quinta-feira, 30 de abril de 2020



JOAQUIM AGOSTINHO


Passam hoje 36 anos da data fatídica para o grande campeão português de ciclismo, Joaquim Agostinho!
No final de uma etapa no Algarve, um malfadado cachorro atravessou-se na vida do campeão. Sem a assistência médica competente e adequada para o acudir e, após várias cirurgias a que foi sujeito, acabou por falecer 2 dias depois do acidente.
Ao malogrado ciclista, ao campeão e ao humilde torrejano a minha eterna homenagem.

Créditos do autor


João Andarilho

segunda-feira, 27 de abril de 2020



AMSTERDÃO


< Amsterdão orgulha-se com justificado fundamento das excelentes escolas que possui: trezentas e quarenta e três escolas de instrução primária; duas escolas para formar professores de instrução primária; um ginásio; uma universidade; quatro seminários de diferentes religiões; três escolas superiores públicas com cursos de três a cinco anos; uma escola superior católica; uma escola particular para raparigas; uma escola de comércio com o curso de três anos; três escolas para formar operários; duas escolas de marinha; uma escola de indústria para raparigas; uma escola de teatro; sete escolas de música; oito escolas de ginástica; uma escola de natação; uma escola de belas-artes, academia das artes plásticas; vários jardins de infância, etc. >

AmazingPlaces.com

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Ramalho Ortigão Tomo IX - Geração de 70


Isto no final do Século XIX (anos 90): um país desenvolvido, um povo educado e instruído, uma potência europeia. 
Cento e trinta anos depois mantém-se uma diferença assinalável  de desenvolvimento entre Holanda e, por exemplo,  Portugal, um país com o dobro do território e com menos um terço de população. O período obscurantista de 48 anos de ditadura aprofundaram o desnível entre estas duas nações.

João Andarilho




domingo, 26 de abril de 2020



QUARENTA E SEIS ANOS


... depois do 25 da Abril de 1974, em jeito de um breve balanço, posso dizer que se vive incomparavelmente melhor a todos os níveis. A democracia com períodos menos democratas e outros períodos de melhor aproximação, permitiu uma melhoria das condições de vidas dos povos das nossas terras ainda que gritantes fragilidades continuem a existir, assimetrias abissais entre regiões e assimetrias correspondentes no nível de desenvolvimento que não podem ser admissíveis num regime democrático. A corrupção e o compadrio estão bastante desenvolvidos, os grandes grupos económicos estão cada vez mais poderosos e comandam os governos. O capital e a burguesia são a origem dos atrasos  e da pauperização dos rendimentos da população. A ganância atingiu níveis nunca antes alcançados, o garrote aperta à volta dos mais desfavorecidos. A classe média sofre as consequências desta economia de mercado ultra-liberal, capitalista. Quem mais sofre são os mais desprotegidos  com a saga das privatizações de tudo o que era do Estado e dava lucro, com a privatização dos sectores estratégicos da Nação como os aeroportos, as comunicações, a água e electricidade e o os correios, os transportes e a companhia de aviação de bandeira. O país foi vendido ao capital estrangeiro o país está de cócoras com uma dívida impagável e acorrentado às directrizes, das grandes potências da UE, tendo como instrumentos o EURO e a UEM.
Diria que, após 19 meses que se seguiram ao 25-04-1974 em que houve um efectivo desenvolvimento do país em passo acelerado, interrompido pelo 25-11-1975, o regime fascista deposto adaptou-se à "democracia" e controla-a. O que mais aflige é o nível extremamente baixo de consciência política do povo português, mais vítima de que culpado. O polvo que nos agrilhoa, que nos asfixia em seus tentáculos domina estrategicamente todas as estruturas de poder e a mais estratégica é a CS (comunicação social) e isto desde há 45 anos! Fez mossa! estamos de rastos, desinteressados e queixosos como  calimeros. O resultado desta política é o nível incrivelmente espantoso da abstenção e o crescimento do populismo fascista (extrema direita) fruto de todas estas circunstâncias.  A falta de uma maioria política na Assembleia da República nestas duas últimas legislaturas permitiu que medidas ainda mais gravosas contra o povo português tivessem sido adoptadas e foi graças a iniciativas políticas e propostas de lei dos partidos mais à esquerda do parlamento, o Partido Comunista Português e o Bloco de Esquerda, que permitiu uma pouca e lenta recuperação dos rendimentos e menos perdas de direitos.
Para azar do nosso povo, surgiu no pior momento a pandemia de saúde, chamada de COVID 19, que abanou a nossa economia e as nossas vidas. Vamos ver como vamos sair de tudo isto. Dizem que nada vai ficar como dantes. Sinceramente isso seria um bom sinal para as pessoas porque a esperança é que o capitalismo tal como o conhecemos seja destruído e o bem maior que são as pessoas, assumam o protagonismo como agentes privilegiados da vida neste planeta.




