quarta-feira, 30 de janeiro de 2019



FRASE



"No fim o que veremos serão não as palavras dos nossos inimigos, mas antes o silêncio dos nossos amigos"





Martin Luther King Jr






UMA QUESTÃO DE CONSCIÊNCIA


« Roger Casement, na luta contra o trabalho forçado, denuncia soldados ao serviço do rei belga, no Congo em finais do século XIX, que tinham torturado e espancado um homem e, dirigindo-se a um deles diz-lhe: " se este rapaz morrer por culpa das chicotadas, carregará um crime na sua consciência". O soldado da força pública responde-lhe: " - quando vim para o Congo tomei a precaução de deixar a minha consciência no meu país - disse o oficial."»

Mario Vargas Llosa, O Sonho do Celta

Quantas vezes terá o leitor interrogado a sua consciência de soldado durante a sua missão neste planeta?
É duro apercebermo-nos de quão difícil é viver nesta sociedade de poucos valores, superficial e material, muito pouco dada ao cuidado espiritual. 
A consciência, a razão  de se ser humano, a percepção do nosso EU, dilui-se na azáfama do dia-a-dia, no nosso egocentrismo, no nosso individualismo e na pouca solidariedade com o próximo.
Acabamos por naufragar no nosso vómito.

Acho importante, como ser pensante e dotado de razão, crer, na necessidade de o homem parar um pouco e realizar uma auto-reflexão.

Por comodismo somos muitas vezes escravos de nós próprios e das nossas sombras. Não vemos ou não queremos ver para além delas e isso torna-nos inumanos. No final, quando a vida passou, tomaremos então consciência de que passámos ao lado. Será, então tarde de mais.



João Platão


sábado, 26 de janeiro de 2019



HUGO CHÁVEZ LE CONTESTA A ALEJANDRO SANZ


El cantante español Alejandro Sanz en cierta ocasión le pidió permiso al presidente de Venezuela, Hugo Chávez, para cantar en el país.

En el mensaje publicado en la página de Twitter de Sanz, el cantante le expresa al presidente su deseo de cerrar su gira de concierto en el país pero además le dice que tiene que haber un compromiso de su parte.

"Presidente Chávez, quiero ir a cantar a su país. ¿Me lo permite? ¿Me da su palabra de que no le pasará nada ni a mi público ni a mi gente ni a la empresa ni a mí? Si usted me da permiso y nos da su palabra de que nada va a pasar yo cierro mi gira en Venezuela. Usted tiene la palabra."



RESPUESTA:

Señor Alejandro: sabe usted lo que significa ser esclavo sin cadenas?… Esclavo sin cadenas, es simplemente continuar siendo esclavos sin cargar los grilletes… ¿Por qué razón no te has preguntado todavía, del por qué Venezuela es atacada con artillería pesada solamente por las potencias occidentales?
¿O será que formas parte de ellos y te haces el distraído?
Infórmate amigo mío, y pregúntate por qué Colombia es considerada una de las naciones donde existe mas desigualdad por culpa de gobiernos que sólo mandan para unos pocos y las riquezas son distribuidas para unos privilegiados; mientras Venezuela es reconocida como el primer país de la región en cuando a bajar la pobreza extrema, de manera drástica en el gobierno de Chávez Frías.

¿No te llamó nunca la atención que después que nuestro país se volcó a la izquierda, automáticamente se comenzaron a unir la mayoría de los pueblos de América latina, en una clara señal de lo que querían los pueblos?…

¿Pides permiso para venir a cantar? 
¿No te da vergüenza decir eso? 
¿En un país democrático donde cualquier persona puede decir lo que se le venga en gana y no como te cuentan? 
Te diré algo: La mayoría de los latinoamericanos que levantaban su voz por intermedio del canto, en señal de protesta por las infinitas injusticias que sufrían sus pueblos por culpa de dictaduras asesinas de derecha…nunca pidieron permiso para arriesgar su vida en nombre de los miserables, y en esos tiempos sí que arriesgaban el pellejo…
Alguna vez te dignaste escuchar alguna prosa convertida en canción de Don Atahualpa Yupanqui?… 
¡Sí!, aquel que lo llamaban el padre de la canción folclórica latinoamericana… 
La dictadura fascista argentina lo persiguió y tuvo que asilarse en Europa, por si no lo sabes es el mismo que en París compartió escenario con alguien llamada Edith Piaf…
Nunca te contaron del cantautor Víctor Jara, que la dictadura chilena de Pinochet, le corto las manos para que no volviera jamás a tocar su guitarra acompañado su canto y no conformes con ello, lo acribillaron indefenso en el Estadio de futbol de Santiago?…

Seguramente conociste a Mercedes Sosa, "la negra del Sur" como la llamaban todos los pueblos latinoamericanos… 
Si no la conociste, te invito que te metas en Youtube y la escuches cantando: "Solo le pido a Dios" y después me cuentas… 

A esta cantautora pueblo, cantando en la ciudad de La Plata en el año 79 la dictadura fascista la detuvo a ella y a todos los que osaron ir a verla cantar. También tuvo que exiliarse en Europa en París y Madrid, para que no la mataran…

