quarta-feira, 27 de fevereiro de 2019





                                      "Cerra os olhos, espeta as orelhas e, do mais suave som
                                      ao mais selvático barulho, do mais simples tom à mais
                                      elevada harmonia, do grito mais violento e apaixonado
                                      às mais gentis palavras da doce razão, é a Natureza que
                                      fala, revelando o seu ser, o seu poder, a sua vida e a sua 
                                      afinidade, para que uma pessoa cega, a quem é negado 
                                      o mundo infinitamente visível, possa captar a infinita
                                      vitalidade daquilo que pode ser ouvido."

Johann Wolfgang  Von Goethe

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019



TEM DIAS 


Há dias assim. Ontem acordei com uma imensa vontade de não sair de casa e achei insuportável a obrigação de me arrastar até ao local onde vou produzir aquilo que me é dado produzir e do qual só me é retribuído, em termos salariais, uma metade do que produzi. O que me foi "gamado" fica para o Estado e uma parte vai parar aos bolsos de um bando de criminosos supostamente ao serviço do povo.

Aquilo que faço e do qual me deveria orgulhar por ser um serviço que presto aos meus concidadãos, por força de um tremendo sentimento de injustiça, de desrespeito e falta de reconhecimento por parte do Estado, torna-se um processo rotineiro, sem perspectivas de valorização humana e pessoal, esgotante psicologicamente e atreito a eventuais disfunções e sentimentos contraditórios.

Quando aquilo que fazemos ao longo de uma vida de trabalho merece como reconhecimento o desprezo e a humilhação por parte do patrão Estado, está tudo dito.

Não entendo, porém, como cerca de 50% dos potenciais concidadãos eleitores entende, que o melhor que se tem como resposta é a abstenção ao direito de escolherem uma alternativa válida ao estado em que esta "porra" chegou. Daí sempre ter votado e sempre votarei de acordo com a minha consciência. Aliás muitos se sacrificaram até com a própria vida, para que um dia os portugueses tivessem voto livre e vivessem num país com liberdade de expressão e num Estado de Direito.

Por isso, pensando que a actual perspectiva não é famosa, entendo que o caminho é o de porfiar para que as coisas se alterem em favor de quem trabalha e produz e não daqueles que vivem dos rendimentos do trabalho. O que se vê hoje em dia é que a boa vida está do lado de gente sem escrúpulos. 

Ainda acredito que a Justiça se realize e que quem tenha que pagar pelos seus actos seja condenado e acabe na prisão que é o lugar certo para tanto criminoso que delapida, à grande e à francesa o que é de todos.

Desabafei. Melhorei

João Andarilho

domingo, 24 de fevereiro de 2019



DINOSSAURIUS


Hoje foi dia de trail, Troféu dos Dinossauros, na Lourinhã, mais concretamente com partida da Praia da Areia Branca. 


Resolvi chegar ao local de bike devidamente apetrechado. Não para correr ou caminhar mas para tirar alguns retratos da família de corredores a que pertenço. 
De Canon ao pescoço lá me pus ao caminho num dia solarengo e prazenteiro tendo-me juntado a alguns dos meus amigos e companheiros da equipa "Tálento para Correr Team", de que orgulhosamente faço parte. 


Umas centenas de participantes formavam uma multidão heterogénea e colorida quanto mais não seja para usufruirem do belíssimo dia e das magníficas paisagens desta região limítrofe do distrito de Lisboa. 

Antes da partida sorveu-se uma "bica" para dar ânimo já que a adrenalina estava instalada e o nervoso miudinho colava um friozinho na barriga.
De saída o pelotão lá se foi esticando pelo percurso delineado com algumas dificuldades técnicas, quanto mais não seja para ultrapassar uns canaviais com alguma água e lama à mistura. 

Ainda os acompanhei durante algum tempo, mas depois decidi fazer companhia ao meu amigo JC, poeta de Valmedo, que acabou por abandonar o pelotão devido a lesão já antiga no tornozelo, cuja cicatrização tarda. 



O trajecto rumo a casa estava decidido e foi bom. Porque JC é um poeta e da vida diz muitos poemas versando de tudo um pouco, desde estrofes de boa música e guitarradas imaginadas até à original pastorícia de galos e galinhas (quem diria!) e por fim a alegria estampadas na cauda e nos latidos do seu bom companheiro de quatro patas, James para os amigos. 


Foi uma manhã em cheio e a tarde prometia algum sossego no aconchego do sofá a pensar no que agora acabo de escrever.

Bom fim de semana.

