 de novembro de 2020

VHILS (Praia de Pai Mogo - Lourinhã)

  

VHILS



L'artiste portugais Alexandre Farto (né en 1987) interagit visuellement avec l'environnement urbain sous le nom de Vhils depuis qu'il était un graffeur prolifique du début au milieu des années 2000.

Sa technique révolutionnaire de sculpture en bas-relief - qui forme la base du projet Scratching the Surface et a été présentée pour la première fois au public lors de l'exposition de groupe VSP à Lisbonne en 2007 et au Cans Festival à Londres l'année suivante - a été saluée comme l'une des approches les plus convaincantes de l'art créé dans les rues au cours de la dernière décennie.

Cette forme frappante de poésie visuelle, présentée dans le monde entier dans des environnements intérieurs et extérieurs, a été décrite comme brutale et complexe, mais imprégnée d'une simplicité qui parle au cœur des émotions humaines. Réflexion permanente sur l'identité, sur la vie dans les sociétés urbaines contemporaines et leurs environnements saturés, il explore des thèmes tels que la lutte entre les aspirations de l'individu et les exigences du quotidien, ou l'érosion de l'unicité culturelle face au modèle dominant du développement mondialisé et de la réalité de plus en plus uniforme qu’il impose dans le monde. Il parle d'effacement mais aussi de résistance, de destruction mais aussi de beauté dans ce décor écrasant, explorant les connexions et les contrastes, les similitudes et les différences, entre les réalités mondiales et locales.

Vhils a grandi à Seixal, une banlieue industrialisée de l'autre côté du fleuve de Lisbonne, la capitale du Portugal, et a été profondément influencée par les transformations provoquées par le développement urbain intensif que le pays a connu dans les années 1980 et 1990. Il a été particulièrement inspiré par la façon dont les murs de la ville absorbent les changements sociaux et historiques qui se produisent autour d'eux. En appliquant ses méthodes originales de destruction créative, Vhils creuse dans les couches superficielles de notre culture matérielle comme un archéologue urbain contemporain, exposant ce qui se trouve au-delà de la superficialité des choses, rendant visible l'invisible et restituant le sens et la beauté aux dimensions abandonnées enfouies sous.

Depuis 2005, il a présenté son travail dans plus de 30 pays à travers le monde dans des expositions individuelles et collectives, des interventions artistiques spécifiques à un site, des événements artistiques et des projets dans divers contextes - du travail avec des communautés dans les favelas de Rio de Janeiro, à des collaborations avec des institutions artistiques réputées telles que la Fondation EDP (Lisbonne), le Centre Pompidou (Paris), le Barbican Centre (Londres), le CAFA Art Museum (Pékin) ou le Museum of Contemporary Art San Diego (San Diego), entre autres. Expérimentateur passionné, Vhils a développé son esthétique personnelle dans une pluralité de médias en plus de sa technique de sculpture signature: de la peinture au pochoir à la gravure sur métal, des explosions pyrotechniques et de la vidéo aux installations sculpturales. Il a également réalisé plusieurs vidéoclips, courts métrages et une production scénique. 