Leíste alguna vez a Mario Benedetti, el que nos decía que "El Sur también existe", al igual que su compatriota Alfredo Zitarrosa aquel del "Violín de Becho"… 
Ellos también se vieron obligados a exiliarse en Europa por amenazas de muerte…

A León Gieco, un general le puso una pistola en la sien, diciéndole: "La próxima vez que vengas a cantar a la universidad de Luján y cantes esa canción te voy a pegar un tiro en la cabeza", refiriéndose a "Hombres de Hierro"…

Horacio Guaraní se tuvo que marchar también al igual que la Nacha Guevara, que le colocaron una bomba en un teatro mientras cantaba, los fascistas argentinos…

¡Si hasta el tango Cambalache lo prohibieron en las emisoras de radio la dictadura argentina!… Y NUESTRO INIGUALADO CANTAUTOR ALÍ PRIMERA, QUIEN FUE VETADO TODA SU VIDA EN LOS MEDIOS VENEZOLANOS.

¡Anímate!...Y escribe una canción, de las miserias del mundo…
Háblanos de los olvidados de Haití, de los miles y miles de muertos en Irak, de los de Afganistán, de la hambruna del África, de la desnutrición en la América pobre, de la desigualdad abismal existente entre ricos y pobres, de las interminables mujeres asesinadas en ciudad Juárez, de los niños obligados a trabajar robándoseles lo único que vale la pena vivir en esta loca vida, "su niñez"…

Infórmate, escribe, no vengas sólo a cantar…y a hacer un show mediático, sé honesto, no engañes a tus seguidores.

Recorre las villas miserias de pueblos que claman por igualdades, las favelas de los sin techo… los 40 millones de pobres en USA, hoy convertidos en 50 millones de excluidos.

Y después me cuentas.


João Andarilho 

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019




Orcinus Orca


Grande caçadora, possuindo uma cauda poderosa que a impulsiona dentro de água, grandes barbatanas e uma barbatana dorsal alta que lhe dá estabilidade.
Claro que é fácil de adivinhar que a criatura é a orca, mais conhecida por baleia assassina. 
Apesar de ser dessa forma catalogada, de facto, nem baleia é, pertence à família dos Delfinídeos.

Pesa até 10 t e vem equipada com dentes aguçados para rasgar a carne. Predador formidável, este cetáceo preto e branco atira-se às suas presas a uma velocidade de 55 km/h, podendo atacar animais muito maiores, incluído o maior do planeta: a baleia azul.



Vive em bandos (grupos familiares) e o seu comportamento é caracterizado pela boa cooperação, coordenação, comunicação e aceitação.

A sua esperança de vida é de cerca de 40 a 50 anos para os machos e de até 90 anos para as fêmeas e vivem em todos os oceanos de preferência junto às zonas costeiras.

É curioso, mas para evitar a consanguinidade, geralmente acasalam com orcas de outros bandos. O período de gestação é de cerca de um ano e meio. Nasce apenas uma cria com cerca de 2,4 m de comprimento e 180 kg de peso e é amamentada até aos dezoito meses, permanecendo junto da mãe.
Ao nadar, o efeito de deslocação da água ajuda a empurrar a cria, permitindo acompanhar o ritmo do bando. 



É a maravilha da natureza e se este planeta fossem só orcas e todos os outros animais menos o animal do homem, o planeta agradecia.

Assim, o fim é e será negro…

João Attemborough

quinta-feira, 24 de janeiro de 2019



EURO
« Estes vinte anos chegaram e sobraram para demonstrar que o euro, em vez do apregoado progresso social, significou retrocesso social.
«Com o euro, Portugal foi dos países que menos cresceu no mundo, 0,9% ao ano, em termos médios, (…) o nosso País, em vez de mais emprego tem mais desemprego e precariedade. Em vez de melhoria dos salários e do poder de compra, degradação dos salários e do poder de compra, aumento da exploração. Em vez de convergência com países economicamente mais desenvolvidos, divergência económica e social.
Com o euro, aumentaram as desigualdades, a pobreza, a emigração forçada, o envelhecimento da população, as assimetrias regionais. Com o euro, em vez de investimento, houve desinvestimento, desindustrialização, terciarização e financeirização da economia, desnacionalização de empresas estratégicas, uma explosão do endividamento externo».
«Relativamente à solução política nacional e à experiência destes últimos três anos, há três conclusões a tirar, (…): a primeira, de que foi ao arrepio das orientações da União Europeia (UE) que se registaram avanços, independentemente das críticas, pressões e ameaças por parte da UE; a segunda, a de que as imposições da UE, especialmente as associadas ao Euro, «estão a entravar a resposta a problemas estruturais do País e a justas aspirações da população»; a terceira conclusão é a de que a resolução dos problemas do País «exige uma mudança de fundo na política nacional, exige confrontar e enfrentar as políticas e as imposições da União Europeia».
João Ferreira (candidato da Coligação Democrática Unitária às eleições para o parlamento europeu)