João Gamito


DESFOLHADA


" Acto de extrair a espiga de milho. "

Não, não estou a falar de agricultura mas da canção que representou o nosso país no Festival da Canção de 1969, Desfolhada, com letra de José Carlos Ary do Santos, o compositor Nuno Nazareth Fernandes e cantora, Simone de Oliveira.

Num país amorfo e retrógrado, vergado pela censura era chegado o momento de fazer algo de diferente em termos musicais. Intempestivamente aparece Ary dos Santos à frente de Simone propondo-lhe que desse voz a este poema desfolhada. Não foi fácil encontrar a voz. Simone aceitou e com isso aceitando também o risco de interpretar uma letra que fugia aos parâmetros da tradição, do balofo e do bafio salazarentos.

Não era uma letra fácil de interpretar e a própria chegou a confessar o nervosismo e até a dificuldade em decorar a letra no momento que antecedeu a sua actuação.

Alvo de censura por parte da CS e de insultos por parte de gente ligada ao regime, chegou a ter que ser protegida pela GNR por ter tido a coragem de cantar "... quem faz um filho fá-lo por gosto."

Em maré de Festival vale a pena recordar, apesar do género não ser apreciador.

João Andarilho




ARY

Desfolhada

Corpo de linho
lábios de mosto
meu corpo lindo
meu fogo posto.
Eira de milho
luar de Agosto
quem faz um filho
fá-lo por gosto.
É milho-rei
milho vermelho
cravo de carne
bago de amor
filho de um rei
que sendo velho
volta a nascer
quando há calor.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor amor amor amor presente
em cada espiga desfolhada.
Minha raiz de pinho verde
meu céu azul tocando a serra
oh minha mágoa e minha sede
oh mar ao sul da minha terra.
É trigo loiro
é além tejo
o meu país
neste momento
o sol o queima
o vento o beija
seara louca em movimento.
Minha palavra dita à luz do sol nascente
meu madrigal de madrugada
amor amor

João Andarilho

sábado, 23 de fevereiro de 2019



TEJERO MOLINA


Faz hoje 38 anos! 23 de Fevereiro de 1981, parece que foi ontem! Esta figura sinistra da Guardia Civil espanhola apoiada por elementos extremistas da direita fascista e franquista, irromperam pelo parlamento espanhol de armas em punho, tentando sequestrar e derrubar a frágil democracia espanhola. Recordo-me que, após serem disparadas rajadas de metralhadora, houve 3 pessoas que se mantiveram de pé enfrentando a besta fascista, Santiago Carrillo, secretário-geral do PCE, Adolfo Suarez, primeiro-ministro na altura, salvo erro, e um general de que não me recordo o nome. 



Felizmente que a tentativa de golpe fracassou e os seus responsáveis presos. A resposta da sociedade civil não se fez esperar, foi fortalecido o regime democrático e convocadas eleições que deram sucessivas maiorias às forças progressistas que permitiram a modernização do país e a consolidação democrática.
Infelizmente, na minha opinião, uma democracia musculada, diria, permitiu que  a monarquia reinasse até hoje ainda que podre e escandalosa, apoiada pela igreja e por sectores retrógrados da sociedade espanhola.

Y viva la España


João Republicano

DICK


O que leva os homens a lavarem as mãos depois de urinarem? É comum isso acontecer após a micção   num urinol público. Há também aqueles outros que lavam as mãos antes de mictarem e estes devem ter razão. Porquê, pergunto eu? Ora a explicação só pode ser uma: se tomo o meu banhinho pela manhã, bem esfregando e lavando as minhas partes pudendas é lógico que a minha pila deve estar muito mais limpinha que as minhas mãos! Se não veja-se, desde que saio de casa até me dar vontade de dar uma mijinha as minhas mãos ja andaram por sítios muito sujos tais como corrimões, varões do metro ou o volante do automóvel. Ou porque passaram pelo rosto ou coçaram o cabelo... Lógico que será mais sensato lavar as mãos antes de pegar na pila do que o contrário.
Estou certo ou estou errado?

 É curioso mas, nos urinóis públicos vemos todo o tipo de pessoas, desde aqueles mais desinibidos que não se importam de dar um peidinho e uma miradinha no coiso alheio, até àqueles que, com algum pudor,  se fecham no espaço da sanita. Outros há que se desenrascam rapidamente e os que têm mais dificuldade em começar e em acabar. 



Constata-se assim, ser o urinol público um espaço amplamente democrático onde as pessoas, independentemente da sua raça, credo ou poder económico, se juntam para uma mesma função e objectivo, com mais ou menos facilidade, com mais ou menos asseio.

Portanto "amici", não se esqueçam do banhinho matinal...

