domingo, 31 de dezembro de 2023

 QUO VADIS 2023


Vais-te com pouca saudade

 Ano Horibilis para um mundo

Governado por criminosos engravatados

Para desgraça de milhões de deserdados

Zombies por entre zombies caídos

E a desesperança, a estupefação e a 

incredulidade no olhar de tanta criança

Cujo único pecado e culpa foi terem nascido

No lado errado, na hora errada da vida.

E a besta insaciável, bafienta e pestilenta

 continua a sua safra sanguinolenta sem dar tréguas, 

até que se afogue no mar de sangue que pariu, a Porca. OXALÁ

Créditos João Ferreira 


João Andarilho 



sábado, 30 de dezembro de 2023

quinta-feira, 28 de dezembro de 2023

 

VARATOJO (ARTUR)


Economista, publicitário, advogado, escritor. A minha pessoa conhece-o, fundamentalmente, da escrita de romances policiais e de aparecer na TV e na rádio. Mas já há muitos anos! Era uma pessoa fora das minhas simpatias, achava-o misterioso e enigmático e a literatura do género nunca foi do meu especial agrado. Contudo, foi uma das figuras do nosso pequeno meio cinzentão ligado à escrita, à rádio e TV. A sua imagem de marca era a de fumador de cachimbo e isso aumentava a sua áurea sherlockiana. Paz à sua alma...

Arquivo da RTP

Afinal este era este o Varatojo motivo daquele risinho de escárnio e mal dizer, afinal este não era o Varatojo que eu iria ver actuar naquela tarde/noite, na Festa do Avante!

João Andarilho

 

VARATOJO 


Lembro de, em certa tarde tarde de um Sábado, numa das Festas do Avante! (Não há Festa Como Esta!), o meu amigo João Ferreira me ter questionado: conheces o Luís Varatojo? Ele tem destas coisas. Faz perguntas de chofre e antes que a pessoa responda, abananada com a questão e sem deixar espaço para defesa, faz a segunda acostumada pergunta/ escândalo: não conheces o Luís Varatojo?! Intimidado e desconfortado, lá respondo que sim senhor, conheço o Varatojo. Há muito tempo! era um escritor de policiais e tinha um programa na TV. Olha este! O Camarada João Ferreira, sim, ali somos todos camaradas (e em todo lado deveríamos ser), começou a rir da maneira como só ele ri, aquele risinho de escárnio e mal dizer de gente vencedora e responde "ah! pois! esse! é isso mesmo..." e a risota continua conquanto junta que íamos agora ouvir o "meu"  Luíz Varatojo, que iria actuar de seguida no palco 1º de Maio.

João Andarilho

 

LUTA LIVRE


Panela de Pressão - Luta Livre 


O espectáculo foi impactante porque fiquei a conhecer melhor um cantor cuja voz conhecia de várias bandas e de muitas músicas, mas que não a ligava a este artista que actuava bem à minha frente. Confesso que ouvir ao vivo as músicas e letras de álbuns da Luta Livre foi libertador e foi completamente de acordo com o meu pensamento permanente crítico da hipocrisia e de acordo com a mudança necessária que possa levar a uma sociedade alternativa solidária e sem classes.

Luta livre nasceu de uma necessidade que o Luís teve de, através da música, se expressar de uma forma interventiva, reivindicativa e directa. Abordar os problemas da sociedade através de um discurso que usa palavras e termos fora de uso ou que deixam as pessoas no mínimo desconfortáveis, que as deixa a olhar de lado. No fundo desmascara a hipocrisia. 