Estamos amarrados a uma moeda, a uma união económica e a um tratado, que nos impõem condições e perda de soberania, inaceitáveis e indignas para um país de oitocentos anos, Alcançámos a nossa independência como nação, perdemo-la e restaurámo-la. Está na altura de nos mostrar-mos dignos da nossa história e rompermos com as imposições externas que só beneficiam os países mais poderosos, os seus bancos e as suas oligarquias corruptas e agiotas.
João Factualista

quarta-feira, 23 de janeiro de 2019




MACABRO


Como se tem vindo a constatar um pouco por todo o mundo, começam a ressurgir os fantasmas do fascismo e nazi-fascismo e de regimes conotados com ideias ligadas a esses tipos de ideologia, que têm a sua origem numa abordagem e propagandas populistas, em face das crises políticas e económicas que por este mundo grassam. Tais crises provêm dos finais dos ciclos de produção capitalista «devido ao excedente absoluto de capital o que, sem condições objectivas de realimentar o circuito de valorização, a queima da riqueza se torna um imperativo do metabolismo do capital». A consequência imediata são os cortes salariais dos operários e da classe trabalhadora, os despedimentos e os cortes no investimento público, levando à degradação da qualidade de vida das populações. Este clima de descontentamento é aproveitado por esses grupos ligados à extrema direita e  populistas e em alguns casos usando da violência, para atingir os seus objectivos de tomada do poder de uma forma democrática, resultante da consulta às urnas.

Um exemplo extremo demonstrado nas urnas, foi a ascensão do partido nazista na Alemanha, apoiado pelos grandes grupos económicos alemães. Um regime bárbaro e criminoso que deu origem à guerra mais devastadora em termos de destruição e perda de vidas da humanidade.



Existe até um lado macabro da governação nazista: « foi o primeiro regime no mundo a reconhecer o direito dos cães, em 1933. No ano em que Hitler abre o campo de concentração de Dachau, para prisioneiros comunistas, trotskistas e social-democratas e líderes dos sindicatos, fez inflamados discursos públicos contra a crueldade contra os animais e, em 1934, proibiu a caça. Em 1937, regulou o transporte de animais por estrada e, em 1938, o de comboio para que os animais fossem transportados em condições decentes, (os mesmos vagões onde os judeus iriam como porcos a caminho da morte). Hitler proibiu, ainda, as experiências científicas com animais, mas fez experiências com judeus, acusados de serem não-humanos por… praticarem uma medicina que usava os animais para experiências.»
Fonte: Raquel Varela (historiadora)

João Andarilho

terça-feira, 22 de janeiro de 2019



DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DO HOMEM


Artigo 1.º
Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos. Dotados de razão e de consciência, devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade.
Artigo 2.º
Todos os seres humanos podem invocar os direitos e as liberdades proclamados na presente Declaração, sem distinção alguma, nomeadamente de raça, cor, sexo, língua, religião, opinião política ou outra, origem nacional ou social, fortuna, nascimento ou outro estatuto.
Além disso, não será feita nenhuma distinção fundada no estatuto político, jurídico ou internacional do país ou do território da naturalidade da pessoa, seja esse país ou território independente, sob tutela, autónomo ou sujeito a alguma limitação de soberania.
Artigo 3.º
Todas as pessoas têm direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal.
Blá, blá blá
Hoje recebi a notícia de que a uma pessoa amiga lhe foi diagnosticado um câncer na próstata, presumivelmente maligno e presumivelmente de grau 4. Não me sinto confortável em escrever sobre este infortuno acontecimento que condói uma família. 
Mas queria desabafar e o meu desabafo é este: cada vez mais se tem notícia do flagelo que é para a humanidade, o aparecimento deste género de doenças supostamente de difícil cura quando em estado mais avançado. 
Isto dá-me azo a divagar. A humanidade está perdida quando o que deveria ser prática dos estados e que se encontra consagrado na Lei Universal dos Direitos do Homem , não é posto em prática. O direito à vida, à liberdade e à segurança pessoal, todos são iguais perante a lei e sem qualquer discriminação, é letra morta. 
E é letra morta porquê? Porque a sociedade tal como existe é uma sociedade que tenta sobreviver ao garrote de quem a explora. É um mundo cão. Quando deveria haver direito ao trabalho, justamente remunerado e em igualdade de género, o direito à saúde e à educação tendencialmente gratuita, o direito à fruição da cultura e a promoção da actividade física pelo Estado, quando o homem e a mulher deveriam ter horários de trabalho compatíveis com o bem estar da família, quando finalmente o semelhante fosse compreensível e tolerante para com o outro, as doenças, crónicas, benignas ou malígnas, não teriam tendência a manifestar-se.
Isto é um problema que terá de ser resolvido pela sociedade e fundamentalmente por ela.
Andamos a matar-nos uns aos outros, pelo ciúme e pela inveja, pela falta de oportunidades, pela promoção, por mais dinheiro, porque este é preto e aquele amarelo e não vemos que a felicidade não é isso nem está aí. Às vezes basta olhar para o lado e encontrá-la nos olhos brilhantes do pequenino seu filho ou no olhar ternurento do amor da sua vida.
Falta virar a página para que o milagre aconteça e não aconteça chegarmos ao dia da desesperança em que, fazendo uma retrospectiva da vida, chegarmos à horrível conclusão de que foi um grande desperdício.
Arrepiemos caminho quanto antes.
João Andarilho