João Dick



quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019



COMO?

Recuso-me terminantemente a ver  televisão portuguesa, mormente aqueles folhetins a que todas as estações de TV designam por telejornais e que supostamente deveriam ser programas informativos, fidedignos, concisos e deontologicamente imparciais. Por isso não ando a par das fofocas que por ali charqueiam.
Todavia e porque, mesmo assim, é impossível não ser poluído uma vez que ainda sou um animal social,  não vivendo isolado, dou-me conta de algum som. Um dos sons que me bateu no martelinho do ouvido tem a ver com uma greve de fome de um fulano que, supostamente, é dirigente de um "sindicato". Pela fotografia do dito cujo, vista de relance, parece-me difícil que não possa haver indícios de fraude na dita dieta voluntária. O homem é volumoso aparentando ser viciado nos petiscos (a nossa culinária é um pecado). Quase sou dado a acreditar que a dita greve poderá ser feita nos intervalos das 3 refeições diárias, que me perdoe o fulano por ser tão má língua.
Já agora, uma das reividicações que ouvi dizer que a criatura reclama do Centeno, é o aumento em € 400,00 (quatrocentos), na retribução de entrada na carreira, que é actualmente de € 1200,00 (mil e duzentos euros). Isto é, para início de carreira de um enfermeiro reivindica-se a módica quantia de € 1600,00 (mil e seiscentos euros). 
Num país em que o salário mínimo é de pouco mais de € 600 (seiscentos euros), em que o salário médio pouco ultrapassa os € 1000,00 (mil euros), é surreal uma proposta deste calibre e uma greve assassina e com motivação política, (declarada ilegal pela PGR).
Outra exigência é a da idade legal da reforma sem penalizações ser reduzida para a classe dos enfermeiros,  aos 57 (cinquenta e sete) anos de idade, nove anos menos do que a actual idade legal de reforma. 


Sinceramente, para o calibre das exigências ou das reivindicações, acho pouco a qualidade do sacrifício. Penso que, no mínimo, seria digno que, como mártir, se imolasse pelo fogo.

João Andarilho

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019




CURTO E CONCISO


Que me desculpem os meus especiais amigos J. C. e M.S., mas achei por bem fazer uma analogia entre ambos e as personalidades descritas a páginas tantas da "Colmeia" de C.J.C. , ou sejam, o Sr. Ibrain de Ostolaza y Bofarull e um outro personagem um marido que regressava do seu trabalho
Após a verbalização de tão distintas alegações por parte do ilustre causídico ouvir uma barbaridade daquelas é obra!

Reza assim:

«O Sr. Ostolaza y Bofarull mirou-se ao espelho, acariciou a barba e exclamou: 
- Senhores académicos: não queria fazer-vos perder mais tempo, etc, etc. (sim, isto sai perfeito... a cabeça com um gesto arrogante... tenho de ter cuidado com os punhos, porque às vezes saem de mais, parece que vão levantar voo.)
O Sr. Ibrain acendeu o cachimbo e começou a andar para trás e para diante. Com uma mão nas costas da cadeira e com a outra erguida, segurando o cachimbo, continuou:
- Como admitir, como quer o senhor Clemente de Diego, que o usacapião seja o modo de adquirir direitos pelo exercício dos mesmos? Salta à vista a escassa consistência do argumento, senhores académicos. Perdoem-me a insistência e permitam-me que volte, mais uma vez, à minha velha invocação da lógica; sem ela, nada é possível no mundo das ideias. (Aqui, provavelmente, haverá murmúrios de aprovação.) Não é evidente, ilustres académicos, que para usar algo é necessário possuí-lo? Adivinho no vosso olhar que pensais assim. (Aqui, um deles talvez diga em voz baixa: «evidentemente, evidentemente.»)
Deste modo, se para usar algo é necessário possuí-lo, poderemos, pondo a oração na voz passiva, assegurar que nada pode ser usado sem uma prévia posse.
Ibrain avançou um pé no tablado e acariciou, com um gesto elegante, as lapelas da sua batina.. Ou melhor: do seu fraque. Depois sorriu.
- Pois bem, senhores académicos: assim como para usar algo há que possuí-lo, para possuir algo há que adquiri-lo, já que nada, absolutamente nada, pode ser possuído sem uma prévia aquisição. (Talvez me interrompam com os aplausos. Convém estar preparado.)
A voz de Ibrain suava solene como a de um fagote. Do outro lado do tabique  um marido que regressava do trabalho perguntou à mulher:
- A pequerrucha já fez cocó?


Ibrain sentiu um pouco de frio e aconchegou o cachecol. No espelho destacava-se um lenço preto - o que costuma usar todas as tardes com o fraque.»