Diz ele " vivi de uma forma muito forte a época que se seguiu ao 25 de Abril de 74. A minha maneira de ser foi guiada para um comportamento dentro da sociedade que tem a ver com o olhar à volta, deixar o individualismo de parte, trabalhar em colectivos. Lembro que aos Domingos íamos para a rua limpar as ruas. A Comissão de Moradores fazia isto e organizava bailes e festas. Fomos muito educados para este trabalho colectivo, para um espírito de convívio, de partilha e de reponsabilidade social e cívica, também. Não me passa pela cabeça não votar. Não votar é deixar aos outros essa escolha. Tudo isto está na minha formação." Prossegue " relativamente à Luta Livre, tem uma linguagem muito directa e reivindicativa, vem muito das notícias, uma linguagem directa dos factos. Achei interessante ir buscar palavras que estão em desuso, que não estão na moda, mas não, são palavras do dicionário português e querem dizer coisas como, por exemplo: associações, sindicatos e partidos, as classes dominantes têm horror aos coletivos. aqui quase que não há nenhuma palavra que seja politicamente correcta. São tudo palavras que ninguém gosta de dizer e fazer um exercício estético com isto, usar palavras que ninguém gosta de dizer, que arrepiam. Tudo o que é abordado nasce disso. acho que são coisas de agora, de ontem, da há dez anos, de há vinte anos. Estas questões não passam de época, não são datadas, são reais e faz sempre sentido chamar a atenção para elas e sobretudo através da música que acaba por ser uma forma privilegiada de dizer estas coisas. Acho que é uma forma mais interessante do que discursos meramente políticos. através da música consegue-se pôr as pessoas a pensar nas coisas, é mais instrutivo." - Entrevista ao programa Brandos Costumes da Antena 3

https://open.spotify.com/track/2Nj1spAGXLr1jlwHiBzha1?si=emAJtPshTGaWIyWbZ5be-Q

Foi assim que, agradecido e comovido, vivi aquele magnífico concerto. Obrigado amigo João por mais este momento de pura magia.

Confesso que, na Festa! deste ano, voltei a ter o mesmo privilégio...

João Andarilho

 

VARATOJO (LUÍS)


Extraído da home-page de Luís Varatojo

Músico português, fundador de várias bandas de música rock com letras em português, teve a sua adolescência passada em Sacavém numa época que coincidiu com o período pós-revolucionário, nos anos 70. Fez o ensino liceal na zona de Marvila/Beato e frequentou o curso de Belas Artes. Suponho que não terá acabado por se tornar incompatível com o seu percurso musical. Percurso este que acompanhou o boom do rock português nos anos 80, potenciado, fundamentalmente, pela catedral da música, o Rock Rendez Vous, na Rua da Beneficiência. Na altura com os Peste & Sida e posteriormente com os Despe & Siga, sempre na companhia do seu grande amigo João Aguardela. Mais tarde integrou uma banda constituída por vários vocalistas, Linha da Frente mas não houve química com o projecto, surgindo, então, os Naifa, formados pelo Luís, pelo João Aguardela, pelo Vasco Vaz e pela voz da Mitó. Projecto que pretendia explorar a riqueza da música tradicional portuguesa. Mais tarde aventurou-se pela electrónica e formou o Fandango (essencialmente instrumental). Finalmente, aconteceu o nascimento da Luta Livre, projecto ligado a música de intervenção com uma linguagem muito directa.

João Andarilho

sábado, 23 de dezembro de 2023

 DUNAS


Duna de Sarycum (Daguestão)


 MODERNISMO LÍQUIDO

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"O amor é mais falso que vivido e por isso vivemos um tempo de secreta angústia"

Zygmunt Bauman

sexta-feira, 22 de dezembro de 2023

 O GRITO


Carlos Quezada

Até em tua ausência sou feliz porque cada vez estás mais bonita ao meu olhar. Olho-te de dentro e isso é o bastante. Vejo-te, respiro-te. Em todo o lado em toda a parte. Naquela folha que bamboleia até cair, na alegria daquela criança ou no sorriso amargo da idosa. O cãozito late, o bebé chora, está frio faz calor. A tua ausência está presente, a toda a hora. Mas quando a tua ausência se ausenta e finalmente te apresentas, é um sufoco! O coração é uma bomba, a respiração torna-se pesada. Desconcentro-me e concentro-me. A partir daí tudo se torna relativo a ti. É irrelevante se aquela grita se aquele berra se aquela chora. Passas a ser o centro a partir do qual eu ajo, respiro, falo ou desfaleço. Toldas-me a razão, tento falar saiem sílabas sem nexo, fico patético, ajoelhado, chocado!. O  centro do mundo és tu... 

Que puta de loucura, que insane me tornei. Como é que vou sair deste sufoco, deste desassossego, please, please... isto é ser feliz, god? isto é ser feliz?                                      Pum!