sábado, 19 de janeiro de 2019




PANTERA NEGRA

Mais conhecido no meio futebolez por Eusébio da Silva Ferreira, falecido há cinco anos, foi um mago da bola e um dos melhores avançados do Benfica e do futebol português. Nascido em Moçambique veio para Portugal, salvo erro com a idade de dezanove anos. A sua transferência foi uma história recambolesca, ainda hoje mal contada onde abundam versões contraditórias. Oriundo do Sporting Clube de Lourenço Marques estreou -se pelo Sport Lisboa e Benfica no início da década de sessenta, numa equipa onde pontificavam grandes senhores do futebol português e da selecção nacional. Pessoa extremamente simples ( dirigia-se a Mário Coluna, seu conterrâneo, por Senhor), mas de grande categoria foi a grande figura do futebol encarnado até aos dias de hoje. 
Cheguei a vê-lo jogar pela equipa do União de Tomar, no ocaso da sua carreira, defrontando o Sporting Clube de Portugal num jogo em que na baliza leonina pontificava, Vítor Damas. O resultado não ficou registado na minha memoria. Na memória sim esse jogo por ter sido o único em que o vi actuar ao vivo. Cumprimentei-o meia dúzia de anos antes do seu falecimento num encontro fortuito em Benfica, numa ocasião em que nos cruzámos na via pública.
Em toda a sua carreira, dada a sua simplicidade e categoria, foi um jogador bastante sacrificado pelas entradas violentíssimas por parte dos seus adversários, tanto que foi obrigado a ir à "faca" variadíssimas vezes, às articulações dos joelhos. Jogou dezenas de jogos em inferioridade física por causa das dores, porém, os abutres do futebol exigiam a sua presença. 
Acabou a carreira de rastos na América do Norte. Só anos mais tarde foi homenageado pelo seu clube de coração e passou a ser o seu embaixador itinerante.
Já depois de retirado, ainda fez uma perninha, aqui e ali em jogos de beneficiencia, como foi o caso de ter alinhado pela União Desportiva de Leiria, conforme reportagem que anexo, publicada no Jornal de Leiria na sua edição de 10 de Janeiro de 2019.




João Special One

sexta-feira, 18 de janeiro de 2019





ARY



Ary dos Santos, morre em 18 de Janeiro de 1984, com a idade de 47 anos no auge da sua juventude e com uma vitalidade que transportava para a sua obra literária e poética.
Era um desconstrutor da palavra e na poesia erudita casava a simplicidade da vida sem nunca recorrer ao popularucho e poesia barata. A simplicidade da sua poesia saía-lhe poderosa da alma tal como poderosa foi a sua vida sempre intensamente vivida. Aliada à qualidade poética era um declamador poderosíssimo que traduzia na voz e na pena o que lhe vinha do seu profundo ser. 
Nascido em berço de ouro, de uma família aristocrata, cedo traiu as suas raízes misturando-se com o povo, sentindo suas as suas mágoas e misérias, lutando sempre pelas causas e justiça sociais, contra a ditadura e a exploração.
Comunista por opção e convicção escreveu o poema "A Bandeira Comunista" de um fôlego.


Era um génio entre os seus contemporâneos e inexplicavelmente, ou talvez não, a sua poesia não faz parte dos programas escolares. Raramente é recordado nos meios da comunicação social. Como autor de tantas das mais bonitas canções populares portuguesas, não se compreende tanto silêncio e incompreensão.

Dele dizia Baptista Bastos: uma poesia viril, uma voz indomada e indomável, bem expressa no poema "Poeta Castrado, não"


Ary está e estará sempre presente hoje e amanhã quando for preciso gritar contra o medo e a repressão e pela liberdade contra os totalitarismos.

João Soneto



MALINO



Alexandre Catarino (guitarras e stomp box) e Luis Ildefonso (guitarras) são os MALINO, banda formada em 2015 pelo primeiro à qual se juntou posteriormente o segundo.
Guitarristas portugueses, originários de Beja, cuja banda se caracteriza por uma dinâmica musical muito forte, cheia de melodias e ritmos contagiantes, utilizando apenas guitarras acústicas acompanhadas por instrumentos de percussão.
Musicas com sonoridades do mundo, que vão de África à América Latina, passando pelo flamenco e também pelo "rock" e nos levam a viajar pelos 4 cantos do mundo, num misto de sensações e emoções inolvidáveis.

Há boa música e bons músicos no nosso país, gente competente.
Vale a pena ouvir e ficar fã…



João Musicólogo

quarta-feira, 16 de janeiro de 2019




EMEL


Não é verdade que essa coisa não exista! O Wikipedia está desactualizado! Em Telheiras, local onde resido, a EMEL existe oficialmente desde o passado dia 14-01-2019.

Bem vinda EMEL ao bairro de Telheiras e dou três urras porque era preciso disciplinar o estacionamento caótico que se vivia no bairro, nomeadamente junto à estação do metropolitano!
Pasmo! Na rua onde resido e num beco transversal, de repente deixou de se estacionar em local proibido devidamente sinalizado! Moro há trinta e cinco anos nesta rua e é a primeira vez que vejo o arruamento em frente à minha janela, com duas vias de circulação completamente livres aumentando a segurança de quem ali circula de automóvel. Viva a EMEL, essa coisa!