Autoria: Maria Silva (Academia Sénior da Lourinhã

IGREJA DE SÃO LOURENÇO DOS FRANCOS (MIRAGAIA - LOURINHÃ) PATRIMÓNIO CULTURAL

 Église de São Lourenço dos Francos - Miragaia - Lourinhã


La tradition populaire dit que près de l'église de S. Lourenço dos Francos, existait la ville mythique de Monardo dos Francos, qui, selon certains, a été construite par des Carthaginois et d'autres par des Celtes. Ici les Romains se seraient installés (des traces d'habitations et de conduites d'eau ont été retrouvées) puis les Francs venus avec D. Jordão, ce qui aurait donné naissance au toponyme des Francs. Les cataclysmes naturels auront ruiné la ville, dispersant ses habitants.
Jusqu'en 1555, les couples et les lieux dispersés autour de l'église appartenaient à la seule paroisse de l'époque, Nossa Senhora da Anunciação da Lourinhã. Les habitants, représentés par les frères de la Confraria de S.Lourenço dos Francos, demandent la création d'une nouvelle paroisse à l'archevêque de Lisbonne, D.Fernando de Vasconcelos e Meneses, qui l'autorise, avec la nouvelle paroisse de S.Lourenço dos Francos dans l'église d'un ancien et en ruine Convento de Agostinhos, entièrement reconstruit sous l'évocation de S. Lourenço. Entre 1681 et 1687, les murs du cimetière, le clocher, les entrepôts sont construits et le revêtement en tuiles du baptistère et de la nef est réalisé. Au début du 21ème siècle, d'importants travaux de restauration ont été réalisés qui ont fait du lieu, inséré dans une zone de plaine agricole, un bel et agréable espace de loisirs et de spiritualité.
L'église de S. Lourenço dos Francos est un temple rural du XVIe siècle, avec les caractéristiques de l'architecture de la renaissance rurale d'Estrémadure. Il s'agit d'une nef unique, avec un porche de trois étages sous la porte principale, avec une large ouverture frontale, soutenue par des piliers reposant sur un mur. L'intérieur de la nef est entièrement recouvert de dalles «Moquette» du XVIIe siècle, ainsi que du baptistère du XVIIe où se trouvent des fonts baptismaux du XVIe siècle en pierre circulaire. Le retable du maître-autel, du XVIIIe siècle, est orné de colonnes salomoniennes en bois doré qui flanquent le trône. Il a un tabernacle rond inhabituel et deux images en pierre polychrome, également du 16ème siècle, par S. Lourenço et S. Martinho. Sur le mur à gauche de la chaire, une tuile polychrome du XVIIe siècle montre deux anges adorant la garde avec une particule. En 1737, la chapelle principale fut ajoutée et, sur ses têtes extérieures, deux pierres tombales furent placées, incorporées dans les angles, dédiées à Júlia Máxima et Caio Júlio Lauro et qui témoignent de la romanisation de la région.
La façade est de pignon en bec, flanquée d'un clocher et d'un toit à pignon.



Autoria: Maria Silva ( Academia Sénior da Lourinhã)

LOURINHÃ - PATRIMÓNIO CULTURAL

 

LOURINHÃ - PATRIMÓNIO CULTURAL


Igreja e Convento de Santo António - Lourinhã 

Le couvent et l'église de Santo António, dédiés à Notre-Dame de l'Annonciation, proviennent d'une communauté de frères Capuchos Recoletos fondée en 1598, initialement composée d'une petite église et de quelques maisons de retraite.
En novembre 1601, les travaux d'agrandissement et de restauration du bâtiment ont commencé, qui ont duré plusieurs années en raison de la taille et du volume du bâtiment et des difficultés économiques des frères.
En 1609, le chœur a été construit aux frais de D. Brites Brandoa, qui avait le patronage du temple et qui voulait une tombe là-bas. En 1619, l'église est construite avec les caractéristiques que nous pouvons apprécier aujourd'hui.
En 1834, avec l'extinction des Ordres Religieux, la partie conventuelle est sollicitée par la Mairie pour y installer le tribunal. Environ 150 ans plus tard, la zone conventuelle revient sous la tutelle de l'usine paroissiale et d'importants travaux de restauration sont effectués sur le complexe qui, avec la contribution de tous les habitants de Lourinha, a été achevé en 1993.
Le couvent, de petite taille et maniériste, est de plan carré, avec deux étages et des arcades d'ordre toscan. Il a été construit autour d'un cloître et d'un puits et a des murs recouverts de tuiles du 18ème siècle avec des motifs balustres alternant avec des anges aux paniers de fleurs. L'étage supérieur est soutenu par des colonnes toscanes.
L'église est de planimétrie rectangulaire et son intérieur, d'une seule nef, présente une voûte de berceau avec des parois latérales ornées de carreaux de pierre de taille du 17ème siècle. À gauche, une petite chapelle avec des vitraux et fonts baptismaux du XVIIe siècle et, à droite, une chapelle dédiée à Santo António, avec un beau retable en marbre florentin et la façade et les murs recouverts de tuiles de 1714, représentant le miracle de la mule et la prédication des poissons. Les points forts sont les autels latéraux néoclassiques dorés et deux chapelles latérales également décorées de tuiles. La chapelle voûtée du chœur, précédée d'un arc de triomphe, est ornée de boiseries de tuiles du XVIIIe siècle avec des scènes du calvaire et des miracles de Santo António. À gauche de l'autel, à côté de l'Évangile, il y a un mausolée, la tombe de D. Brás Henriques, et au centre un retable néoclassique en doré et bleu.
A l'extérieur de l'église, sur la façade, se détachent le portique à fronton triangulaire, la Cruz de Cristo et l'oculus qui illumine le haut choeur. Sur la droite, les contreforts et les saillies des chapelles sont visibles, et à gauche le clocher avec horloge, qui était le seul existant dans le village de Lourinhã pendant de nombreuses années.