João Andarilho 

quarta-feira, 20 de dezembro de 2023

Imagem Jornal Record 

 KICKBOX


Fiquei atónito! Vi as imagens de mais um episódio do conhecido Kickboxer Pepe, que decorreu no relvado do Estádio de Alvalade, onde o mesmo contracenou com outro brasileiro. Mas este da equipa verde e branca. O meu ar de espanto nada teve a ver com a cena protagonizada pelo zé do costume, que é corriqueira por ser uma anormalidade normal, mas pela passividade do senhor do apito. Este viu perfeitamente o lance, mesmo nas suas barbas ( neste caso, no seu apito) e fingiu que aquilo não era motivo para sanção disciplinar muito menos para a expulsão competente. O jogo iria, certamente, retomar, não fora a intervenção  do VAR. O apitador, contrariado, lá foi ao equipamento e, surpresa das surpresas, achou-se com dúvidas de análise objetiva durante um tempo do tamanho da minha indignação e da indignação de qualquer telespectador isento. Perante tamanha agressão, não restaria a imediata sansão disciplinar de expulsão com a amostragem do vermelho directo. Isto dá azo à especulação, à desconfiança e à descredibilização do futebol português.

Penso eu de que...


João Andarilho 


sexta-feira, 15 de dezembro de 2023

 

CIRCO MAXIMUS


Não oiço tv's/CS portugueses e quejandos, felizmente. Mas como vivo integrado neste país, que adoro, sempre transpira alguma da porcaria através do martelo do ouvido ou da retina da visão. Parece que está de novo montado um circo por causa de eleições para a AR. Também me chegou às fossas nasais, que haverá eleições partidárias no partido que suporta o governo e, como de costume, um dos candidatos prometeu ser o paladino único que irá derrotar a direita, o outro que, eventualmente, irá manter o ministro das finanças que promove e defende essa política de direita. Enquanto isso, um presidente de um partido da oposição afirma que o partido no poder sofre de credibilidade e eu rio-me porque só de olhar para a fronha do personagem é a personificação da falta de credibilidade. De resto, com honrosa excepção, tudo o resto da classe política é esterco e a AR assemelha-se àquela fralda cheia de caca memoravelmente descrita pelo nosso Eça.Bem vindos ao Circo Maximus.


João Andarilho 

segunda-feira, 4 de dezembro de 2023

 

TAKE ME TO CHURCH

My lover´s got humour
She´s the giggle at a funeral
Knows everybody´s disaporoval 
should´ve worshipped her sooner

If the heavens ever did speak
She is tha last true mouthpiece
Every sunday´s getting more bleak
A fresh poison each week

"We were born sick"
You heard them say it
my church offers no absolutes
She tells me, "Worship in the bedroom"

The only heaven i´ll be sent to
 is when i´m alone with you
I was born sick, but i love it
Command me to be well

Amen, amen, amen, amen
Take me to church
I´ll worship like a dog 
at the shrine of your lies

I´ll tell you my sins
And you can sharpen your knife
Offer me that deathless death
And good God, let me give you my live

Take me to church
I´ll worship like a dog at the shrine of your lies
I´ll tell you my sins
And you can sharpen you knife

Offer me that deathless death
And good God, let me give you my live.
If i´m a pagan of the good times
My lover´s the sunlight

To keep the goddess on my side
She demands sacrifice
Drain the whole sea, 
get something shiny

Something meaty for the main course
That´s a fine looking high horse
what you got in the stable?
We´ve a lot of starving faithful
That looks tasty, that looks plenty
This is hungry work

Take me to church
I´ll worship like a dog at the shrine of your lies
I´ll tell you my sins
And you can sharpen you knife
Offer me that deathless death
And good God, le me give you my live.

Take me to church
I´ll worship like a dog at the shrine of your lies
I´ll tell you my sins
And you can sharpen you knife
Offer me that deathless death
amen
And good God, let me give you my live.

No masters or kings when the ritual begins
There is no sweeter innocence than our gentle sin
In the madness and soil of that sad earthly scene
Only then I am human, only then i am clean.