Era preciso vir esta coisa para o meu bairro? Era! Era preciso ter sido criada esta coisa que dá pelo nome de EMEL ao tempo em que foi criada? Não, na minha opinião. Aparentemente contraditórias estas duas respostas tem a sua justificação:

A EMEL nunca foi necessária para regular o trânsito na cidade. Antes da EMEL regular o estacionamento em Lisboa, o estacionamento não era fácil mas arranjava-se. Havia abusos e infracções ao código da estrada, havia, como há hoje. O estacionamento está devidamente enquadrado na lei e em zona proibida é perfeitamente sancionado pelo CE. O que falta então? aplicar a lei, digo eu. Ora aí é que a porca torce o rabo. A autoridade policial está devidamente instruída para fazer olhos de mercador às infracções, ou por falta de meios ou porque dá chatices. O aparecimento da EMEL como justificação para o marasmo das autoridades policiais e militarizadas foi um passo! Ouro sobre azul! Criava-se uma empresa municipalizada sustentada pelo dinheiro dos munícipes. Que mina de ouro. Com um conselho de administração cujos membros são generosamente retribuídos. 

É um facto que à medida que a EMEL se expandia pelos bairros, os bairros limítrofes ainda não intervencionados eram alvo de um assalto de automóveis que procurava furtar-se ao pagamento das taxas proibitivas para o bolso dos cidadãos. Era o que acontecia em Telheiras até agora. Isto é feito paulatinamente ao longo dos anos de bairro para bairro, não havendo praticamente na cidade bairro que não tenha esta coisa. O mais incongruente e dramático de tudo isto é que a criação da odiosa EMEL, provocou um sentimento de necessidade da sua instalação nos bairros que passaram a servir de estacionamento selvagem à medida que avançava de bairro para bairro.


VIVA a EMEL!

João Parcómetro

terça-feira, 15 de janeiro de 2019




FARPAS


Ontem mesmo dei um salto à Gulbenkian para ouvir dois bons actores, José Pedro Gomes e Tiago Rodrigues lerem e encenarem alguns excertos de "As Farpas", com que Eça, nesse explícito porém fantástico folhetim partilhado com Ramalho Ortigão, caricaturou a sociedade portuguesa de então.


Irónico em abono da verdade é que a audiência ria mas a crítica era-lhe dirigida. A pobre não compreendia ou fingia não compreender. Eu chorava de raiva, mas baixinho. A sociedade não mudou, continuamos a ser o mesmo povo mole, dócil e temente, beato.  Nada mudou ao longo dos séculos. Afinal do que gostamos mesmo é de uma boa ditadura.



« Todos os jornais, na época das eleições, têm os seus candidatos predilectos. Os jornais franceses apresentam os nomes deles, à adesão pública, no alto da página, num tipo enorme; os jornais portugueses diluem-nos numa prosa fluída nos seus artigos de fundo.
Nós também temos dois candidatos queridos.
São:

O dr. João das Regras.
O condestável Nuno Álvares Pereira.

São estes dois cavalheiros, - cidadãos! - a expressão gloriosa da sua pátria: um é o seu pensamento jurídico, outro o seu valor heróico. Qual será o cidadão liberal e inteligente que recuse o seu voto a estes dois homens históricos? Valerá mais o sr. José de Morais, ou o Sr. Coelho do Amaral? E depois quem como o dr. João das Regras velaria pelos foros populares? Quem como o condestável saberia manter a independência da pátria? - à urna, cidadãos!
Podem apenas pôr-nos uma objecção,  - pequena por si, mas que talvez influa nos ânimos timoratos - é que o doutor e o condestável morreram há quatro séculos!
Pois bem, nós afirmamos que nada importa isso, porque eles estão em identidade de circunstâncias com a grande parte dos candidatos que se apresentam por esses círculos, de Norte a Sul do país! Sim, todos esses senhores - estão tão mortos como João das Regras, como D. Nuno Álvares Pereira!
Debalde passeiam! debalde falam! Estão mortos, viver para sentir fisicamente é simples - basta que o sangue circule, que o alimento se digira, que os pulmões trabalhem. Mas viver para legislar e pensar, é mais complexo - é necessário que a inteligência, a imaginação, a consciência trabalhem, actuem, estejam em vigor. Ora grande parte dos senhores candidatos, têm aquela porção do seu ser tão morta como o dr. Regras, ou o condestável Pereira.
Com efeito, no sentido de legislar, organizar, dirigir um país - viver é ser do seu tempo, estar no seu momento histórico, estar na corrente de ideias da sua época, ajudar a criação social do seu século, estar na direcção do progresso, e na comunhão das ideias novas. Ser legitimista de 1820, ou cartista de 36, ou cabralista de 45, ou regenerador se 51 - não é viver, é recordar-se. Ora por este lado quem sabe também se os mortos se recordarão?
Por consequência, como a maioria dos candidatos, estão mortos e embalsamados no seu próprio corpo - estão na categoria em que se acham os defuntos srs. Regras e Álvares Pereira.
Propomos pois:
O doutor!
O condestável!