João Andarilho

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019




NAIF


A seguinte passagem inscrita na desconcertante obra de Camilo José Cela, "A Colmeia", faz-me imaginar um paralelismo com as esculturas de Botero (que, aliás, estiveram há um ror de anos expostas na Praça do Comércio em Lisboa).

A passagem que adiante transcrevo  é um pequeno desabafo de um dos personagens que enxameiam o livro deste grande escritor espanhol, Nobel da literatura:

《A Martin Marco preocupa-o  o problema social. Não tem ideias muito claras sobre nada, mas preocupa-o o problema social.
- Isto de haver ricos e pobres - diz às vezes -  está mal; era melhor que fôssemos todos iguais, nem muito pobres nem muito ricos, meio termo. A humanidade devia ser reformada. Devia nomear- se uma comissão de sábios que se encarregasse de modificar a humanidade. Ao princípio ocupar-se-ia de pequenas coisas, por exemplo, ensinar o sistema métrico decimal às pessoas e, então, à medida que se fossem aclimatando, começariam com coisas mais importantes, podendo até ordenar que demolissem cidades, para depois se ergueram de novo, todas iguais, com ruas bem simétricas e todas as casas com aquecimento. Seria um pouco dispendioso, mas os bancos teriam massa que chegasse para isso. 》



Para situar o leitor, a acção desenrola-se na cidade de Madrid na altura em que decorria a II Guerra Mundial, após a guerra civil em Espanha quando o país estava destruído e o povo na miséria.

João Hemingway 



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019



TREZE


Um dia destes, amiga minha comprou uma passagem aérea. Procedeu ao check-in, entrou no aparelho e, pretendendo tomar o seu assento não o vislumbrou. Ainda assim olhou para cima à direita, confirmou à esquerda, uma olhadela para os números à frente e à rectaguarda e nada. Pensou que se tinha enganado no voo. Sentiu-se incomodada e incomodou a Srª hospedeira, se faz favor indique-me o meu assento que não o enxergo. Que efectivamente estava no voo correcto, a passagem é que indicava um número que não existe neste avião. Pediu desculpa e acomodou-a noutro espaço da aeronave. Foi parar à cauda. Mas pronto, a viagem nem era longa e resignou-se.

O número omitido era tão só o número 13.  Dei comigo a pensar que aquilo da omissão só poderia estar ligado à maldição que carrega tal caracter desde há séculos.
Todavia, fazendo uma breve pesquisa descobri que muitas companhias, de facto, aboliram o 13 da fileira de cadeiras nos seus aviões e a fundamentação nem sempre é objectiva.

A superstição do dia 13 carrega múltiplas crenças no que à sua origem diz respeito, porém, uma coisa é certa: seja-se ou não supersticioso, na hora de botar a bunda na malfadada cadeira 13, por certo um friozinho perpassará bem lá na espinal e se houver azar, neste caso o azar de um carrega o azar de todos os outros. 
 É o que se chama um azar do "carvalho".

João Belzebu

sábado, 16 de fevereiro de 2019




JARA


Em 04 de Setembro de 1970, disputaram-se eleições presidenciais no Chile. O vencedor foi o socialista Salvador Allende, candidato da Unidade Popular, vencendo por pouca margem o candidato da direita conservadora e um outro candidato apoiado pela igreja. Era a 4ª vez que se candidatava à presidência do Chile e, não tendo ganho até então, até brincava com isso dizendo que o seu epitáfio seria « Aqui jaz o próximo presidente do Chile».

Mal adivinhava o bom homem que,  tendo finalmente vencido as eleições e tornando-se presidente, outros lhe estavam, já, encomendando a sua pedra tumular.

Tal como na Venezuela, na actualidade, o regime democrático e socialista vencedor das eleições, não agradou ao Império do Mal. Daí vai e investiram milhões na guerra económica, com fortes bloqueios à economia, paralisando a produção e dificultando o abastecimento, pauperizando a economia e o povo chileno. Foi a estratégia para depor um regime democrático substituindo-o por outro, tal como uma marioneta e fiel aos interesse do dito Império do Mal.

Deposto o regime por um cruel criminoso que até integrava o governo de Allende, o facínora Pinochet, teve lugar uma abominável perseguição e assassínios em massa dos apoiantes de Allende, incluindo este, morto à queima-roupa no palácio presidencial. Entre os milhares de assassinados está o músico Vítor Jara.