Oh amen, amen, amen
Take me to church
I´ll worship like a dog at the shrine of your lies
I´ll tell you my sins
And you can sharpen you knife
Offer me that deathless death
And good God, let me give you my life

Take me to church
I´ll worship like a dog at the shrine of your lies
I´ll tell you my sins
And you can sharpen you knife
Offer me that deathless death
And good God, let me give you my life

Hozier




Os dogmas são poderosas armas utilizadas para submissão. Onde mais se mostram e praticam do que nas igrejas e lugares de culto de qualquer religião?
Prestar obediência cega ou desobedecer com consciência?



"É, pois, à igreja e aos padres que nós, italianos, devemos esta primeira obrigação de não ter religião nem costumes..." Maquiavel



João Andarilho






domingo, 3 de dezembro de 2023

 

DESOBEDIÊNCIA/OBEDIÊNCIA


Desobediência como acto de liberdade e reafirmação pessoal, segundo Erich Fromm.

A obediência foi considerada uma virtude durante séculos, um valor desejável que os pais incutem nos filhos. Em contraste, a desobediência foi denegrida à categoria de pecado ou anti-valor. Essa concepção está tão arreigada em nossas mentes que nossa poção padrão geralmente é obedecer. No entanto, não podemos realmente ser livres e não podemos nem mesmo ser nós mesmos sem actos de desobediência.

O QUE É A DESOBEDIÊNCIA - E O QUE NÃO É?

O termo obediência vem do latim oboedientia, que indica saber ouvir com atenção. Quando praticamos a escuta atenta, compreendemos e analisamos a mensagem, para que possamos discernir e, acima de tudo, decidir se seguimos ou não a instrução. Portanto, isso implica liberdade. No entanto, ao longo dos séculos, o sentido original da obediência foi mudando, de modo que hoje é entendido como cumprimento da vontade de quem comanda.

Erich Fromm, psicanalista e psicólogo social, oferece uma concepção mais complexa e rica da obediência e sua antítese, a desobediência. " A desobediência, no sentido em que o termo é usado, é um acto de afirmação da razão e da vontade. Não é tanto uma actitude contra algo, mas antes uma actitude para com algo, que implica a capacidade humana de ver, expressar o que vê e rejeitar o que não vê ". Portanto, a desobedência não seria um anti-valor mas, em certas circunstâncias, um acto de coerência, discernimento e reafirmação pessoal.

Fromm também bane a associação errónea que foi criada entre desobediência e violência. " Para desobedecer, não é necessário que o homem seja agressivo ou rebelde: basta que tenha os olhos abertos, que esteja acordado e queira assumir a responsabilidade de abrir os olhos de quem corre o risco de morrer porque mergulharam num estado de sonolência. " Portanto, a desobediência  também é um acto consciente.

" Não quero dizer que toda a desobediência seja uma virtude e toda a obediência um vício [...] O ser humano que só pode pode obedecer e não desobedecer, é um escravo. Em vez disso, a única pessoa que é capaz de desobedecer é um rebelde (não um revolucionário) que age por raiva, decepção e ressentimento, não em nome de uma convicção ou princípio. "

Para Fromm, a desobediência não é um acto gratuito de simples rebeldia, mas o fruto de uma profunda convicção, uma acção racional que nos permite reafirmar como povo e defender nossos direitos. Não nasce do desespero, da frustração ou da simples rejeição, mas da segurança e da confiança pessoal. Não é uma posição contra algo - mesmo que implique - mas uma posição que visa defender algo.

No seu livro " On Disobedience and Other Essays ", descreve a única excepção que, em sua opinião, pode justificar a obediência. A obediência é válida quando implica aceitar a autoridade de outra pessoa ou instituição de forma consciente e ponderada, pois nossos objectivos vão na mesma direcção de que exige obediência, de modo que este acto não é uma submissão cega, mas é conveniente para ambas as partes.

Por "Pensar Contemporâneo"

Retirado da net


sexta-feira, 1 de dezembro de 2023

 

1640


Nunca fui muito à bola com espanhóis e espanholitos.

Abaixo os Vasconcelos, Pum!

Retirado da net


João Andarilho

  SÃO JOÃO   "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...