Podem todavia observar-nos que:
Sendo verdade (como é) que os senhores deputados estão mortos no seu espírito - é também verdade que estão vivos no seu corpo - que podem dizer presentes! na chamada - e que nesta condição não está o doutor e o condestável, os quais sendo um punhado hipotético de pó não podem ter a pretensão, verdadeiramente tirânica, de dizerem presentes! - como o sr. Melício, ou o sr. Carlos Bento - que são de carne esses!
Pois bem! Uma vez que é necessário um vulto, um corpo, uma pouca de matéria, para que o srs. secretários os possam tomar como personalidades - propomos:
A estátua de Camões.
A estátua de João de Barros.
Não nos dirão decerto que estes não tenham vulto, medida, forma e peso! À urna pois!
Mas podem fazer-nos sentir:
Que se estes últimos cavalheiros têm a condição corpórea, lhes falta a condição vocal - aquela grande condição de deputado que consiste em dizer:
- Apoiado!
Nesse caso, como nós não temos a pretensão de provar que o bronze e a pedra sejam de uma extrema facilidade de locução, propomos:
Dois papagaios à escolha do sr. marquês d´Ávila!»

"As Farpas"




João Satírico




segunda-feira, 14 de janeiro de 2019



AQ

«Não posso pois apelar para a fraternidade das ideias: conheço que as minhas palavras não devem ser bem aceites por todos. As ideias, porém, não são felizmente o único laço com que se ligam entre si os espíritos do homem. Independentemente delas, senão acima delas, existe para todas as consciências rectas, sinceras, leais, no meio da maior divergência de opiniões, uma fraternidade moral, fundada na mútua tolerância e no mútuo respeito, que une todos os espíritos numa mesma comunhão - o amor e a procura desinteressada da verdade.»

Antero de Quental



Bom dia Sr. Antero, saiba vossemecê, que para mim foi uma surpresa ter dado de caras consigo e ter tido o privilégio de consigo conversar. Mais a mais com um tempo magnífico e sob um  estival sol de inverno nessa magnífica vila de Santa Cruz. 
Sei que o senhor não é deste tempo e por isso sinto falta de gente discernente neste país, gente culta e pensante como o senhor. Não quer dizer que não haja pensadores como o senhor. Há-os, bons também, mas a esses ninguém os ouve porque se os ouvissem, o nosso país era feliz.
Saiba, Sr. Antero, que sou seu fã desde há muito tempo e tenho lido muita obra de que o senhor e outros seus colegas têm publicados, como o Eça, o Garrett, o Fialho ou o historiador Oliveira Martins entre outros. Apesar da distância é curioso sentir, do que transparece das vossas obras, que o nosso país ainda não saiu do século XIX e isso deixa-me triste.
Mas olhe, hoje escutei-o com atenção e bebi das suas ideias. Prometo que vou pensar nelas, com espírito crítico e aberto.

Até um dia destes Sr. Antero, prazer tê-lo conhecido pessoalmente, mas tenho mesmo que acelerar na minha "bike", porque a volta ainda é longa e o almoço espera por mim.
Bom Domingo para si também.

João Sátiro


domingo, 13 de janeiro de 2019




LIXO TÓXICO

O fascismo está ao virar da esquina, a máquina está montada e os seus figurantes já vestem a pele de eleitos democraticamente e governam por esse mundo fora, e sem despudor põem em prática o seu sinistro programa político. Eleitos através do bluff e do populismo, aproveitando o descontentamento dos povos com as políticas de austeridade provocadas pelo capitalismo e a sua ganância, também pela falta de cultura política das populações facilmente arrebanhadas, ele aí está, por toda a Europa a recrudescer. As poucas excepções serão Portugal, Espanha e Grécia. Quanto a nós convém estar atento à comunicação social controlada pela besta. De resto bem nos avisa Eduardo Luciano, como abaixo se transcreve:


« Parece ter começado a corrida entre os canais de televisão para ver quem desce mais baixo na qualidade da desinformação, na promoção da mediocridade e na simplificação do discurso até à mais completa imbecilização do receptor.
Depois é tudo mais fácil de aceitar, incluindo a presença em programas televisivos de defensores de ideais cuja promoção está expressamente proibida na Constituição de 1976, justificada por um inenarrável comunicado onde se defende o confronto de opiniões como se fossem discutíveis questões como a supremacia racial, a supressão de liberdades, a discriminação em função do género ou da orientação sexual.
Como se tudo isto não fosse já suficientemente mau, ainda temos um Presidente da República que ao participar em programas de televisão de gosto duvidoso dá o patrocínio institucional a uma certa forma de comunicar. Provavelmente porque não se esqueceu que foi através da sua construção como figura pop do comentário televisivo, durante anos, que chegou à vitória eleitoral que o levou até Belém.»

Eduardo Luciano - Terras de Abril

"Uma história tradicional chinesa conta-nos que um camponês, numa gélida manhã de Inverno, encontrou uma víbora congelada e que, condoído da sua situação, lhe pegou e a aconchegou junto do seu corpo agasalhado. Mas assim que o calor a descongelou, a víbora ferrou os dentes no seu salvador e matou-o em breves segundos..."

João Atónito

sábado, 12 de janeiro de 2019

Desejo – Víctor Hugo
Desejo primeiro que você ame,
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar.
Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro.
Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.
Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros.
Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós.
Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano.
Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta.
Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem.
Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar.
Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar

Víctor Hugo – biografia
Víctor Hugo nasceu em Besançon, em 26 Fevereiro de 1802. Intelectual, escritor, poeta e dramaturgo , é considerado como o pai 
do Romantismo francês. É também uma personalidade política muito comprometida. 