Víctor Jara foi professor, director de teatro, poeta, cantor e escritor de canções e activista político, torturado (cortaram-lhe os dedos, os facínoras) e finalmente assassinado. Desempenhou um papel importante entre os novos cancioneiros chilenos dando origem à nova canção popular chilena que teve o seu auge durante o governo do presidente Allende.


Fez ontem, Sexta-feira, uma semana, tive o privilégio de ver ao vivo a actuação da banda norte-americana, The Last Internationale, em Torre Vedras


As suas músicas e as suas letras têm em comum com Jara, um sentimento de irreverência contra os imperialismos e as formas de opressão contra os povos.


Este espírito de luta e de não subserviência ao que é despótico, é comum na história dos povos e sempre assim será. "A canção é uma arma" e bem forte. Assim seja.

João Cavaquinho



sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019





ERRÓ

Todos os dias, circulando pela Avª D. João II, em Lisboa, passo junto a uns painéis de um artista que efectivamente desconhecia e que por isso decidi pesquisar.

De nome Erró, nascido na Islândia, é um artista popular em que, da captação de imagens ao acaso no dia-a-dia, como em publicidade, cartazes, etc, colhe a fonte de inspiração para o seu trabalho e onde a colagem é o seu modo de nos partilhar a mensagem do seu trabalho artístico..


Nasceu em Guomundur em 1932 e, desde 1950 que expõe a sua obra. Obra essa que doou ao Museu de Arte de Reykjavik.

Acho que vale a pena parar um pouco e contemplar os painéis que se encontram em Lisboa e contemplar. Neste caso, não custa nada.



João Picasso




quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019




ASSALTO


Não, não se trata de nenhuma ocorrência contrária à lei. O Grande Carnaval de Torres Vedras é precedido de vários "Assaltos" muito antes do mesmo abrir as hostilidades, no fim de semana que antecede a Terça-Feira, dia 4 de Março. Eu, que não sou entendido nestas questões carnavalescas, aliás, sempre tive grandes pruridos contra esta quadra.
Acontece que, por influências de umas quantas amizades lá do bairro, fui-me enquadrando no espírito carnavalesco, que o pessoal lá da terrinha não é de modas. Leva aquilo a preceito. Senti, assim, que era um sacrilégio da minha parte não tentar sequer ver o que aquilo ia dar. A primeira vez foi estranho, foi quase à força, pimba! Enfiaram-me dentro duma fatiota. Senti-me ridículo! Mas como todos eles também se achavam na mesma situação, ninguém reparou em mim. Ainda bem!

Posso dizer que estranhou-se mas entranhou-se e, hoje em dia, o Carnaval de Torres não pode passar sem a minha máscara.


Fim de semana passado fomos ao "assalto". Felizmente não nos cruzámos com a "bófia".
Copos para ali e para aqui, foi a diversão do costume, ainda sem a indumentária costumeira, mas já deu para aquecer que a coisa vai esquentar!

João Sambódromo

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019



iCub



É um robot humanoide de fonte aberta (podemos aceder abertamente ao seu hardware e software), com 1 m de altura para pesquisa em cognição humana e inteligência artificial. Foi desenhado e concebido por um consórcio de várias universidades europeias e construído pelo Instituto Italiano de Tecnologia.
O nome deriva parcialmente de um acrónimo inglês (Cub Standing for Cognitive Universal Body).

O mundo da robótica e da inteligência artificial avança a passos largos. Esta ciência fantástica que já está presente entre nós sem darmos por isso, uma vez que já interagimos com ela no dia-a-dia, nas nossas cozinhas e diversa aparelhagem doméstica, vai avançando para níveis antes imaginados e que agora começa a dar os primeiros passos e de que o iCub é exemplo, conforme foi referido pelo professor e investigador do IST, José Santos Víctor, recentemente, na Fundação Calouste Gulbenkian, no evento "La Nuit Des Idées" - Enfrentar o Nosso Tempo -

Pois este rapazito humanoide é capaz de gatinhar, sentar-se, levantar-se e andar. Consegue, também, manipular objectos (aliás grande parte da investigação tem a ver com o desenvolvimento da habilidade e destreza do movimento da mão).
Além disso, também está a ser desenvolvida a rede neural-electrónica em ligação com os olhos da pequena criatura que são nada mais nada menos do que duas câmaras incorporadas. 


A evolução da inteligência artificial vai ser muito rápida e não me admira que, daqui a dez anos, robots com uma excelente capacidade cognitiva faça parte do dia-a-dia das nossas casas.

Olhó Robot!