João Andarilho

sexta-feira, 24 de abril de 2020




HIPOCRISIAS


Hoje, por via de uma pandemia que promove alterações comportamentais, deparamo-nos com desvios que se podem classificar de altamente hipócritos dentro de uma sociedade. Exemplos não faltam mas são muitos. A prática do lay-off, tornada legal pela acção governativa, enquadra-se num comportamento desviante, hipócrito, que lesa sem fundamento a vida de milhares de trabalhadores que, à força do seu trabalho ajudaram à multiplicação do lucro dessas empresas e que agora os colocam numa situação desesperada. É precisamente num momento de emergência que os donos dessas empresas deveriam proteger quem lhes garante o lucro. Este, acumulado ao longo de anos, deveria ser a almofada que permitiria a manutenção do salário neste momento excepcional. Pouquíssimos patrões o fizeram, são a excepção que, infelizmente, confirma a regra. 
Quando a pessoa é contratada para exercer uma actividade remunerada um aperto de mão deveria ser o suficiente para registar ou certificar esse vínculo. É a honra das partes o selo de garantia e de compromisso. É isso que falta no sistema pouco humano de relação no mundo do trabalho.



A origem do cumprimento com a mão vem de há séculos. Queria demonstrar que nada tínhamos na mão, que não éramos uma ameaça. Hoje serve para criar a primeira relação na comunicação. Sentimos desconforto sempre que alguém nos deixa de mão estendida, é um sinal de afastamento. É este sinal que é deixado no coração desses trabalhadores. E dói...

João Andarilho

quinta-feira, 23 de abril de 2020



MOINHOS

Não, não vou escrever sobre o antigo avançado do SLB. São outros moinhos, aqueles com grandes velas e porte magestático que se vêem por muitas paisagens campestres. A mim sempre me fascinou a visão destes mastodontes e o movimento contínuo e giratório das suas velas. É bela a sua visão. A imagem que tenho destes gigantes é que servem para moer o trigo, ponto final. Porém, não é bem assim e quem me abriu o conhecimento para a multiplicidade de possíveis utilizações, foi um extraordinário escritor português contemporâneo de outros grandes escritores lusos do século XIX de nome Ramalho Ortigão.

No livro IX da sua "Geração de 70", que me emprestou o meu especial amigo João Ferreira, escreve-nos sobre a Holanda e é da Holanda que a páginas tantas nos descreve os moinhos holandeses da seguinte forma:
« Zaandam é a metrópole dos moinhos. Há-os por toda a Holanda, mas em nenhuma outra parte reunidos em tão enorme quantidade como aqui.
Abrangem-se cerca de mil numa numa só vista de olhos do golfo do Y ou, do alto do dique a que se abriga a povoação.
Não têm como os moinhos portugueses, quase todos abandonados e em ruínas, o aspecto arqueológico de antigos vestígios de vida pastoral.
Construídos de madeira e repintados em cada ano, parecem todos novos... são em geral pintados de preto até ao eixo da vela, a cúpula verde avivada e branco, ou branca avivada de verde, e o umbigo do eixo escarlate, azul ou doirado.
Assim reunidos e bracejantes a toda a extensão de campina, que aviventam de uma animação fantástica, parece que cada um deles vive de uma animação especial, de uma vida própria. Uns movem-se lentamente como quem se espreguiça num bocejo. Outros giram com mais rapidez, certos, bem compassados, como trabalhadores diligentes e metódicos. Há-os que parecem estremecerem de quando em quando num tique nervoso, ou suspenderem-se em espasmos soluçantes. Alguns redemoinham vertiginosos, frenéticos, em fúria, como doidos... outros jazem lugubremente imóveis como defuntos, amortalhados no véu transparente da neblina, com os dois braços brancos em cruz sobre o burel negro.
Têm, como digo, uma expressão individual, uma fisionomia. Ao pé dos grandes moinhos enormes, colossais, há moinhos mais pequenos, de todos os tamanhos - ia a dizer de todas as idades -, alguns tão pequenos que não trabalham, brincam apenas, uns tão aconchegados ao moinho grande que parece irem pela mão, outros poisando-lhe em cima como se estivessem ao colo.»

