QUINO (Joaquín Salvador Lavado)
Gracias amigo...
João Andarilho
Aventura, arte, literatura, coisas da vida, banalidades e curiosidades
ADOLFO
Quando oiço este nome o meu sexto sentido activa um alerta de perigo que me deixa com a pelugem eriçada. Porém, ao escrever sobre o Adolfo, melhor, escrevendo sobre Adolfo Augusto Martins da Cruz Morais de Macedo, aliás, Adolfo Luxúria Canibal, seu nome artístico, a pelugem não deixa de ficar eriçada mas por bons motivos. É espantoso o percurso de vida e artístico deste caluanda, nascido no dia de Natal de 1959. Diria que é um homem de grandes convicções que se manifestam no seu trabalho artístico, na sua maneira de ser e se reflectem na sua vida particular.
É tão rico aquilo que nos tem deixado nas suas andanças do teatro à música, passando por intervenções em áreas ligadas ao espectáculo e televisão que a cultura se tornou mais robusta, mais democrática, mas também mais polémica e rica.
Documentado fica este link https://youtu.be/KlMAfciajyU para o trecho "A Minha Amada" incluída no álbum " No Fim Era o Frio", dos Mão Morta, banda de que é vocalista... simplesmente de outro Universo!
Deliciem-se...
João Andarilho
DYLAN
https://youtu.be/4K_YPW-_Vnk
Mozambique
DYLAN
SARA
I laid on a dune, I looked at the skyVÍCTOR
Sentado no carro, estacionado, ouvindo a belíssima Sandra Nasic, momento lúdico que, repentinamente, foi perturbado pela visão assustadora do Víctor atravessando a rua, de um lado para o outro, com a ajuda de uma canadiana, de passo curto, cambaliante, parando, hesitante, até que, ao alçar a perna para subir para o passeio estatela-se quase fazendo uma cambalhota, completamente desamparado. No rosto, o medo, talvez a vergonha. O susto e a impotência, o peso da idade, tudo de repente num microsegundo de suspense.
Felizmente, aparentemente, tirando umas arranhadelas no cotovelo e pulso o Victor não partiu nada. Ajudei-o até à entrada de sua casa, que não era longe e desejei-lhe as melhoras.
O Víctor é igual a milhares de Víctores deste país. Só, acorrentado ao peso da idade, padecendo da degeneração física progressiva e um dia mental, abandonado e esquecido. Não passa agora de um trapo ao olhar dos que com ele se cruzaram e desapiedaram, fingindo que não o viam. O Victor é agora um fantasma longe das grandes preocupações daquela que por ele passou, fingida, insensível, ao telemóvel.
O Víctor é agora um trapo uma vida descartável.
Fica bem Víctor, espero que tenhas almoçado bem. Bom fim de semana.
João Andarilho
OMNÍVORO
Sempre achei de uma grande coragem e de certa forma até considero que possa consubstanciar algum tipo de penitência, a decisão de uma pessoa se tornar vegetariana ou, ainda mais radical, vegan.
Este é um mundo em que o sujeito está permanentemente exposto e sujeito a pressões da mais variada ordem 24 X 24 horas ao longo da sua vivência. Tanto que, de tanta pressão, acaba por tomar decisões com implicações que poderão ter consequências nefastas para o seu Eu. São modas e apesar de tudo, felizmente, há sempre quem não as pape.
Ser-se vegetariano ou vegan, no meu juízo, é um anacronismo. Ora, se a espécie homem ou homo sapiens, que é o que somos, é omnívora, esta decisão só pode ser uma decisão carregada de culpa. Umas sessões de psicanálise vinham a calhar.
Gostava de entrar na mente de um vegan, com todo o respeito para quem o seja, no momento em que, passando junto de um omnívaro sem resquícios de culpa, que vai preparando na sua churrasqueira um suculento assado de febras e de enchidos insuflando de bons cheiros os narizes próprios e alheios, dizia, e apreciar a sublevação que irrompe naquele cérebro, naquelas papilas gustativas e por todo o sistema gástrico do nosso penitente.