João Bits&Bites



terça-feira, 12 de fevereiro de 2019




«FALHÁMOS A VIDA MENINO»



Um destes dias, o meu  homónimo amigo JC, que muito prezo, escreveu no seu blog algo sobre o velho RAMALHETE, palácio conhecido por ter sido casa de família de Carlos da Maia protagonista principal do ramance "Os Maias" do grande romancista português do século XIX, Eça de Queirós. 
Como ele, li e reli esta obra queiroziana e sempre encontrei algo de novo na sua leitura, porque a leitura é um permanente descobrimento.
O meu caro JC (Olisipógrafo de Valmedo), bem haja, descobriu que o dito palácio se mostra, hoje em dia, arrendado a uma figura mundialmente conhecida como MADONNA, aquela cançonetista, coreógrafa e rebelde americana, que trocou o seu país natal pelas exóticas paragens da capital do nosso império.
Do percurso consistente desta famosa diva da música popular (ainda tentou o cinema com pouco sucesso), podemos concluir que o Ramalhete e a dito-cuja se casam na perfeição, não ficasse a sua história ligada aos amores incestuosos de Carlos da Maia com Maria Eduarda.



Ainda me perguntei se MADONNA, não seria uma reencarnação da famosa personagem de Eça, Maria Eduarda, deseperadamente procurando (desperately seeking) o seu Carlos da Maia no São Carlos e arrabaldes.

«Falhámos a Vida Menino» (comentário do grande amigo de Carlos da Maia, João da Ega, no reencontro de ambos, 10 anos depois, em Lisboa)

João Andarilho








segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019



A BICA








Uma BICA por favor!

João Andarilho

O AVIÃO

O leitor, se tiver a minha idade, ainda certamente se lembrará do famoso avião estacionado junto à 2ª circular, que servia como bar de alterne e que aí funcionou nessa qualidade durante largos anos.

Pois bem, a sua história é recambolesca. Segundo pesquisei, tratava-se de um aparelho Convair 880, de matrícula americana, proveniente de Sarjan, nos Emiratos Árabes Unidos. Pelos vistos era uma raridade este tipo de avião, uma vez que apenas foram construídos 65 exemplares, não tendo resistido à melhor performance da concorrência na altura.


Um belo dia, em Março de 1980, aterrou no ex: Aeroporto da Portela, actual Aeroporto Humberto Delgado, no parque "F", somente com a tripulação. Mais nada trazia e era um avião civil. Ali ficou bastante tempo e nunca mais se soube do rasto da sua tripulação.
A empresa fretadora pretendia proceder a "carregamento não específicado" que, mais tarde se veio a saber ser material de guerra (excedente das nossas forças armadas da guerra no ex: ultramar). 
O problema é que o avião era civil e, devido a Portugal ter assinado a chamada Convenção de Chicago de 1944, que proibia o transporte de material militar em aviões civis, a operação foi abortada pelo então PM Sá Carneiro.

O Avião acabou por sair do aeroporto, em direcção aos EUA, num dia 4 de Maio, não se sabendo como, sem licenças e sem terem sido pagas as dívidas das taxas de estacionamento.
Já durante o voo, o comandante teve a notícia de que, misteriosamente, todas as empresas envolvidas no negócio tinham deixado de existir e, como tal, não estava autorizado a aterrar neste país. 

Assim, o comandante decidiu regressar à Portela, estacionar o Convair no parque tão bem seu conhecido e desaparecer.
Ali ficou a apodrecer, ninguém queria pegar nele, até que a administração do aeroporto, sem esperança de receber nada por ele, decidiu fazer um leilão. 
Apareceu então um empresário da noite que arrematou o avião e, obtidas as necessárias licenças, foi autorizado a aterrar no outro lado da Segunda Circular, tendo sido transformado num bar de alterne, de nome "O Avião", que ali ficou por muitos anos e que era glosado pelo tipo de actividade que ali era praticado.

Há quem lhe chamasse o "Tolan" da Segunda Circular. Mas o "Tolan" é outra história que fica para outra ocasião.

João El Avioncito



domingo, 10 de fevereiro de 2019




ROBERT ALLEN ZIMEERMAN



Adoptou como nome artístico Bob Dylan, inspirado em Dylan Thomas, poeta e escritor do País de Gales, em desfavor de Elston Gunn, usado no início da sua carreira.

Nobel da Literatura em 2016, dando origem a posições antagónicas dentro do mundo literário quanto à justeza da atribuição, teve como fundamentação a qualidade literária dos versos das suas canções, nomeadamente a letra da canção "Subterranean Homesick Blues", de 1965.

Músico de intervenção, ajudou as gerações mais jovens a libertarem as suas mentes e percepcionarem o mundo e o seu país de uma forma crítica e aberta, transformando-se num dos símbolos da resistência da juventude à guerra no Vietnam.