m.folha.uol.com.br

Maravilhoso este rendilhado descritivo. Mas continua o nosso ilustre português com a descrição das múltiplas funções dos moinhos que, eu, de todo, por desconhecer, fiquei deslumbrado. Continua assim:

« Empregam-se em toda a espécie de mesteres. Estes são simples moleiros, na acepção primitiva da palavra; moem milho ou moem cevada. Aqueles são lagareiros, e espremem as plantas oleaginosas de que extraem  os óleos industriais e os óleos comestíveis dos Países Baixos. Há-os carpinteiros, há-os droguistas, há-os cordoeiros; serram pranchas, racham lenha, cardam linho, torcem cordas, moem tintas. Há-os também fabricantes: fabricam massas, fabricam goma, fabricam papel, fazem cimentos de construção e fazem mostarda. Há finalmente os moinhos de qualificação científica, os moinhos de profissão liberal, os moinhos engenheiros, personagens técnicos, funcionários oficiais incumbidos da administração hidráulica do país, enxugando as terras paludosas, regando as terras secas, dissecando os pântanos, limpando os canais, mantendo regularmente no solo o nível geral das águas

ducsamsterdam.net
Que me dizem? esta descrição da utilidade do moinho é absolutamente fantástica e deliciosa. Isto passava-se no século XIX. O moinho era o motor da economia holandesa e dele dependia toda a vida de um povo. Certamente que o mesmo não sucedia no nosso país pela afirmação supra, feita pelo escritor acerca dos nossos moinhos. Um dia, seria fantástico voltar a vê-los pelos nossos campos, não transformados em apartamentos de turismo rural, mas sim na sua verdadeira função para que foram concebidos. O ambiente agradecia e os produtores também.

In "Geração de 70" - Ramalho Ortigão

João Andarilho

quarta-feira, 22 de abril de 2020


LÉNINE 150 ANOS
(Declaração de Secretário-Geral do Partido Comunista Português)


https://youtu.be/3Br4WP4eXYw


V.I. LÉNINE
 22-04-1870/21-01-1924

150 ANOS






Comemora-se, hoje, 22 de Abril de 2020, o 150º aniversário do nascimento de Vladímir Ilich Uliánov (Lénine).
Licenciado em Direito, dedica-se essencialmente a defender os camponeses pobres. Influenciado pelos ensinamentos de Marx e Engels, organiza um círculo marxista em 1882, cujos membros, para além do estudo de Marx e Engels, realizam uma intensa propaganda do marxismo. 

Em 1899, é publicado o "O Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia", obra de Lénine sob o pseudónimo de "Vladímir Iline".

Em 1902, é publicado o seu livro "O Que Fazer?" que desempenhou um imenso papel na estruturação no Partido Operário Social-democrata da Rússia. 

Em 1906, publica "Um Passo em Frente, Dois Passos Atrás".

Em Julho de 1905, é publicada a sua obra "Duas Táticas da Social-Democracia na Revolução Democrática". 

Em 1909 é publicado em Moscovo o livro de Lénine, sob o pseudónimo de "Vladímir Iline", "Materialismo e Empiriocriticismo".

Em Dezembro de 1910, Lénine publica mais de 50 artigos  e notas na revista Misl ( O Pensamento) de Moscovo e no jornal Zvesdá em São Petersburgo. Sob a sua direcção este jornal torna-se um verdadeiro e combativo jornal marxista. 