Bon appétit
Ne soi pas Vegan tu es Sapiens
João Andarilho
VITOR JARA
VITOR JARA
Faz hoje 47 anos que Vitor Jara, professor, director de teatro, poeta e cantautor foi assassinado pela ditadura do sanguinário Pinochet.
Viva o povo chileno
João Andarilho
BIG BANG (matéria, energia, espaço, tempo)
Catorze mil milhões de anos (14 000 000 000) é a provecta idade do nosso Universo. É um número tão absolutamente devastador tendo em conta a humana escala do tempo, que me sinto cilindrado pela insignificância da nossa existência.
Matéria, energia, espaço, tempo, surgiram naquilo que é comumente designado pelo BIG BANG e é à história de todos estes aspectos que chamamos FÍSICA.
Trezentos mil anos após este extraordinário acontecimento, a matéria e a energia começaram a fundir-se dando origem a estruturas complexas: os átomos combinados com moléculas. E é à história de tais estruturas (interacção entre átomos e moléculas), que chamamos QUÍMICA.
Há cerca de quatro milhões de anos, num planeta azul chamado Terra, certas moléculas resolveram combinar-se, formando estruturas com tamanho a que chamamos organismos e é à história dos organismos que designamos por BIOLOGIA.
Setenta mil anos atrás, organismos pertencentes à espécie Homo Sapiens, começaram a formar estruturas ainda mais elaboradas chamadas culturas. Aos ulteriores desenvolvimentos dessa culturas dá-se o nome de HISTÓRIA.
Fonte: "História Breve da Humanidade" de Yuval Noah Harari
João Andarilho
O DIA SEGUINTE
Foi a melhor Festa do Avante! de sempre! E porquê? Aproveitámos para reforçar a dose da Vacina Contra o Medo.
Já está em preparação a próxima edição da Festa do Avante! em 2021.
João Andarilho
DIA 3
E CADA VEZ SOMOS MAIS
Pela espora da opressão
pela carne maltratada
mantendo no coração
a esperança conquistada.
Por tanta sede de pão
que a água ficou vidrada
nos nossos olhos que estão
virados à madrugada.
Por sermos nós o Partido
Comunista e Português
por isso é que faz sentido
sermos mais de cada vez.
Por estarmos sempre onde está
o povo trabalhador
pela diferença que há
entre o ódio e o amor.
Pela certeza que dá
o ferro que malha a dor
pelo aço da palavra
fúria fogo força flor
por este arado que lavra
um campo muito maior.
Por sermos nós a cantar
e a lutar em português
é que podemos gritar:
Somos mais de cada vez.
Por nós trazemos a boca
colada aos lábios do trigo
e por nunca acharmos pouca
a grande palavra amigo
é que a coragem nos toca
mesmo no auge do perigo
até que a voz fique rouca
e destrua o inimigo.
Por sermos nós a diferença
que torna os homens iguais
é que não há quem nos vença
cada vez seremos mais.
Por sermos nós a entrega
a mão que aperta outra mão
a ternura que nos chega
para parir um irmão.
Por sermos nós quem renega
o horror da solidão
por sermos nós quem se apega
ao suor do nosso chão
por sermos nós quem não cega
e vê mais clara a razão
é que somos o Partido
Comunista e Português
aonde só faz sentido
sermos mais de cada vez.
Quantos somos? Como somos?
novos e velhos: iguais.
Sendo o que nós sempre fomos
seremos cada vez mais!
Ary dos Santos
DIA 2
A PRIMEIRA TROMBETA
Para a Carol Loff
Atravessamos descalços a planície vermelha.
Em cada cela um condenado sonha,
Deitando a cabeça loira no ombro da distância
E fumando navios.
Em cada porto um veleiro fantasma aparelha para a grande
[viagem proibida,
Carregado de esperanças e palavras que não têm guarida
[em nenhum sítio da terra.
Atravessamos descalços a planície vermelha.