Bowie dedicou-lhe uma canção, intitulada "Song for Bob Dylan" que, além de ser um tributo ao grande artista, era também o reconhecimento da sua importância para várias  gerações.

Blowing in The Wind, um dos hinos da música foi escrito em apenas dez minutos de inspiração num bar nova-iorquino, em 1962. A sua voz, ímpar, nasal, dá corpo e alma à letra das suas canções.

As mensagens subliminares das letras da suas canções, permanecerão sempre ligadas aos movimentos de protesto e rebeldia um pouco por todo o mundo.

Sir Bob Dylan o mito da canção norte-americana.

João Contrabaixo














sábado, 9 de fevereiro de 2019



A BACTÉRIA 


Somos prisioneiros de um poder global, imperial , que se espalhou pelo globo como uma super bactéria. Suga- nos até ao tutano, até à exaustão, espreme a nossa força de trabalho, trabalho escravo, por isso mal remunerado, sempre buscando o lucro máximo com o mínimo de dispêndio para o conseguir. A isto se chama capitalismo ultra-liberal. Menos direitos, mais facilidade nos despedimentos, maior mobilidade para conseguirem permanentemente força de trabalho à mão, com poucos direitos e sempre menor salário, maior pressão sobre o trabalhador, mais horas de trabalho pelo mesmo salário, mais desregulação nas leis do trabalho, subterfúgios para aumentar a idade da reforma. Está doente a nossa sociedade. Há um retrocesso civilizacional desde o fim da segunda guerra mundial onde foram conquistados direitos que se julgavam permanentes. Direito a um emprego para a vida com uma digna remuneração. Um bom serviço de protecção social e expectativa de uma reforma segura e final de vida com dignidade e respeito. 



Por outro lado as pessoas, como consequência do controlo da comunicação social pelo mesmo sistema, que acaba assim por promover e aquilosar a informação de uma forma nada democrática, em que a censura é explícita e  a falta de democracia é gritante, priviligiando-se um pensamento e excluindo-se outros, as pessoas, dizia, acabam tendencialmente por escolher as opções políticas que se lhes apresentam, como se não houvesse alternativas, que existem, mas cuja visibilidade é coartada e sabotada a sua mensagem política subjacente.
É um problema que a sociedade terá que resolver, a bem ou a mal, porque o sofrimento e a depressão, o mal estar que resulta desta situação de uns viverem pornograficamente à custa do trabalho e sacrificio dos outros, acabam por levar à ira e ao levantamento das consciências das massas. É isto que o capitalismo teme mas não haverá volta a dar.

João Proletário 


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019




TLI

The Last Internationale, é uma banda norte americana formada pela vocalista, Dalila Paz e pelo guitarrista Edgey Pires.

https://youtu.be/D3QQuz5bQuI


Esta noite estarão em Torres Vedras para actuar no Bang Venue, espaço intimista como é do agrado da banda, para apresentação do seu novo trabalho "Soul on Fire".
Irão, assim, tomar presença pela segunda vez neste palco desta cidade da região Oeste, depois de, em 2017, o terem feito com enorme sucesso como aliás era esperado.
Desta feita, para além dos clássicos da banda, poderemos escutar músicas do seu novo álbum.
A primeira vez que tive o privilégio de os ver ao vivo e passar a ser fã, foi na Festa do Avante! de 2015. Espectáculo que, aliás, não correu da melhor forma, não por culpa da banda mas porque houve uma falha técnica de origem alheia e que muito prejudicou a actuação.

 Festa do Avante! 2015

 Mais uma noite mágica em perspectiva. Caro leitor, apareça que vai ver que valeu a pena.

João Andarilho




quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019





ALMAS MORTAS - Nicolai Gógol Na antiga Rússia dos Czares, os camponeses eram considerados uma mercadoria e uma mais-valia para os senhores seus donos e para os bancos. Eram vendidos e comprados e os proprietários, os senhores, pagavam uma taxa por cada homem adulto. Havia censos a cada dez anos e o valor da taxa a pagar mantinha-se em caso de morte do camponês até à realização do próximo censo (só nessa altura eram registados como mortos). Quer isto dizer que o proprietário do camponês, em caso de morte do seu servo, teria de continuar a pagar a taxa até à realização do censo apesar de já não poder usar a sua mão de obra. Disso se aproveitou Pavel Ivanovich Tchitchikov, que se apresentou numa cidade provinciana com o intuito de comprar aos senhores das terras as "almas mortas" - servos da plebe já falecidos mas que ainda constavam das listas dos censos como vivos.  O proprietário ficava feliz por se libertar do imposto e Tchitchikov igualmente feliz e com uma quantidade de servos que, para todos os efeitos, estavam vivos e recenseados e tinham um valor na banca. Com todos estes contratos de propriedade de servos, pedia empréstimos aos bancos, os quais lhe emprestavam dinheiro que ele utilizava para comprar camponeses vivos.
 