Víctor Hugo é o terceiro filho de um general do exército de Bonaparte, Joseph-Léopold Sigisbert e de Sophie Trébuchet. Teve uma infância e uma juventude nómada em função da profissão de seu pai. Viveu na Córsega, em Itália, em Espanha e em Paris. Todas as suas vivências ficaram para sempre presentes no seu espírito e na sua escrita. Em 1814 os seus pais separam-se. Sua mãe vai viver para Paris com o jovem Víctor que se inicia  desde logo, nos seus estudos técnicos, rapidamente abandonados para se consagrar à literatura, iniciando a participação activa na vida literária parisiense. Em 1822 casa com Adèle Foucher, seu amor de infância, de cuja relação nascem cinco filhos.

Monarquista, torna-se republicano depois dos acontecimentos de 1830. Torna-se o chefe de fila do movimento romântico em 1841 e é eleito para a Academia francesa. Em 1843 morre a sua filha Léopoldine. Talvez para aplacar a sua dor depois desta perda que o afecta bastante, começa a tomar parte activa na vida política francesa, se bem que, em 1852 tenha sido expulso de França devido à sua hostilidade para com Napoleão III. Permanece no exílio durante mais de vinte anos, durante os quais escreveu "Les Misérables", publicado em 1862 e a parte mais rica da sua obra. De volta a França em 1870 depois da proclamação da República, regressa a Paris onde é recebido em triunfo. É eleito deputado em 1871, e senador em 1876. Morreu em 22 Maio de 1885 devido a problemas  pulmonares. A Terceira República honra-o com grandiosas exéquias funerárias nacionais a que assistem mais de dois milhões de pessoas.


Víctor Hugo teve um papel importante na sua época, como homem de letras e como homem político. Ao nível literário joga um papel central no aparecimento do romantismo e na ruptura com as regras do teatro clássico. Politicamente é considerado um homem aberto. Defende ideias de justiça e de liberdade e lutou pela paz, contra a pena de morte e em favor das mulheres.

É um dos meus autores clássicos preferidos, um grande humanista de grande qualidade literária.

João Bertrand 




sexta-feira, 11 de janeiro de 2019




PORTUGUÊS

É a nossa língua materna, é o nosso porto de abrigo, comunicamos e escrevemos em português é o meio priviligiado de nos relacionarmos em todo o continente, nas ilhas, nas ex: colónias e em todo o planeta onde haja gente que o entenda. Mas também somos um povo que, facilmente, consegue entender-se noutros idiomas, quer aprendendo quer comunicando por gestos ou falando "portunhol".
Por outro lado, na minha maneira de ver, nada impede que possuamos habilitações no linguajar de outras línguas e até é importante que as adquiremos pois a globalização e a facilidade com que nos comunicamos com o exterior hoje em dia, a isso quase obriga. 
Mas daí a que nos queiram impor como língua comum num futuro a longo prazo, no caso o Inglês, tendo como consequência o desaparecimento das várias línguas nativas, acho escandaloso. Por isso, o aprendizado do maior número de línguas oficiais no nosso país, nas escolas, deve ser potenciado para impossibilitar a que a língua portuguesa venha a ser extinta por falta de comunicantes.

Infra, junto uma opinião que alerta para os perigos que as línguas nacionais na UE correm, com esta política de lingua comum.

                                                                              *

Jorge Fonseca de Almeida*, especial para O Lado Oculto
"A minha Pátria é a Língua Portuguesa"
                                          Bernardo Soares

Está em curso na União Europeia uma política alemã não declarada mas em firme e rápida implementação de unificação linguística. Essa unificação passa por 1) adoção de uma língua única no seio das instituições europeias; 2) ensino de uma segunda língua comum.

O inglês já é, de facto, a língua única em várias instituições europeias e o ensino generalizado do inglês está em vias de se fazer (a grande maioria dos países já ensina o inglês a mais de 90% dos alunos do ensino secundário, embora Portugal, com apenas 63%, seja a única exceção).

Assim, num primeiro momento está a ser implantada uma política medieval de uma língua da corte (na altura o latim) para uso entre as instituições e em simultâneo, porque a primeira não é sustentável a prazo, a da forçada aprendizagem do inglês como língua comum, dado que o alemão é demasiado minoritário para poder ser imposto.

Por esse caminho, a prazo o português será classificado como língua de uma minoria étnica e eventualmente a deixar de ser língua de escolarização e de interacção com as instituições públicas, mesmo em Portugal. Recorde-se que o conceito de língua minoritária está, muitas vezes, associado a uma língua falada num pequeno território (Hornsby e Agarin, 2012).

Mas como diz Eric Garland “A pressão da globalização sobre as línguas minoritárias é inegável e muitas irão certamente desaparecer. Contudo, a extinção não é uma inevitabilidade” (Garland, 2006). Na verdade tudo depende de nós.
É, pois, necessário resistir a esta política, mantendo a nossa língua, aumentando as publicações e o seu uso, mesmo em artigos científicos, e diversificar as línguas estrangeiras ensinadas aos nossos jovens e crianças.

Uma forma de resistir é respeitar em Portugal as línguas minoritárias dos portugueses, a começar com a língua cabo-verdiana, que merece o estatuto de língua oficial no nosso país – outras com menos falantes assim são reconhecidas noutros Estados.