O sinal dos tempos apunhala-nos a memória.
Nada reconhecemos
A não ser a face impassível que nos ameaça,
A sombra das idades que nos persegue,
A terrível violência da voz que nos acusa
E nem o sangue dos séculos consegue aplacar.
Atravessamos descalços a planície vermelha
Onde quer que paremos, espera-nos o cavaleiro da
[armadura de ferro,
Trespassando-nos o corpo com seus olhos de fogo
E não deixando nem um segredo aos nossos corações
[aflitos,
Nem um soluço às nossa gargantas estranguladas.
Atravessamos descalços a planície vermelha.
As cidades destruídas dormem ao relento do ódio,
As sentinelas de sal vigiam o repouso petrificado dos
[deuses,
A noite assiste em silêncio
A todos os crimes perpetrados no horizonte.
Atravessamos descalços a planície vermelha
Os agoiros do céu predizem-nos os passos,
Os indícios do vento gelam-nos os ossos.
Despojados de lágrimas devoramos o medo
Enquanto em cada porto um veleiro se afunda,
Enquanto em cada cela se assassina um anjo.
Ary dos Santos
DIA 1
PORQUE SIM...
Passeando um dia destes com pessoa amiga por entre uma extensão de relva recentemente cortada, achou-se a dizer, cheia de prazer o quanto lhe sabia bem sentir aquele cheirinho a relva cortada e a madressilvas. Ao contrário, queixou-se da sua relva que estava sempre infestada de trevos e que já tinha tentado de tudo para acabar com essa praga.
Então, perguntei-lhe porquê, porque é que achava que os trevos eram uma praga na sua relva. "Porque sim", respondeu ... É a resposta comum para quem não encontra fundamento ou explicação a uma questão posta assim de chofre. Porquê?
Há uma estória que me lembro de me ter sido contada e que reza mais ou menos assim: acho que se passa na América no dia de Acção de Graças, quando são sacrificados milhões de infelizes perus. A dada altura a filha pergunta à mãe porque razão trincha o cu do peru antes de o introduzir no forno. A resposta foi "é a receita filha e foi-me assim transmitida pela avó". Mas a filha não ficou satisfeita e insistiu por melhor justificação. A mãe, porém, não encontrando melhor resposta, resolveu, por sua vez, ligar à sua mãe. A resposta da avó foi exactamente a mesma "é a receita filha, no meu tempo o forno era pequeno e para poder lá colocar o peru, tinha que trinchar-lhe o cu".
Em tempos idos, os trevos faziam sempre parte dos mais belos jardins. Não se podia conceber um jardim sem trevos. Aliás quando se compravam sacos de sementes de relva para semear eles continham uma parte de sementes de trevos. Porquê, pergunta-me o leitor: porque era graças ao trevo que os jardins, no verão, se mantinham com aquele aspecto verde e viçoso e isto porque o trevo absorve o ozoto do ar que, por sua vez, o fornece ao relvado fertilizando-o. O que se pode pedir mais! Era assim, antigamente.
Só que o belo não iria durar para sempre. Há sempre forças do mal que aproveitam a ingenuidade das pessoas para fazer dinheiro e gerar lucro. Apareceram umas multinacionais a vender herbicidas para eliminar as ervas daninhas. Todavia, com as ervas daninhas também eram eliminados os precisos trevos. O resultado foi que deixaram de vender o herbicida. Como é que o raio das multinacionais resolveram o assunto? Assim: investiram milhões em publicidade formatando a cabeça das pessoas no sentido de que, um belo jardim, um belo relvado só poderia ser belo se só tivesse relva. O trevo, como as ervas daninhas, passou a ser uma praga e desagradável visão no meio de um belo jardim de relva. Resultado, aumentaram brutalmente as vendas de herbicida e mais, com isso a venda de fertilizante porque a relva começou a precisar de azoto. E esta, hein!
A vida é assim: às vezes não sabemos que o que vemos como um problema é, de facto, por vezes a solução...
João Andarilho
SÃO JOÃO "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...