DOMINGO, SEGUNDA-FEIRA, TERÇA-FEIRA, QUARTA-FEIRA, QUINTA-FEIRA, SEXTA-FEIRA, SÁBADO
São estes os assim designados dias da semana em Portugal e nas ex:colónias portuguesas. Mas por que raio se designam de uma maneira tão diferente dos outros países?
A culpa é de um bispo nascido em 510, na actual Hungria e morto em 579, bispo dos suevos que, na altura, tinha como capital Bracara Augusta. Martinho de Dume era o seu nome e era Bispo de Braga. Teve a proeza de converter os suevos ao catolicismo e, mais impressionante , num Concílio de Braga, acabou com os nomes pagãos dos dias da semana (Solis dies, Lunae dies, Martis dies, Mercurii dies, Jovis dies, Veneris dies, Saturni dies), velha designação romana, substituindo-os por nomes ligados ao culto eclesiástico e dedicado às festas litúrgicas, ( Dominica dies, Feria secunda, Feria tertia, Feria quarta, Feria quinta, Feria sexta e Sabbatum). No latim, Feria queria dizer Festa. Com o passar dos anos e com o desenvolvimento da língua portuguesa, Feria foi substituída por Feira, porque Feira era o dia de mercado. Aportuguesados, passaram os dias da semana a ser designados da maneira como hoje são. E porque é que Terça-feira, não passou a ser Terceira-feira? Estranho e curioso! Pois, porque seguiu a pronúncia latina do seu original, Tertia.
Com a unificação da nação portuguesa tem-se como explicação para a manutenção dessa originalidade tão pobre, tão medíocre, o facto de a mesma já se mostrar enraizada havia cerca de meio século.
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Felizmente, Sua-Eminência não conseguiu, embora tenha tentado, alterar o nome pagão dos planetas porque actualmente são conhecidos. Seria esquisito, não? Que raio teria a criatura na cabeça para baptismo dos mesmos?
Mas, voltando aos dias da semana, olhem só como era bonita a justificação pagã, dada pelos romanos:
Solis dies, o dia do sol: a semana deveria começar com um dia de descanso, de culto aos deuses, e ao maior astro, o sol, para serem abençoados pelos dias que se seguiriam; Lunae dies, o dia da lua: segundo astro mais importante para o culto romano, o segundo dia da semana era dedicado à lua, e a sua influência no plantio e nas marés; Martis dies, dia de Marte: para o deus da guerra, um dia dedicado à prática das artes da guerra e dos exercícios físicos e desportivos; Mercurii dies, dia de Mercúrio: dia dedicado ao patrono dos comerciantes e viajantes; Jovis dies, o dia de Júpiter: o “Deus Pai”, Júpiter (Diu Pater) era o criador da natureza, das chuvas, das colheitas, portanto este dia era dedicado à natureza e seu criador; Veneris dies, o dia de Vénus: o astro mais brilhante do céu era também o símbolo do ouro, e por isso este dia foi dedicado a Vénus, pois era neste dia que os soldados romanos recebiam seus pagamentos, em ouro; Saturni dies, o dia de Saturno: ao deus do tempo foi dedicado o último dia da semana (septi mana – sete manhãs), e era um dia dedicado à reflexão, descanso e às ceias com a família.
Concluindo, nada de bom veio ao mundo com o fanatismo religioso e, já agora, com o aparecimento da espécie humana no planeta, a praga, como bem referiu o grande David Attemborouh...
João Andarilho