Autoria: Maria Silva (Academia Sénior da Lourinhã)

LOURINHÃ - PATRIMÓNIO CULTURAL


LOURINHÃ - PATRIMÓNIO CULTURAL

Forte de Nossa Senhora dos Anjos de Paimogo - Lourinhã

Le Fort de Nossa Senhora dos Anjos de Paimogo, également connu sous le nom de Fort de Paimogo ou Fort de Lourinhã s'élève en position dominante sur la plage de Paimogo, dans le village de Lourinhã.
Construit à partir de 1674, par ordre de D.António Luís de Menezes, marquis de Marialva puis Conde de Cantanhede, héros de la guerre de la restauration de l'indépendance, avec pour fonction de défendre cette partie de la côte, a intégré la deuxième ligne de défense de bar du fleuve Tage, qui s'étendait du fort de Peniche à Cascais.
A la fin de la guerre civile portugaise (1828-1834), et face à l'évolution de l'armée, elle perd sa fonction défensive.
Classé bien d'intérêt public, à la fin du XXe siècle le fort est abandonné et en état de dégradation avancée, ses fondations côté sud-ouest érodées, ce qui entraîne un risque imminent d'effondrement du mur sur ce tronçon.
Au second semestre 2004, le conseil local a conclu un accord avec la direction générale du patrimoine pour la mise à disposition du bien pour une durée de vingt-cinq ans, renouvelable, dans le but d'investir dans sa rénovation et son utilisation future en tant qu'espace culturel faisant partie de la Route des dinosaures. de l'Institut de conservation de la nature. Les travaux ont débuté en 2006. En 2017, et malgré son énorme potentiel touristique, avec l'une des plus belles vues sur la mer du continent portugais, ce fort reste à l'abandon et risque de s'effondrer.



Autoria: Maria Silva (Academia Sénior da Lourinhã)

MOLEDO (Lourinhã) - PATRIMÓNIO CULTURAL

 

MOLEDO (LOURINHÃ) - PATRIMÓNIO CULTURAL

MOLEDO - Lourinhã 

Le nom de lieu Moledo, qui dérive du latin molletum, roche ou grosse pierre, est associé au territoire auquel il appartient - le Planalto das Cezaredas - l'un des plus beaux monuments naturels nationaux et un lieu auquel l'histoire et la tradition orale populaire associent César, les chasses royales et les amours clandestines de D. Pedro et Inês de Castro.
S'il y a une histoire d'amour qui a marqué l'histoire du Portugal, c'est bien celle de l'amour interdit entre l'enfant D. Pedro et Inês de Castro, l'accompagnateur de sa femme.
Paço de Moledo, dans la municipalité de Lourinhã, a été la maison de Dona Inês pendant sept ans. Après son exil en Castille en 1345. D. Pedro se rendait à Paço de Serra De El-Rei et se faufilait du côté de son père à Moledo, pour rencontrer son amant.
Il y a des archives historiques et aussi beaucoup d'imagination et de créativité populaires qui ont également été partagées dans une expérience artistique dans les rues, les jardins et les moulins à vent du village.
La paroisse de Moledo a été le théâtre d'un projet remarquable, issu du partenariat entre la Faculté des Beaux-Arts de l'Université de Lisbonne et la collectivité territoriale, qui a amené en quatre ans au village de Moledo plusieurs étudiants du Master de sculpture publique qui a développé des pièces faisant allusion au thème inésien.
Cette action a abouti à la construction d'un itinéraire public de la sculpture qui avait pour principaux objectifs la consolidation effective de ce lieu en village historique, en le combinant avec le thème inésien, ainsi que la requalification urbaine de certains de ses espaces.