Assim, concluindo, "Almas Mortas" de Gógol, é uma sátira à mediocridade humana  e uma crítica implacável à Rússia Cazarista

Tchitchikoves há muitos e cada vez mais. O mundo é dos espertos e dos charlatões. No fundo, passamos muito por sermos almas mortas e gente feliz com lágrimas. João Bertrand

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019




CIRCULAR É … VIVER?



Numa sessão pública de esclarecimento realizada em Lisboa, na Biblioteca Municipal Orlando Ribeiro, no Bairro de Telheiras, organizada pela CDU, a abarrotar, em que estiveram presentes como oradores, deputados à AR e ao Parlamento Europeu (João Ferreira) pela coligação e em que estava em discussão a  implementação da chamada linha circular do metro de Lisboa, foi feita uma análise crítica à opção política do governo, a ser aplicada pela administração do metropolitano. 



Da validade dessa opção só conhecia as parangonas da comunicação social dando voz aos padrinhos do projecto, o que era muito pouco ou nada para formar uma opinião.
Assim, desta audição e com as intervenções ricas e esclarecedoras da plateia e, também, nomeadamente de técnicos e engenheiros do metropolitano, entretanto já reformados, foi possível ser esclarecido e não ter ficado com dúvidas do enorme desperdício de dinheiros públicos que vai ser levado a cabo e o mais espantoso é que os utentes vão ficar prejudicados ao invés de serem beneficiados.
A chamada linha circular que vai engolir parte da linha amarela, desde já vai provocar que os utentes (cerca de 18 milhões de viagens) vindos da Zona Norte de Lisboa (Odivelas, Loures, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras, Cadaval, etc.), ao tomarem a linha amarela em Odivelas, obrigatoriamente terão que fazer um transbordo no Campo Grande para se dirigirem para o centro da cidade. A perspectiva, assim, é que mais carros entrem na cidade.
O prolongamento da linha circular até ao Cais do Sodré, pela Estrela, linha subterrânea, (onde esta estação vai atingir uma profundidade de mais de 60 m), é um erro caro que se vai pagar caro. A alternativa mais barata seria prolongar a linha vermelha até Alcântara, proporcionado um rápido escoamento dos utentes da linha de Cascais directamente ao centro da cidade, sem haver necessidade de construção de mais uma estação no Cais do Sodré, congestionado aquela zona da cidade.
O adiamento ad eternum da ligação para ocidente da cidade e do prolongamento para Loures da linha que vai para Odivelas é, mais uma vez, frustrante para as espectativas dos lisboetas. O mais grave é que vão ser desbaratados recursos na criação da tal linha, que vai estabelecer uma descriminação do espaço da cidade, criando uma zona rica (beneficiando o turismo e a especulação imobiliária) e uma zona desfavorecida e menos intervencionada em termos de investimento público. Deixando de haver mais recursos financeiros, pelo menos até aos anos 30, para novos investimentos na rede.



É necessário que as pessoas sejam sensibilizadas para o enorme disparate que se vai fazer, lutando para que esta decisão política do governo faça marcha atrás, antes que seja tarde.

Sem luta nada conseguimos.

João Obrero




terça-feira, 5 de fevereiro de 2019




DOENÇAS DA CIVILIZAÇÃO


Hoje em dia atribui-se a certas doenças o nome de doenças da civilização. Acho, não, tenho a certeza que não são doenças da civilização, que são doenças da barbárie provocadas pela sofreguidão do ritmo de vida, pela poluição sonora e ambiental, pela alimentação enlatada e processada.

Os químicos mon Dieu, os pornográficos lucros da indústria farmacêutica com a comercialização de milhares de químicos que nada curam, funcionando propositadamente como paliativo, porque a cura não dá lucro. Enfim, vivemos num mundo de loucos governado por charlatães.


Como é possível que, com o desenvolvimento tecnológico e científico actual e a todos os níveis, do planeta não tenham sido erradicadas doenças mortais? Estranho!

O que não tem cura, mesmo, é a morte e essa é o destino certo do mais poderoso ao mais miserável. Ambos apodrecem e viram pó. 

Na morte não há classes, somos todos iguais. Ela é democrática e não olha a galões.

Hasta la muerte!

João Bolívar





  SÃO JOÃO   "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...