Na primavera de 1912 é fundado em São Petersburgo, o jornal  bolchevique PRAVDA, cujo primeiro número saiu em 22 de Abril (5 de Maio).

Em Abril de 2017, já depois da queda do Czar e do seu regime, é publicada a obra "Imperialismo, Fase Superior do Capitalismo". 

A 4 de Abril de 1917, participa numa reunião de bolcheviques, onde leu as teses "Sobre as teses do proletariado na presente revolução", as quais entraram na história sob o nome de "Teses de Abril".

Em Agosto  de 2017, escreve as importantes obras " O Estado e a Revolução, a catástrofe que nos ameaça e como combatê-la".

Em Outubro escreve a obra " Conservarão os bolcheviques o poder de Estado?".

Na noite de 25 de Outubro de 2017, é lida a "Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e Explorado", da qual Lénine foi o autor e que serviu de base à primeira constituição soviética.

Em Outubro de 1918 é publicado o livro " A Revolução Proletária e o Renegado Kautsky".

Em 2020, escreve o livro "A Doença Infantil do «Esquerdismo» no Comunismo".

Em 13 de Novembro de 1922, já gravemente doente, no IV Congresso da Internacional Comunista, apresenta o relatório " Cinco anos da revolução russa e as perspectivas da revolução mundial ".

Entre Novembro de 1922 e Fevereiro de 1923, ditou os seus últimos e bem conhecidos artigos: Carta ao Congresso, Páginas do diário, Sobre a cooperação, Sobre a nossa revolução, Como devemos reorganizar a inspecção operária e camponesa? e É melhor menos, mas melhor

Em 21 de Janeiro de 1924, às 18:50 horas, Lénine sucumbiu a um derrame cerebral.

Fonte " Sítio do Partido Comunista Português"


João Andarilho






22 e ABRIL


Neste dia e neste mês nasce muita gente e comemora-se o nascimento de muitos mais. Neste dia e neste mês há 28 anos nasceu o meu primogénito João de seu nome. O seu nascimento abanou a pessoa que então passou a ser pai, precisamente porque sê-lo implicou a assumpção instantânea da inerente responsabilidade e isso foi sentido no momento em que, tremendo de emoção, o senti nos meus braços.
A ti meu pequenino um abraço de pai.


João 

segunda-feira, 20 de abril de 2020



HALLEY


O Cometa fez por passar perto do planeta em 19 de Maio de 1910. Jesus, que o mundo estava prestes a acabar segundo as previsões, nesse dia de Maio. Já não iríamos ter oportunidade, cá na lusa pátria de assistir ao fim da monarquia e à inauguração da República. Havia que tomar providências e viver o máximo até às últimas consequências!
Não sei o que por acá sucedeu nesses dias de expectativa terrena, mas em França o ocaso da vida, a espada que nos estava a nós terráqueos e a todas as espécies de vertebrados e invertebrados destinada, fez gerar o pânico e grande apreensão. Sobre este acontecimento dramático, porém, chegou aos nossos dias sob a forma de postal ilustrado vindo de Paris, a caricatura magnífica do terror dos parisienses e a fuga para a Lua e Marte. Pormenor delicioso, num dos postais, um casal abraçado à espera do desenlace fatal. No fundo a serenidade no meio do caos. 




Fonte "Ephemera - Bibloteca e Arquivo de José Pacheco Pereira"

João Andarilho

domingo, 12 de abril de 2020



CHINA 


Nos tempos que correm, muito se tem falado da China e de chineses a propósito do Covid19, vírus que, supostamente, teve origem numa província chinesa e que, rapidamente, se globalizou obrigando a OMS a decretar o estado de pandemia a nível planetário.



Muito se fala sobre uma civilização de 5000 anos mas pouco dela se conhece. Para ajudar um pouco ao conhecimento de uma cultura tão antiga e fascinante, passo a transcrever uma parte das Cartas Escritas da Índia e da China nos anos de 1815 a 1835, de José Ignácio de Andrade a sua mulher D. Maria de Gertrudes:










João Andarilho



  SÃO JOÃO   "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...