Autoria: Maria Silva (Academia Sénior da Lourinhã)

segunda-feira, 16 de novembro de 2020

NOBEL


NOBEL 


Hoje é o aniversário de Saramago. 

"Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro."

José Saramago

DANS LES TRANCHÉESS

 DANS LES TRANCHÉES 


LA DERNIÈRE LETTRE D'UN POILU À SA FEMME
LES POILUS, HÉROS ÉTERNELS


" LA SENTENCE EST TOMBÉE : JE VAIS ÊTRE FUSILLÉ POUR L'EXEMPLE, DEMAIN, AVEC SIX DE MES CAMARADES, POUR REFUS D'OBTEMPÉRER. "


Le 30 mai 1917



Léonie chérie,

J'ai confié cette dernière lettre à des mains amies en espérant qu'elle t'arrive un jour afin que tu saches la vérité et parce que je veux aujourd'hui témoigner de l'horreur de cette guerre.

Quand nous sommes arrivés ici, la plaine était magnifique. Aujourd'hui, les rives de l'Aisne ressemblent au pays de la mort. La terre est bouleversée, brûlée. Le paysage n'est plus que champ de ruines. Nous sommes dans les tranchées de première ligne. En plus des balles, des bombes, des barbelés, c'est la guerre des mines avec la perspective de sauter à tout moment. Nous sommes sales, nos frusques sont en lambeaux. Nous pataugeons dans la boue, une boue de glaise, épaisse, collante dont il est impossible de se débarrasser. Les tranchées s'écroulent sous les obus et mettent à jour des corps, des ossements et des crânes, l'odeur est pestilentielle.

Tout manque : l'eau, les latrines, la soupe. Nous sommes mal ravitaillés, la galetouse est bien vide ! Un seul repas de nuit et qui arrive froid à cause de la longueur des boyaux à parcourir. Nous n'avons même plus de sèches pour nous réconforter parfois encore un peu de jus et une rasade de casse-pattes pour nous réchauffer.

Nous partons au combat l'épingle à chapeau au fusil. Il est difficile de se mouvoir, coiffés d'un casque en tôle d'acier lourd et incommode mais qui protège des ricochets et encombrés de tout l'attirail contre les gaz asphyxiants. Nous avons participé à des offensives à outrance qui ont toutes échoué sur des montagnes de cadavres. Ces incessants combats nous ont laissé exténués et désespérés. Les malheureux estropiés que le monde va regarder d'un air dédaigneux à leur retour, auront-ils seulement droit à la petite croix de guerre pour les dédommager d'un bras, d'une jambe en moins ? Cette guerre nous apparaît à tous comme une infâme et inutile boucherie.

Le 16 avril, le général Nivelle a lancé une nouvelle attaque au Chemin des Dames. Ce fut un échec, un désastre ! Partout des morts ! Lorsque j'avançais les sentiments n'existaient plus, la peur, l'amour, plus rien n'avait de sens. Il importait juste d'aller de l'avant, de courir, de tirer et partout les soldats tombaient en hurlant de douleur. Les pentes d'accès boisées, étaient rudes .Perdu dans le brouillard, le fusil à l'épaule j'errais, la sueur dégoulinant dans mon dos. Le champ de bataille me donnait la nausée. Un vrai charnier s'étendait à mes pieds. J'ai descendu la butte en enjambant les corps désarticulés, une haine terrible s'emparant de moi.