• Economista, MBA

João Andarilho



quinta-feira, 10 de janeiro de 2019



DATAÍSMO



Dantesco no mínimo. Aquilo que eu sou como pessoa, os meus sentimentos, o meu pensamento, a minha liberdade, o meu EU, estão seriamente postos em causa com o monstruoso e abusivo aproveitamento que deles é retirado por quem controla o espaço cibernético. Senão vejamos:




O que é o Dataísmo? Segundo o que Yuval Noha Harari argumentou "o Dataísmo representa um desafio existencial para o Humanismo, a ideologia moral dominante da actualidade, que considera que os sentimentos humanos são a fonte de autoridade no mundo: «o humanismo está agora a enfrentar um desafio existencial e a ideia de 'livre arbítrio' está a ser fortemente ameaçada... Quando os sistemas de Big Data me conhecerem melhor do que eu próprio me conheço, os seres humanos perderão poder para os algorítmos.» Harari prevê que a conclusão lógica deste processo é que os seres humanos acabarão por dar aos algorítmos o poder para tomarem as decisões mais importantes das suas vidas, tais como com quem casar e que carreira profissional escolher"


"Todas as estruturas políticas e sociais podem ser vistas como sistemas de processamento de dados: "O Dadaísmo declara que o universo consiste em fluxos de dados e que o valor de qualquer fenómeno ou entidade é determinada pela contribuição que dá para o processamento de dados".

 "Um dadoísta é alguém que confia mais no Big Data e nos algorítmos de computador do que no conhecimento e sabedoria humanos. Podemos interpretar a espécie humana, na sua globalidade, como sendo um sistema de processamento de dados integrado, em que cada ser humano funciona como um chip, uma unidade de processamento do sistema. Toda a história da humanidade pode ser entendida como um processo de melhoria da eficiência desse sistema, pelo aumento do número e da variedade de processadores/chips do sistema (os seres humanos), pelo aumento do número de interligações entre os processadores e pelo aumento da liberdade de comunicação que flui através dessas interligações".


É a subverção completa das relações sociais e laborais, do aproveitamento do que ainda resta da liberdade do Eu em proveito dos poderosos interesses imperialistas e capitalistas, onde o ser humano nada conta como tal mas sim como um algorítmo produtivo, sem direitos e quase sem salário. É a perda total da sua dignidade, a maximização da mais valia produtiva, o lucro. É a ignomínia na sua máxima potência.

O irónico é que o ser humano, ele próprio, se pôs a jeito fazendo-se escravo de si mesmo.

João Byte

quarta-feira, 9 de janeiro de 2019



4 PÉS E 8,5 POLEGADAS

Sinceramente, acho que isto não é inteiramente verdadeiro mas deriva do óbvio. No fundo, o homem na evolução dos seus projectos muitas vezes prefere partir de pressupostos válidos, que estão à vista  e que resultam, por isso menos dispendiosos, do que enveredar por ideias onerosas e de resultados imprevisíveis. De qualquer forma, a forma como é apresentada sequencialmente uma série de conquistas tecnológicas ao longo dos séculos e a sua interligação é deliciosa, ora leiam:

« A distância entre os 2 trilhos dos caminhos de ferro dos Estados Unidos é de 4 pés e 8,5 polegadas.

Pergunta:  porque foi usado este número?
Resposta: porque correspondia à distancia utilizada pelos caminhos de ferro ingleses e, como os caminhos de ferro americanos foram construídos pelos ingleses, esta medida foi usada.

Pergunta: porque é que os ingleses usavam esta medida?
Resposta: porque as empresas Inglesas que construíam os vagões eram as mesmas que construíam as carroças antes dos caminhos de ferro e utilizaram os processos das carroças.

Pergunta: porque era usada a medida (4 pés e 8,5 polegadas) para as carroças?
Resposta: porque a distância entre as rodas das carroças deveria caber nas antigas estradas europeias, pelo que, esta era a medida ideal.

Pergunta: E porque é que esta era a medida adequada às estradas?
Resposta: porque estas estradas foram abertas no tempo do Império Romano aquando das suas conquistas, e estas medidas eram baseadas nos carros romanos puxados por dois cavalos.

Pergunta: E porque é que as medidas dos carros romanos foram definidas assim?
Resposta: porque foram feitas para acomodar 2 traseiros de cavalo!


Consequência:
O Space Shuttle utiliza 2 tanques de combustível (SRB - Solid Rocket Booster) que são fabricados pela Thiokol no Utah. Os engenheiros que projectaram estes tanques queriam fazê-lo mais largos, porém tinham a limitação dos túneis ferroviários por onde eles seriam transportados, que tinham as suas medidas baseadas na distância entre os trilhos da linha, que estava limitada ao tamanho das carroças inglesas que tinham a largura das estradas europeias construídas pelo Império Romano, que tinham a largura do cu de 2 cavalos.

Conclusão:
O exemplo mais avançado da engenharia mundial em design e tecnologia é baseado no tamanho do cu do cavalo romano.»

Esta conclusão é deliciosa!

João Andarilho

  SÃO JOÃO   "23.6 À meia noite de hoje (ontem) acendem-se os fogos. A multidão reúne-se em redor das altas fogueiras. Nesta noite limp...