Cet assaut a semé le trouble chez tous les poilus et forcé notre désillusion. Depuis, on ne supporte plus les sacrifices inutiles, les mensonges de l'état major. Tous les combattants désespèrent de l'existence, beaucoup ont déserté et personne ne veut plus marcher. Des tracts circulent pour nous inciter à déposer les armes. La semaine dernière, le régiment entier n'a pas voulu sortir une nouvelle fois de la tranchée, nous avons refusé de continuer à attaquer mais pas de défendre.

Alors, nos officiers ont été chargés de nous juger. J'ai été condamné à passer en conseil de guerre exceptionnel, sans aucun recours possible. La sentence est tombée : je vais être fusillé pour l'exemple, demain, avec six de mes camarades, pour refus d'obtempérer. En nous exécutant, nos supérieurs ont pour objectif d'aider les combattants à retrouver le goût de l'obéissance, je ne crois pas qu'ils y parviendront.

Comprendras-tu Léonie chérie que je ne suis pas coupable mais victime d'une justice expéditive ? Je vais finir dans la fosse commune des morts honteux, oubliés de l'histoire. Je ne mourrai pas au front mais les yeux bandés, à l'aube, agenouillé devant le peloton d'exécution. Je regrette tant ma Léonie la douleur et la honte que ma triste fin va t'infliger.

C'est si difficile de savoir que je ne te reverrai plus et que ma fille grandira sans moi. Concevoir cette enfant avant mon départ au combat était une si douce et si jolie folie mais aujourd'hui, vous laisser seules toutes les deux me brise le cœur. Je vous demande pardon mes anges de vous abandonner.

Promets-moi mon amour de taire à ma petite Jeanne les circonstances exactes de ma disparition. Dis-lui que son père est tombé en héros sur le champ de bataille, parle-lui de la bravoure et la vaillance des soldats et si un jour, la mémoire des poilus fusillés pour l'exemple est réhabilitée, mais je n'y crois guère, alors seulement, et si tu le juges nécessaire, montre-lui cette lettre.

Ne doutez jamais toutes les deux de mon honneur et de mon courage car la France nous a trahi et la France va nous sacrifier.

Promets-moi aussi ma douce Léonie, lorsque le temps aura lissé ta douleur, de ne pas renoncer à être heureuse, de continuer à sourire à la vie, ma mort sera ainsi moins cruelle. Je vous souhaite à toutes les deux, mes petites femmes, tout le bonheur que vous méritez et que je ne pourrai pas vous donner. Je vous embrasse, le cœur au bord des larmes. Vos merveilleux visages, gravés dans ma mémoire, seront mon dernier réconfort avant la fin.

Eugène, ton mari qui t'aime tant



Dans " Le Lorrain

domingo, 15 de novembro de 2020

HUMANISATION

HUMANISATION

Une Dame demande : 
«Combien vendez-vous vos œufs
Le vieux vendeur répond :
«0.50 ¢ un œuf, madame» .
La Dame dit : 
«Je vais prendre 6 œufs pour 2.50$ ou je pars».
Le vieux vendeur lui répond : 
«Achetez-les au prix que vous souhaitez, Madame. C'est un bon début pour moi parce que je n'ai pas vendu un seul œuf aujourd'hui et que j’ai besoin de ça pour vivre»
Elle lui a acheté ses œufs à prix marchandé et est partie avec la sensation qu'elle avait gagné.
Elle est entrée dans sa voiture élégante et est allée dans un restaurant élégant avec son amie.
Elle et son amie ont commandé ce qu'elles voulaient. Elles ont mangé un peu et ont laissé beaucoup de ce qu'elles avaient demandé.
Alors elles ont payés l'addition, qui était de 400$. Les dames ont donné 500$ et ont dit au propriétaire du restaurant chic de garder la monnaie comme pourboire..

***
Cette histoire pourrait sembler assez normale vis-à-vis du patron du restaurant de luxe, mais très injuste pour le vendeur des œufs..

La question que ça amène est:

Pourquoi avons-nous toujours besoin de montrer que nous avons le pouvoir quand nous achetons à des nécessiteux ? 

Et pourquoi sommes-nous généreux avec ceux qui n'ont même pas besoin de notre générosité ?

Une fois j'ai lu quelque part :

«Mon père avait l'habitude d'acheter des biens à des pauvres à des prix élevés, même s'il n'avait pas besoin de ces choses. 
Parfois, il les payait plus cher. J'étais stupéfait. Un jour je lui ai demandé «pourquoi fais-tu ça papa?» 
Alors mon père répondit : 
«C' est une charité enveloppée dans la dignité, mon fils»

Je sais que la plupart d'entre vous ne partageront pas ce message, mais si vous êtes l'une des personnes qui à prit le temps de lire jusqu'ici... Alors ce message de tentative «d'humanisation» aura fait un pas de plus... 

dans la bonne direction... 💙❤️💛💜💘

Dans "Le Petit Pépère"

sexta-feira, 13 de novembro de 2020

LA BEAUTÉ


LA BEAUTÉ 


Quand on lui a demandé de révéler ses secrets de beauté, l'actrice Audrey Hepburn a écrit ce poème, qui a été lu à ses funérailles :

Pour avoir des lèvres attirantes, prononcez des paroles de bonté.
Pour avoir de beaux yeux, regardez ce que les gens ont de beau en eux.

Pour rester mince, partagez vos repas avec ceux qui ont faim.

Pour avoir de beaux cheveux, laissez un enfant y passer sa main chaque jour.

Pour avoir un beau maintien, marchez en sachant que vous n’êtes jamais seule, car ceux qui vous aiment et vous ont aimé vous accompagnent.

Les gens, plus encore que les objets, ont besoin d’être réparés, bichonnés, ravivés, réclamés et sauvés : ne rejetez jamais personne.

Pensez-y : si un jour vous avez besoin d’une main secourable, vous en trouverez une au bout de chacun de vos bras.

En vieillissant, vous vous rendrez compte que vous avez deux mains, l’une pour vous aider vous-même, l’autre pour aider ceux qui en ont besoin.

La beauté d’une femme n’est pas dans les vêtements qu’elle porte, son visage ou sa façon d’arranger ses cheveux. La beauté d’une femme se voit dans ses yeux, car c’est la porte ouverte sur son coeur, la source de son amour.

La beauté d’une femme n’est pas dans son maquillage, mais dans la vraie beauté de son âme. C’est la tendresse qu’elle donne, l’amour, la passion qu’elle exprime.

La beauté d’une femme se développe avec les années. 

Autour: Colombe Dieclau

domingo, 1 de novembro de 2020

CÔA BRECA!

 

CÔA BRECA!

Quando se vai a um hospital é porque algo não está bem com a nossa saúde. Pode acontecer que um dos sintomas de que algo está errado seja a temperatura corporal alta, vulgar febre. Um hospital é o lugar adequado para sermos atendidos quando a nossa saúde é precária e precisamos de ajuda médica e medicamentosa. 

Se eu vou ao hospital com sintomas de febre e gripe não posso ouvir da parte dos trabalhadores que ali atendem os utentes para dar meia volta e ir tratar-se num hospital público porque ali não atendem pessoas padecendo destes sintomas.

Agora pergunto eu: um hospital privado é um hospital ou uma casa de putas!

É o que nos têm estado a fazer ao longo de muitos anos os sucessivos (des)governos a "tratar-nos" bem da saúde. 

Longa vida às PPP´s e aos chulos deste país que estão a destruir o nosso Serviço Nacional de Saúde, transferindo criminosamente os recursos humanos e financeiros para os hospitais privados.


João Andarilho

  SÃO JOÃO   "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...